Google+ Estórias Do Mundo: Promíscuo, Ser ou Não Ser?

Páginas

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Promíscuo, Ser ou Não Ser?

Uma critica comum, sobretudo, aos homossexuais masculinos é a acusação de que todos são promíscuos, o que torna seu comportamento um risco a saúde, a sua própria saúde, e a saúde do corpo social ao espalhar doenças sexualmente transmissíveis dentro do grupo heterossexual também. Essa crítica foi inclusive absorvida pelos homossexuais também que passaram a se questionar, a criticar e a discriminar aqueles que tem um comportamento sexual que foge ao padrão heterossexual, isto é, monogâmico.
Isso é necessário explicar. A monogamia é uma invenção heterossexual, cristã e burguesa. Durante toda a Antiguidade e boa parte da Idade Média, o conceito de monogamia era inexistente no Ocidente; como o é até hoje no mundo islâmico e em boa parte dos países orientais, como Índia, Rússia e Uzbequistão, com excessão de países como o Japão, que têm intríssecas relações com o Ocidente. Nesses países é comum que um homem, dado suas condições financeiras, possa ter sim mais de uma esposa. Notemos aqui, que, mesmo aonde a poligamia é permitida, ela só é permitida para homens (a excessão se faz em algumas tribos africanas onde a poliandria acontece). Durante a Idade Média, para citarmos alguns exemplos, apesar de um rei casar-se normalmente com uma única mulher, era permitido a ele que mantivesse concubinas que poderiam gerar-lhe filhos bastardos, que poderiam ascender ao trono, caso a rainha não lhe concedesse um filho varão. Qualquer homem, na verdade, tinha este privilégio. Contudo, é a partir da Idade Moderna, quando o sacramento do casamento é reafirmando dentro da Igreja Católica, dentro das Reformas visando combater o protestantismo, juntamente com a ascensão burguesa e a necessidade de controle da herança (seja ela a fortuna de um comerciante ou o trono de um país), que a monogamia torna-se importante dentro do mundo ocidental.
A monogamia tornou-se então um tabu até ser desafiada, na década de 1960, pelos hippies. O movimento hippie criou a ideia de amor livre e liberação sexual. Ele ia de encontro aos valores burgueses da classe média como as críticas religiosas ao prazer, uma contestação profunda sobre a ideia de pecado, sobretudo o pecado da carne. Politica e socialmente, ele rompia com a subordinação feminina. Permitia a mulher ser dona do próprio corpo, de garantir a mulher o direito ao prazer sexual, e com a introdução da pílula, permitiu que a mulher pudesse usufruir do prazer sexual sem correr o risco de ficar grávida. Desse movimento, as relações homoeróticas foram libertadas do pecado da sodomia. Para explicar, sodomia são todos os pecados sexuais que não geram filhos, sexo oral com uma mulher, sexo anal com uma mulher, também são consideradas sodomia, contudo, a sodomia perfeita é o sexo anal com um homem com ejaculação. Libertos do pecado, libertos da obrigação social de gerar filhos, os gays, a partir desta década resolveram fazer sexo onde, como e com quem quisessem. Os gays, neste momento, pensavam: "Nós não somos heterossexuais, porque repetir então um valor que só faz sentido dentro da cultura deles?". Era um momento em que ser gay queria dizer, necessariamente, negar todos os valores que a sociedade burguesa, de classe média e heteronormativa os impunha. São atacados com veemência os condeitos de Família, se discute se o padrão pai-mãe-filho-filha é a família perfeita; o padrão de Gênero, o visual andrógino é buscado; e a Monogamia. Naquele momento, fazer sexo com quinze pessoas em uma noite era um ato político. Mas que fique claro, o Amor Livre hippie não advogava simplesmente um número múltiplo de parceiros sexuais ou relacionamentos sexuais a curto prazo, é importante reforçar que ele pretendia que as relações sexuais não fossem reguladas nem pela lei (lembre que ser gay era crime punido com prisão na Inglaterra, por exemplo, até 1970) ou pela Igreja.
Contudo, apesar disso, não podemos negar que todo homossexual - comumente - advém de uma família heterossexual, então é educado para seguir os padrões heteronormativos. A utopia hippie não previra isso. Não previra que conforme as gerações se renovam, são os padrões heterossexuais que se renovam com eles, suplantando as "conquistas" homossexuais. Foi assim, em meio a explosão da AIDS, que os homossexuais passaram novamente a criticar-se, uns aos outros, por causa do que seria, agora, um comportamento de risco. Argumento que foi também utilizado por grupos anti-homossexuais, os quais passaram a afirmar que a AIDS era um castigo divino que visava extinguir aquele comportamento anti-natural. Era, por fim, um argumento homofóbico que passou a ser repetido dentro das fileiras homossexuais, afinal uma teoria católica começava a ganhar força nesse momento. Existe, dentro da Igreja Católica, um grupo que aceita os homossexuais como homens, filhos de Deus, porém homens e mulheres cujo corpo é testado por Deus pelo pecado da luxúria, ao qual eles devem resistir. Surge então a ideia de que o homossexual assexuado, que não tem relações sexuais, que não tem relacionamentos, pode ser aceito entre as fileiras heterossexuais, isto é, surge a ideia de que o homossexual que não aparenta ser gay, isto é, não é efeminado nem promíscuo, tem o direito a sua própria vida.
Além disso, outra questão importante é quando comumente fazemos a diferenciação de que homens gays são promíscuos enquanto mulheres lésbicas são sempre monogâmicas. Quando se conta isso, normalmente, explodem milhares de explicações (pseudo)científicas sobre a necessidade masculina de perpetuar seus genes, e isso explica o comportamento de homens em geral de serem infieis. Vou até retirar os parênteses: pseudo-científicas mesmo. Se essa necessidade humana fosse real, se nossa necessidade sexual fosse um impulso genético, mulheres não fariam sexo com homens magros, com óculos, carecas, baixos, etc., estes genes já teriam sido estirpados há muito tempo do nosso código genético. Como eu explico?
A sociedade heteronormativa é, por essência, machista. E nesta sociedade machista em que gays e lésbicas são educados, aos meninos é ensinado que eles devem ser "machos" e ser macho está necessariamente associado a nunca, em hipótese alguma, disperdiçar uma chance de fazer sexo. Esse comportamento heterossexual é sim introjetado dentro dos homens gays e eles, como aprenderam a se comportar, agem de acordo com a forma que a sociedade, através de seus pais e familiares, os moldaram. Do outro lado, estão as meninas educadas para preservar a sua "honra", sua virgindidade, até o casamento, para o marido, para um único homem. É óbvio que ao tornarem-se mulheres e reconhecerem que são lésbicas, este mesmo padrão machista é repetido por elas em um ciclo que, provavelmente se elas vierem a ter filhos, repetiram com seus próprios filhos.
Não estou aqui, com este texto, para dizer: "sejamos todos promíscuos", não cabe a mim dizer o que cada um deve fazer com sua própria vida, porém me interessa com esse texto, e com essa nova coluna de História que eu tenho escrito aqui no blog demonstrar que conceitos que muitos consideram como naturais e imutáveis são padrões historicamente construídos por grupos sociais e, portanto, podem sim ser desafiados, modificados e, principalmente, que não podem ser impostos como Verdade, ou melhor, como O Correto. Espero com essa coluna dar subsídios para que qualquer um construa suas próprias verdades. 

36 comentários:

  1. Entendo perfeitamente o que você colocou. O que me incomoda, Foxx, é a ideia de que para sermos gays do jeito que é certo ser gay, isto é, cada um à sua própria maneira, precisamos abdicar de todos os conceitos e comportamentos heteronormativos. É como se tivéssemos que ir ao outro extremo.

    Eu não concordo com isso. A monogamia, por exemplo, faz muito sentido pra mim. Porque é uma relação, em geral, de amor, etc. Se você não tem um relacionamento fixo - de COMPROMISSO - com alguém, então acho que a ideia de promiscuidade é incoerente, uma vez que é associada a um status negativo.

    Acho que o legal disso é poder discutir o que faz sentido, não para a parcela gay da população especificamente, para cada um de nós. E, só assim, avaliar o que faz sentido ou não. Do que se consegue abrir mão, ou não.

    beijão

    ResponderExcluir
  2. Adoro suas colunas históricas, Foxx! E o Gui falou bonito! Também fiquei pensando que a utopia hippie falhou até em criar seus próprios filhos - o que poderia ter diminuído essa influência normativa - posto que quando adultos/mais velhos eles se tornaram todos mais conservadores que os que combatiam na juventude. Como Elis cantava... :-)

    ResponderExcluir
  3. Acredito que promiscuidade pode vir de qualquer pessoa, independente de orientação sexual. Mas é uma verdade que quando o assunto é homossexual, nós somos vistos pelos outros como baladeiros sem fins emocionais, e logo, sem nenhuma predisposição a ter um relacionamento fiel. Acho que, o único que se sai bem na promiscuidade é o hétero, que é chamado - simplesmente - de galinha, o que para o mesmo, não vai ser algo negativo. Enquanto mulheres são chamadas de vadias e gays de promiscuos. Particularmente, já tive uma "fase" que eu não queria saber de relacionamento sério (ao menos, era assim que os outros enxergavam), quando na verdade, eu só estava me divertindo, tentando encontrar nesse mundo de perversão, alguém que estivesse ali procurando justamente o contrário, assim como eu.

    ResponderExcluir
  4. Achei que ao ler este post encontraria zilhares de comentários concordando com o escrito. De fato, ainda pode ser que eu veja longos comentários abaixo do meu. Entretanto, preciso compartilhar desse momento e dizer que, discordando de você, eu concordo com o nosso amigo Gui, acima.

    A monogamia, pra sermos bem francos, existe além dos relacionamentos humanos. É característica de algumas outras espécies animais que, reconhecendo o parceiro ideal (escolhido pelo cheiro, cores, danças, etc), assumem uma postura de "colaboração mútua" para a sobrevivência da espécie.

    Um relacionamento fixo que responde à uma conduta padrão monogâmica (acima de fidelidade, com respeito e cooperação) não é em nada mais burguês, cristão ou heterossexual do que Natural.

    A humanidade sempre se inventou e se reinventa a cada dia para poder driblar seus medos, problemas, ou explicar o que é difícil de explicar. Neste aspecto poderíamos discutir sobre Religião, mas voltando ao assunto "ser promíscuo ou não", o que é mais importante - na minha opinião, baseado na minha cultura - é você se auto-avaliar ponderando que todas as suas experiências que somam (de certa forma) à sua personalidade, mudando o que você é. E no final se perguntar se gosta da pessoa da qual está se tornando.

    Um relacionamento monogâmico é tão natural quando qualquer outra teoria que aborde o desejo masculino de sucumbir à promiscuidade. O que nos faz certo ou errado é, e somente, nossa própria concepção disto.

    ADOOORO esses papos nos posts mais polêmicos do Foxx. ^^

    ResponderExcluir
  5. Excelente texto... É legal mostrar também como a monogamia é sustentada pelo "mito do amor romântico" construído sobretudo a partir do século XVIII. Você conhece o livro do Jurandir Freyre Costa sobre o assunto? É excelente.

    Bj

    ResponderExcluir
  6. Foxx... Carak, FOXX... PERFEITO!
    Sabe o que é ter ideias na cabeça e não ter como coloca-las pra fora por simples falta de argumentos plausíveis?? Era assim que eu me sentia... Vc disse tudo bem explicadinho, do jeito que eu sempre imaginei. Não existe uma maneira perfeita de ser, cada um é cada um. Não temos obrigação de seguir nenhum padrão, apnas escolhemos o que está a nossa disposição. Eu, particurlamente, acho que o conceito de monogamia está se confundindo na minha cabeça. É como se eu fosse monogamico no aspecto sentimental, e poligamico no aspecto sexual. Não consigo ver nada de errado numa conduta poligamica, pra mim é só elevar o sexo a mais uma expressão de afeto, não apenas o ápice do amor, e blablabla...

    Gostei muito do texto, de verdade!!!

    Um beijo... Até o próximo

    ResponderExcluir
  7. Mais uma ótima aula de história professor. Porém, sinto-me um tabu no meio dela, sabe.

    ResponderExcluir
  8. Boa tarde! Um dia vc me disse no msn que era um gay clichê, no entanto, este seu post é um exemplo incontestável que vc está muito acima da média! Achei o texto fabuloso, me fez lembrar do alemão bigodudo e sua Genealogia da Moral, que, como o seu texto, discute o valor dos valores ancorando-se na História, na Antropologia e na Filologia. Também lembrei do filme Garota Interrompida, aquele no qual Winona Rider se indaga sobre o que é ser uma mulher promíscua! Agora pra fomentar o debate, eu discordo que uma relação monogâmica gay seja natural tanto quanto uma relação hétero, até porque do ponto de vista da evolução e conservação das espécies (pelo menos aquela que figura na teoria darwinista) ser gay não é natural ou é ao menos um empecilho para a espécie. Penso que quando nos desvencilharmos de amarras virtuais, construídas historicamente e linguisticamente, estaremos mais confortáveis com nossa própria existência e, por extensão, viveremos em uma sociedade menos patológica! Abraços!

    ResponderExcluir
  9. Mandou muito bem
    Engraçado que, ontem, uma pessoa próxima veio comentar comigo, puta da vida, que dois amigos meus eram promíscuos porque estavam abraçados e fazendo carinho no meu quarto com ela junto (não se beijaram nem nada!) e falaram "Bruno, vem pra cá que tem espaço pra mais um" ai eu não fui e fiz uma palhaçada.
    Ela veio me falar que esses meus amigos "são muito promíscuos".... agora, pensa comigo: quem é promíscuo? Meus amigos abraçados que fizeram uma brincadeira ou ela, que é casada e já tá no segundo amante de meses que a pediu em casamento?

    tempo no relógio....

    ResponderExcluir
  10. Concordo com o Adriano. Vejo a monogamia como algo natural.

    Talvez seja mesmo a minha criação que me faz pensar desse jeito. Acredito que o sentimento afetivo verdadeiro somente pode ser vivido em um relacionamento monogâmico. Aliás, mais que monogâmico, num relacionamento honesto e respeitoso.

    Poligamia e promiscuidade são coisas bem distintas, para mim. Vejo que na primeira, há certo compromisso e há algo profundo entre os nubentes. Já na promiscuidade, enxergo algo superficial, hedonista, algo totalmente desatrelado da moralidade.

    Não quero aqui discorrer sobre a moralidade, que é uma coisa totalmente subjetiva. O que é moral para mim pode ser imoral (ou amoral) para outro. E vice-versa.

    Particularmente, não me agrada muito a ideia de ser promíscuo, nem poligâmico. No entanto, ninguém tem o condão de tecer julgamentos. Cada um sabe o que é melhor para si. E tudo isso depende da forma de criação de cada um, bem como da cultura na qual o indivíduo está inserido.

    Como sempre, mais um ótimo texto para reflexão, Foxx.

    ResponderExcluir
  11. Texto genial Fox. Confesso que quase não li seu texto por ser grande e estar curtindo muito minha fase de bicha burra, hehe

    Mas o que mais me impressionou foram os posts. É impressão minha ou essa onda conservadora que tem se abatido por sobre o país também tem uma grande representatividade no meio gay?

    Não to necessariamente criticando quem quer para si algo monogâmico entre dois homens nada efeminados. Monogamia é legal, mas poligamia também é, e ambos, hoje em dia, enquanto atitudes políticas são excelentes. Temos que exigir e exercer nosso direito de transar com 15 numa noite, assim como nosso direito a constituir família, no fim, o que todos querem é a mesma coisa: dignidade e respeito.

    Bjunda

    P.S.: Se fosse adaptar o título pra minha vida, seria "Promísco, ser e não ser" hehe

    ResponderExcluir
  12. Acho que a promiscuidade gay é cultural. E que também é uma construção histórica que pode ser modificada. Considero a monogamia gay é um avanço, e não um retrocesso! Não acho que isso seja imitar padrões "heteronormativos" (odeio esta palavra), vivemos no mesmo mundo e não vejo motivos para que os gays tenham de seguir um comportamento oposto ao hétero, como bem disse o Gui.

    Fidelidade, pelo menos para mim, não é um sacrifício, não é uma tortura, não é um esforço diário contra as tentações...rs.... É meu jeito de ser, e acho que seria assim mesmo se fosse hétero.

    O que não gosto, indo um pouco na linha do Gui, é desta coisa de "os gays". Acho que isso não existe, o que há são indivíduos com suas particularidades. Você e eu, por exemplo, somos gays, mas caras totalmente opostos em alguns pontos. Já pensou se fossem definir como um gay é a partir de um de nós?

    Um forte abraço!

    ResponderExcluir
  13. Concordo com o Gui quando ele diz que poligamia ou monogamia deve ser mais uma escolha pessoal que uma definição de(o) grupo.

    E pode ter certeza que ser gay não é antinatural como o Wagner falou, segundo a visão científica. Um dos fatores mais importantes para o sucesso evolutivo dos primeiros hominídeos foi o cuidado parental. E os homossexuais, apesar de em teoria não gerar descendentes, acabam contribuindo na criação de sobrinhos, irmãos e outros parentes próximos. Assim, contribuem para o sucesso de parte dos seus genes.

    Fora isso, a monogamia também tem uma raiz evolutiva, pois ela diminui a competitividade pela fêmea num grupo.

    Abração!

    ResponderExcluir
  14. Promiscuidade é sempre promiscuidade independente de ser hétero ou homo acho q o que vale é ter consciência do q vc faz com seu corpo,pq seu corpo é a sua "vitrine".
    Acredito e apoio o sexo livre ou promiscuidade como queiram chamar, mas desde q não te faça se sentir mal depois com perguntas do tipo "pq fiz isso de novo?"!
    Abraço e ótimo texto!

    ResponderExcluir
  15. Independente de orientação sexual, ser promíscuo é sempre ser promíscuo. E eu, independente de heteros, gays, lésbicas... Não curto e nem aprovo.

    ResponderExcluir
  16. concordo integralmente com o texo (excelente por sinal, parabéns!) mas, assim como essa base serve para contestar o modelo vigente, também creio que exista muito da questão individual.

    pode rebater que esse individualismo também tem raiz nos mesmo moldes sociais que voce expôs mas, as relações gays e herteros padecem dos mesmos males pois as pessoas são complexas e complicadas e cada um de nós acaba por achar a formula que melhor se adequa à vida a dois.

    não acho que essa questão de promiscuidade vai se alterar sejam as familias gays ou hetero ainda que seja extremamente cedo para saber como serão os frutos de familias gays pois os filhos tendem sempre a repetir os pais.

    acho que isso é uma questão mais animal do que emocional social ou mesmo cultural

    ResponderExcluir
  17. odeio dividir gays e heteros. acho essa idéia de que devemos ser diferentes, com culturas diferentes e tudo o ais chata e ranzinza.

    sou a favor da monogamia porque acredito que um dia acabarei achando alguem q eu ame e com queira passar o resto da minha vida. a ideia parece simples, mas é simples mesmo.

    sei lá, isso de poligamia, entendo que talvez seja diferente de promiscuidade. sei lá se é mesmo, mas é algo q tá longe do q eu idealizo. talvez a culpa seja da minha educação heteronormativa. mas quem disse q td q é heteronormativo (aliás, adorei essa palavra) seja ruim.

    minha mãe é heterossexual e tem um monte de coisas nela q eu admiro, dentre elas, a fé no amor.

    ok, fui meloso.

    ResponderExcluir
  18. O homem é mais promíscuo que a mulher, independente de ser gay ou não...

    ResponderExcluir
  19. (primeira vez que leio todos os comentários antes de comentar)

    Em meio a uma discussão importante sobre promiscuidade, você levantou um tópico bem interessante: Machismo.

    Aos homens é garantido maiores direitos, liberdade e até rótulos que para mulheres soariam pior do que para nós.

    Acho que essa é uma questão até mais importante do que a promiscuidade. Porque eu sei que esse problema afeta tanto aos héteros quanto aos gays.

    Bjs

    ResponderExcluir
  20. Belo texto, só me incomoda nos comentários a palvra "natural" aparecer bastante e o fato de sempre estar presente quando se discute sexualidade(principalmente a homossexualidade).É sempre tido como natural algo que segue a norma da maioria,mas que eu saiba a natureza sempre teve exceções e minorias, então não seriam elas naturais?E mesmo que se chegue a um conceito de natural, que exclua várias formas de sexualidade e relacionamento, de que importaria se a humanidade se desenvolveu modificando a natureza e criando a sua própria?

    ResponderExcluir
  21. "Se essa necessidade humana fosse real, se nossa necessidade sexual fosse um impulso genético, mulheres não fariam sexo com homens magros, com óculos, carecas, baixos, etc., estes genes já teriam sido estirpados há muito tempo do nosso código genético. Como eu explico?"

    Impulso genético foi um termo muito, muito estranho e ambíguo. Mas creio que aqui você não esteja querendo dizer que seja um impulso gerado pelos genes, mas que existe algum impulso no ser humano que seleciona seus parceiros por meio de caracteres que soam mais vantajosos para sua prole naquele ambiente e naquele momento.

    Bom, essa é fácil. Primeiro, que algumas características são carreadas e transmitidas muitas vezes por meio de recessividade, em indivíduos que não aparentam possuí-las. Segundo, o ser humano já está isento da seleção natural há muito tempo. Seleção natural existe quando existe alguma pressão do ambiente em cima dos indivíduos, e o que nós temos circulando hoje em dia é uma seleção antropológica. Se fôssemos pensar em seleção natural a essa altura do campeonato, não existiriam cadeirantes, nem pessoas com síndromes genéticas, cegas, surdas, nem nada disso circulando entre nós. Terceiro, é que a prioridade é sempre a reprodução: na falta de um parceiro lindo, maravilhoso, estupendo e tudo de bom, vai o cacareco mesmo.

    Agora, vale lembrar que a monogamia não é exclusividade humana. Existem diversas espécies de pássaros, répteis e mamíferos que seguem este modelo reprodutivo de um só parceiro. Culturalmente sim, existe uma influência inegável. Mas não dá pra simplesmente jogar no lixo o fator evolutivo dessa coisa toda. Não trate como naturalidade, pois o homem já possui a capacidade de ser anti-natural quando bem entender (thanks, cortéx pré-frontarl). Mas se a monogamia foi uma característica derivada que se propagou e permaneceu em diversos organismos, é porque alguma vantagem adaptativa para o ambiente em que vivem deve trazer.

    ResponderExcluir
  22. O grande problema são os efeitos da promiscuidade. E nem tô falando apenas de saúde, o perigo seria para o psicológico mesmo. Solidão aguda.

    ResponderExcluir
  23. Não creio muito nessa de que homem precisa mais de sexo do que a mulher por causa da sua natureza masculina e que isso justifica a promiscuidade.

    Mas é aquele velho problema, não haveria definição para a poligamia se não houvesse a da monogamia para se contrator. Uma não existe sem a outra. E acho que ambas são instituição social sim... é cultura, não é genético.

    ResponderExcluir
  24. Muito bom, o texto e os comentários, dos quais destaco o primeiro (Gui).

    Manda bem quando diz que cada um deve ter a sua própria verdade. O que é bom pra mim, hoje, pode não ser pra você, hoje, e vice-versa.

    Se o que a pessoa faz está contribuindo, no momento, para torná-la, a seu modo, melhor e mais feliz, sem tornar ninguém à sua volta infeliz, que mal há?

    Seria bom se pudéssemos abandonar essa mania de ter que seguir um padrão ditado pelo grupo, pelos próximos, seja num rumo ou noutro. Cada um tem seu caminho, sua verdade, sua busca pela própria felicidade.

    Assim como as pessoas mudam, a verdade de cada um também muda. O que já foi bom e prazeroso pra mim no passado pode não ser mais agora. Mas como eu saberia se não tivesse passado pela experiência? Sim, nem todo mundo precisa passar pelas próprias experiências e erros para aprender... mas isso já vai um pouco além do que estamos discutindo hoje.

    Cada um na sua, com respeito a todos, essa sim seria uma verdadeira e grande revolução comportamental.

    ResponderExcluir
  25. Excelente texto fox! Tambem concordo com você sobre a monogamia ser mera convenção social. Olha só na própria bíblia Deus cria Adão e Eva, ou seja, apenas um homem e uma mulher e do mesmo modo os animais do jardim do Édem são em pares. No entanto, varios personagens bíblicos demonstram exemplos de poligamia, entre eles, Rei Salomão, Abraão, Jacó e Davi. Este ultimo ainda parecia ter uma relação homoafetiva com seu grande amigo Jonatas.
    Esse fato de homens são mais promiscuos que mulheres eu acho que é cultural tambem. As mulheres hoje em dia falam muito mais de sexo, acho que elas são mais discretas apenas.
    Rpz eu particularmente me considero monogamico, eu não penso em ser poligamico. Acho que isso não tem nada haver com o fato de ser taxado como promiscuo, é algo inerente a mim, nunca desejei sexo com vários parceiros.

    Abraços e aguardo o proximo tópico histórico!

    ResponderExcluir
  26. Mais uma aula do mestre ... mais q perfeita a sua contextualização ... é lamentável como pessoas acadêmicas e de mente relativamente abertas ainda tenham dificuldade para se aperceberem destas manipulação de valores e dogmas, cujo único objetivo é a manutenção de alguma forma de poder em detrimento da liberdade individual ...

    Neste contexto sou e me orgulho de ser um "promíscuo"!

    Bjão ao Fox

    ;-)

    ResponderExcluir
  27. Olha Foxx,

    Reduzir a monogamia a uma invenção heterossexual, cristã e burguesa é algo simplista demais.
    Não acredito que monogamia seja obrigação social, se fossem os animais não a realizariam.

    Acredito que é quase uma avessa ao preconceito da liberação da relação poligâmica.

    As duas existem na sociedade, cada qual possui seu espaço, o mais grave dessa história toda não é a questão 'promiscua' da coisa, mas quando uma pessoa não abre mão da relação monogâmica e passa a trair o parceiro com outros.

    E ai, não falamos de promiscuidade, falamos de ética, de caráter, de personalidade.

    Penso que é isso que fará diferença nas nossas relações sociais de fato.

    Ótimo texto.

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Não entendo os cara gays. Naturais? E desde quando a sociedade nos observa como normais? Que saco esses caras gays que vivem entranhados na cultura heterossexual, que nem se quer aceita a nossa condição. Deixem os gays em paz seus gays!

      Excluir
  28. Foxx,

    Perfeito seu post ... Concordo com cada palavra. Sua explicação com um perspectiva histórica nos dá os subsídios para livremente abraçar a monogamia ou qualquer outra forma ... Pra mim Ser gay é ser livre para viver sem amarras ou padrões, ou para depois de refletir adotar os que mais o convenham ... Com Meu delírio cômico totalmente Pseudo Cientifico quero questionar qualquer prescrição de comportamento pró ou contra monogamia ...

    ResponderExcluir
  29. "Tem que se incentivar a cultura da promiscuidade... porque não há nada mais democrático que o prazer."

    ResponderExcluir
  30. Ai... pessoal, sério?

    O Foxx em momento algum atacou a monogamia, muito pelo contrário. Ele simplesmente está mostrando como certos comportamentos são oriundos da estrutura cultural onde os indivíduos são gerados, e do contexto histórico envolvido.

    Me desculpem, mas concordar ou discordar aqui é de pouca ou nenhuma importância, no que se refere a este texto. O argumento é perfeitamente construído dentro de uma série parâmetros formais, e, se fossem adicionadas as referências apropriadas, seria publicável.

    E outra coisa, que digo como Biólogo: parem de usar esses argumentos de "os animais fazem" pra justificar qualquer coisa. Isso não faz O MENOR sentido. A manogamia humana tem raízes completamente subjetivas e não-biológicas, totalmente culturais.

    Vou citar o próprio Foxx, no fim do texto pra reforçar o meu ponto: "(...)demonstrar que conceitos que muitos consideram como naturais e imutáveis são padrões historicamente construídos por grupos sociais e, portanto, podem sim ser desafiados, modificados e, principalmente, que não podem ser impostos como Verdade, ou melhor, como O Correto. Espero com essa coluna dar subsídios para que qualquer um construa suas próprias verdades."

    Eu me pergunto o que move alguns dos comentários. Medo de um paradigma flexível? Medo de que as regras sacrosantas de cada um sejam ameaçadas.

    Penso que ter algo sacrosanto já é um problema grave, mas esta é só minha opinião.

    Este é um texto para ampliar perspectivas e percepção histórica e cultural da homossexualidade e da estruturas sociais envolvidas.

    Abram as cabeças e parem de se apoiar em pseudo-ciência que beira a superstição!

    ResponderExcluir
  31. sou contra o homossexualismo. um dia vao se arrepender

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. também sou contra o Homossexualismo, Anônimo, acho que um dia as pessoas finalmente entenderão que a palavra certa é Homossexualidade.

      Excluir
  32. O problema é que alguns homo tentam colocar isso para os heteros, é um porre cara... cada um na sua por favor. Se acha que essa atitude, comportamento é bacana, seja feliz você!

    ResponderExcluir

" Gosto de ouvir. Aprendi muita coisa por ouvir cuidadosamente."

Ernest Hemmingway