Pirâmide de Unas
A pirâmide de Unas é oriunda dos fins da V Dinastia, e esta durou dos anos de 2493 até 2344 antes de Cristo. É o período dinástico em que chegou ao ápice o culto ao sol, Rá, e o poder dos sacerdotes na cidade de Iunu Mehet (cujo poder dos sacerdotes do sol era tão imenso que os gregos batizaram a cidade de Heliopólis, isto é, cidade do sol). Nesta época, também, começou a colonização egípcia no Sinai, a leste, e na Núbia, ao sul. Desse período dinástico também surgem os textos chamados de Máximas de Ptahotep e, entre 2374 e 2344 a construção da pirâmide de Unas, o último faraó da dinastia.
Foi na pirâmide deste faraó que foram encontrados os textos religiosos mais antigos da humanidade, dentro da necrópole de Saqqara. Como explica Lucas Ferreira, os hieroglifos reunidos sobre o nome de "Textos das Pirâmides" "são um repertório de orações, feitiços, crenças religiosas e parte da cosmologia antiga registradas em passagens, em câmaras e antecâmaras nas pirâmides do Antigo Reino a fim de ajudar o faraó a garantir a sua vida eterna. Eles são uma coleção de textos, sem ordem aparente, que eram usado durante a cerimônia fúnebre". Estes textos, que com a evolução do pensamento religioso egípcio, passaram a prever a imortalidade também para qualquer outro homem além do faraó, são os que passaram a ser deixados junto com os mortos em forma de papiro, o Livro dos Mortos, constituindo teorias da criação, lendas e textos sobre a ressurreição, ou a identificação dos deuses (do Livro dos Mortos falaremos com mais detalhes mais adiante).
Na parede Sul da pirâmide, então, na entrada 215 consta o seguinte texto:
Sua mensagem corre até seu pai, para Atum.
"Atum, deixa-o elevar-se até você, o recebe em teus braços!
141: Não existe deus, que tenha se tornado uma estrela, sem companhia"
"Posso eu ser sua companhia, ó meu deus?"
"Olhe para mim! Tu tens visto as formas das crianças de seus pais,
quem conhece seus nomes, quem é agora a Estrela Imperecível".
Pode tu vês os dois que não habitam o palácio: São Horus e Seth!
142: Pode tu cuspir na face de Horus e remover sua injúria!
Pode tu devolver os testículos de Seth e acabar com sua mutilação!
Todo aquele que nasceu para ti, é de tua responsabilidade, ó deus!
143: Tu nasceste, Horus, com o nome de Ele-é-aquele-antes-da-terra-se-mover;
Tu foste concebido, Seth, como aquele chamado
Ele-é-aquele-antes-do-céu-se-mover.
Tu és aquele sem mutilação, Horus,
Tu é aquele sem injúria, Seth
Aquele que não tem injúria, aquele que não tem mutilação
Então tu, Unas, não tem injúria, nem mutilação!
O texto de Unas volta ao texto que falamos anteriormente, inclusive por isso falamos dele primeiro, o conto de Hórus e Seth, não obstante as versões que apresentei do conto serem mais recentes que o texto gravado no interior da pirâmide do faraó Unas. Este texto, pintado nas paredes do túmulo e preservado graças ao clima seco do deserto egípcio, se preocupa em reforçar que o faraó não carrega a injúria de Hórus, que a ele nunca "cuspiram no rosto", mas ele reforça que apesar disso, mesmo se ele fosse Hórus, o injuriado, "todo aquele que nasceu para ti, é de tua responsabilidade, ó deus!". Sendo assim, pensando na ideia de salvação, na religião egípcia os atos homoeróticos eram desaconselhados, sobretudo aqueles no qual o indivíduo agia passivamente, porque note-se tanto aqui, quanto na Contenda de Hórus e Seth, não existe nenhuma crítica ao papel ativo, durante o sexo, do deus-serpente.
No entanto, apesar da posição passiva no ato sexual ser uma mancha que recobriria a honra do indivíduo, seria uma mancha que o indivíduo iniciado, isto é, aquele que conhecesse os mitos dos deuses egípcios, poderia apelar ao próprio Hórus e, assim, conseguir sua própria salvação, já que o próprio deus carregaria a mancha e fora limpo diante da Eneada, o Tribunal dos Deuses. Pensando inclusive na ideia de salvação egípcia que envolvia um coração equilibrado, isto é, que não guardava mágoas, mas que também não aceitava tudo que era feito contra ele. No Livro dos Mortos conta-se que o coração do morto era pesado pelos deuses, ele deveria ser do peso exato de uma pena, símbolo de Mâat, a justa medida, nem mais pesado, nem mais leve. Aquele que tivesse o coração com o peso de uma pena seria salvo e viveria ao lado dos deuses, e as relações homoeróticas, apesar de mancharem a reputação de um egípcio, não impediam a salvação de sua alma imortal.
No entanto, apesar da posição passiva no ato sexual ser uma mancha que recobriria a honra do indivíduo, seria uma mancha que o indivíduo iniciado, isto é, aquele que conhecesse os mitos dos deuses egípcios, poderia apelar ao próprio Hórus e, assim, conseguir sua própria salvação, já que o próprio deus carregaria a mancha e fora limpo diante da Eneada, o Tribunal dos Deuses. Pensando inclusive na ideia de salvação egípcia que envolvia um coração equilibrado, isto é, que não guardava mágoas, mas que também não aceitava tudo que era feito contra ele. No Livro dos Mortos conta-se que o coração do morto era pesado pelos deuses, ele deveria ser do peso exato de uma pena, símbolo de Mâat, a justa medida, nem mais pesado, nem mais leve. Aquele que tivesse o coração com o peso de uma pena seria salvo e viveria ao lado dos deuses, e as relações homoeróticas, apesar de mancharem a reputação de um egípcio, não impediam a salvação de sua alma imortal.
começo a crer que, as religiões chamadas pagãs pelos cristãos, contém muito mais sentimentos tidos como cristãos, que os seguidores de cristo e/ou deus.
ResponderExcluiragora eu já sei de onde saiu a sua frase de msn. =)
Gostei de tudo e destaco a citação: "Não existe deus que tenha se tornado uma estrela sem companhia. Posso eu ser tua companhia, ó meu deus?"
ResponderExcluirP.s: Hei, passa lá hoje o blog. Tem uma surpresa. Espero que curta.
Bjaum.
Curti o blog e desfeixo e a total exploração dos pensamentos e palavras!
ResponderExcluirNovo leitor assiduo do blog
Abraço
Eric
http://avidasemascaras.blogspot.com/
Obrigado pelo carinho queridão ... tomo para mim sua citação ressaltada pelo Júnior: "Não existe deus que tenha se tornado uma estrela sem companhia. Posso eu ser tua companhia, ó meu deus?"
ResponderExcluirbjão
Deus Serpente é no mínimo sugestivo... hehe!
ResponderExcluirentão ativo pode?
ResponderExcluirAh, Foxx... tadinhos dos mendigos e suas barbas desleixadas... hehehe!
ResponderExcluir"Não existe deus que tenha se tornado uma estrela sem companhia. Posso eu ser tua companhia, ó meu deus?"
ResponderExcluirTenho a impressãod e que essa companhia seria algo além de querer ser salvo.
http://deblacktie.wordpress.com
pelo visto ninguém se salvaria hehhehe
ResponderExcluirvc faz doutorado nessa área da história?
Adoro aprender coisas, sinto que só assim o dia vale. E hoje comecei bem, te lendo a ficando mais sabida.
ResponderExcluirMuito interessante e rico o assunto.
Um beijo.
Seu texto funciona muito bem como uma boa leitura histórica. E sem parecer historiador chato contando algo, entende? Gostei!
ResponderExcluirbjão!
"Posso eu ser sua companhia, ó meu deus?"
ResponderExcluirA verdade é que todos tems medo da tal solidao.
Beijos,querido.
oPA.. DA UMA PASSADINHA DE VOLTA LÁ NO POST DA CRAUDIA???
ResponderExcluirAh... eu gosto de um terrorzinho trash pra aliviar a tensão... hehe!
ResponderExcluirAssunto extenso e chato. rs
ResponderExcluircoitado dos cardiopatas... nunca viverão ao lado dos deuses... rsrs...
ResponderExcluirgosto de saber sobre estas historias...
beijo!
Amei conhcer seu blog! Posts super interessantes. Estou mega seguindo e voltarei sempre com certeza!
ResponderExcluirConheça meu cantinho!
Bom fim de semana!!
Ah... muita gente gosta de ti por aqui! Bom findi!
ResponderExcluirEntão ativo pode? [2]
ResponderExcluirE passivo vai pro céu, mas vai ficar mal falado??
Então não mudou muita coisa do que eu penso que acontece hoje em dia... hehehe