Bar d'Aloca, noite, garoando pela primeira vez que estou em São Paulo. Um vento frio nos cobre, e cervejas estão nas mesas.
Sebek está comigo.
- Por isso você reclama que é difícil encontrar um namorado, menino. Comento.
Sebek me olha curioso, interrompendo a respiração naquele momento.
- Claro, você acha que é fácil alguém manter essa conversação que estamos tendo aqui?!
- Como assim?
- Estávamos até agora discutindo a história da Polônia. Dinastias polonesas e russas. A vida de Maria I em Portugal. Também os contos de Caio Fernando Abreu. Acha que é fácil encontrar alguém que possa conversar com você sobre isso?
- Bem...
- Acho melhor você se contentar com os burrinhos, amigo, com os burrinhos.
* * * * *
Bar d'Aloca também.
Gus chegou lá um pouco atrasado. Lindamente vestido. De terno, saído do estágio em que trabalha.
- Ah, vou largar o curso de direito. Não combina comigo.
- Ah, amigo, mas você 'tá tão bonito nessa roupa. U-A-U! P'ra mim combina...
E rimos todos juntos. Conversamos um pouco e, logo, eu e o Sebek reconhecemos que ele era bem diferente do que aparentava no blog. O menino baladeiro do blog se mostrou um fofo romântico.
- É! Muita gente faz uma idéia errada da gente pelo que escrevemos no blog. Formam uma imagem. Nós nos tornamos uma personagem.
- Como o Heitor do meu blog. Comento.
- Ah, eu adoro o Heitor. Que homem é aquele?! Sou fã!
E rimos todos juntos.
* * * * *
Manhã de sexta-feira quando o meu celular toca no hotel.
BinhoSampa brilha no visor. Eu atendo e ele me avisa que está indo buscar-me.
- Preciso comprar algumas coisas, vamos comigo?
Eu concordo! E chegando ao
hall, sorrindo, ele avisa o destino.
- Conhece a 25 de Março?
Diante de minha negativa.
- Tem que conhecer! - e ri - Depois, almoçamos no Mercado Municipal. Combinado?
Novamente, concordo. E partimos, e após algumas horas de trânsito, chegamos e ele animado me explica o funcionamento da rua.
- Quando a polícia chega eles reúnem tudo e correm.
E, pouco tempo depois, uma briga estoura em meio aos camelôs fazendo com que as pessoas corram para o lado oposto, enquanto policiais correm em direção ao conflito. A confusão é genralizada. Pessoas se escondem dentro de lojas que fecham suas portas temendo assaltos ou balas perdidas.
- É acho que deu, né?
* * * * *
Noite de sexta. Encontramos, eu e o Binho, o
Marcos na Av. Paulista. Binho sugere um bar, o Volt, onde a decoração com luzes neon iluminaram nossa conversa a três, enquanto eu trocava mensagens com o
Louis e o
LicoSP.
- Pois hoje estávamos, eu e o Foxx, conversando sobre a situação política do Brasil. - dizia o Binho - Eu afirmava que o último marco histórico de nossa história recente foi a eleição de Collor.
- O que eu concordo plenamente - reforço -, Collor foi uma bela lição aos brasileiros que esperavam eleger um príncipe e recomeçar uma monarquia e aprenderam, a duras penas, que o sistema republicano é diferente.
- Realmente - fala o Marcos - é realmente um marco. Ele abriu a economia do país.
- Sim, muita gente saiu mal do processo... começa a falar o Binho.
- É, ele abriu a economia brasileira muito rápido para o mercado estrangeiro. Interrompe Marcos.
- Pois é! - continua Binho - Mas sem a abertura que ele proporcionou à economia brasileira nós estaríamos muitos anos atrasados. Collor abriu as portas do Brasil à globalização.
- E em momento algum eu discordei disso, Binho? Comento.
- Mas bem que você é muito mais a favor do Lula.
- Eu sou de esquerda, ora. Reafirmo.
- E existe esquerda no Brasil hoje, Foxx? Pergunta o Marcos.
- Acredito que sim.
- Bem, eu acho - interrompe o Binho - que não.
- É - concorda o Marcos - temos uma esquerda que quando está no poder se comporta como direita.
- Bem, eu acho que vocês esperam uma esquerda necessariamente ligada o comunismo/socialismo. Para mim a esquerda é muito mais próxima à esquerda da Revolução Francesa.
* * * * *
Ainda sexta, estou no Sonique quando meu celular toca. Afasto-me da mesa para atender o telefone.
- Oi!
- Foxx?
- É! Sou eu!
- Olha para trás!
Eu me viro, e encontro o
LicoSP. Um abraço e sentamos. Uma mesa de canto. Ele me apresenta o namorado. Estamos todos encantados pela Sonique.
- Eu queria conhecer, você me deu a desculpa perfeita. Fala o Lico.
Pedimos bebidas.
- Pior é que não posso beber. Eu moro um tanto longe e sempre tem policiais no caminho, não posso levar outra multa senão perco a carta.
- É! Isso é mal! E rimos.