Flash-back. 20 de janeiro de 2008. Fade-in começando naquele céu claro de verão. Minha mãe chorava no banco dianteiro do vectra, enquanto meu pai dirigia. Mas sob as lágrimas dela, enquanto eu deixava Natal, eu sorria. Close no sorriso. Eu sorria para o meu futuro, para os meus sonhos se realizando e sorria, principalmente, para o passado que ficava para trás, junto com os pesadelos que me cercavam, a cada curva daquela rodovia. Panorâmica na BR-101, e o vectra verde musgo passando em direção ao aeroporto. Em Natal, eles me seguiam para onde eu fosse. Cada erro, cada decepção, cada frustração nublava meu dia, deixando-me nas trevas apesar de viver na cidade do sol. Plano médio no interior do carro, mostrando-me e a estrada atrás se afastando. Mas, agora, eu pensava, eu me veria livre deles, porque em Belo Horizonte, por ser outro lugar, com outras pessoas, em outras situações, tudo seria diferente, tudo seria necessariamente diferente. Fade-out.
Fade-in no meu quarto em Natal, o branco das paredes e do piso sendo suavizados. 20 de janeiro de 2009. Presente. Eu me preparo novamente para deixar Natal. Close na mala sendo arrumada. A idéia que antes me fazia sorrir, agora me dá náuseas. Meu estômago da voltas só em pensar que deixarei essa cidade tão perto do mar e subirei as montanhas das Minas Gerais. Não sou bandeirante. Close nos livros sobre a mesa, a Ilíada em dois volumes, Maísa - meu mundo caiu e O Livro de Ouro do Yoga. Eu achava que encontraria em Belo Horizonte aquilo que me faltava, que lá me sentiria finalmente completo. Close no visor do MP4: Maísa.
Tolo! BH afastou de mim tudo aquilo que eu já tinha. Close nos meus olhos, úmidos. E antes eu achava que só faltava uma coisa em minha vida, um amor, mas retornei de lá me sentindo completamente vazio, apenas meu lado profissional permanecia de pé. Belo Horizonte como um paciente escultor de afiado cinzel demoliu cada parte de mim.
Plano aberto, mostrando todo o quarto, eu catando roupas espalhadas. Foi tentando juntar os pedaços de mim que pisei novamente em Natal, tentei e assim o fiz. O celular toca na mesa, Guga diz no visor. Meus amigos demonstraram que não importava quanto tempo eu estava fora, "sempre parece que foi ontem que te vi a última vez, é como se o tempo não passasse". Meu pai chega na porta e me observa. Minha família finalmente aprendeu que o sangue não garante união, que amor não existe se não é cultivado. Agora eu tenho uma família também.
Mas o que fui buscar em Belo Horizonte? Close em meu rosto ficando vermelho de vergonha. Sim, eu fui lá buscar um amor e aproveitei uma oportunidade profissional para isso, afinal tudo mais eu já tinha. Bem, o que eu fui buscar em Belo Horizonte eu não encontrei. Por que fui tão distante procurar? Porque em Natal eu também não conseguia encontrar e o mesmo se deu na capital mineira. Desta vez, no entanto, arrumo minhas malas de forma diferente. Close numa única lágrima descendo pelo meu queixo, entre os pêlos da barba por fazer. Amigos e família estão protegidos. Eu também agora estou. Não espero mais que alguém possa se apaixonar por mim. Este sonho eu não consegui recuperar, mesmo quase chorando quando lembro que ele morreu. Pretendo agora me concentrar no único ponto realmente importante: tornar-me doutor. Afinal, o maior intelectual gay de todos os tempos, Oscar Wilde, morreu solteiro, cercado pela família, amigos e algumas taças de vinho. Falta-me só o vinho.
Fade-in no meu quarto em Natal, o branco das paredes e do piso sendo suavizados. 20 de janeiro de 2009. Presente. Eu me preparo novamente para deixar Natal. Close na mala sendo arrumada. A idéia que antes me fazia sorrir, agora me dá náuseas. Meu estômago da voltas só em pensar que deixarei essa cidade tão perto do mar e subirei as montanhas das Minas Gerais. Não sou bandeirante. Close nos livros sobre a mesa, a Ilíada em dois volumes, Maísa - meu mundo caiu e O Livro de Ouro do Yoga. Eu achava que encontraria em Belo Horizonte aquilo que me faltava, que lá me sentiria finalmente completo. Close no visor do MP4: Maísa.
Tolo! BH afastou de mim tudo aquilo que eu já tinha. Close nos meus olhos, úmidos. E antes eu achava que só faltava uma coisa em minha vida, um amor, mas retornei de lá me sentindo completamente vazio, apenas meu lado profissional permanecia de pé. Belo Horizonte como um paciente escultor de afiado cinzel demoliu cada parte de mim.
Plano aberto, mostrando todo o quarto, eu catando roupas espalhadas. Foi tentando juntar os pedaços de mim que pisei novamente em Natal, tentei e assim o fiz. O celular toca na mesa, Guga diz no visor. Meus amigos demonstraram que não importava quanto tempo eu estava fora, "sempre parece que foi ontem que te vi a última vez, é como se o tempo não passasse". Meu pai chega na porta e me observa. Minha família finalmente aprendeu que o sangue não garante união, que amor não existe se não é cultivado. Agora eu tenho uma família também.
Mas o que fui buscar em Belo Horizonte? Close em meu rosto ficando vermelho de vergonha. Sim, eu fui lá buscar um amor e aproveitei uma oportunidade profissional para isso, afinal tudo mais eu já tinha. Bem, o que eu fui buscar em Belo Horizonte eu não encontrei. Por que fui tão distante procurar? Porque em Natal eu também não conseguia encontrar e o mesmo se deu na capital mineira. Desta vez, no entanto, arrumo minhas malas de forma diferente. Close numa única lágrima descendo pelo meu queixo, entre os pêlos da barba por fazer. Amigos e família estão protegidos. Eu também agora estou. Não espero mais que alguém possa se apaixonar por mim. Este sonho eu não consegui recuperar, mesmo quase chorando quando lembro que ele morreu. Pretendo agora me concentrar no único ponto realmente importante: tornar-me doutor. Afinal, o maior intelectual gay de todos os tempos, Oscar Wilde, morreu solteiro, cercado pela família, amigos e algumas taças de vinho. Falta-me só o vinho.
Ô amigo, não diga essas coisas...
ResponderExcluirTambém tenho esperança de encontrar alguém. Já cheguei a pensar se caso eu morasse em outro lugar as coisas seriam diferente... Com certeza não...
Acho que o meu problema (não sei se é o seu...) é que tento preencher um vazio interior que se humano nenhum vai conseguir completar...
Mas existem tantas formas de ser feliz
Ô, meu querido, sem choros! Sabe que uma hora vai aparecer...
ResponderExcluirPrecisa é levantar esse ânimo e enxugar essas lágrimas! Um olhar triste pode muito bem espantar um futuro amor...
Tenha fé que você vai encontrar! ;-)
vc sabe exatamnete o q eu acho
ResponderExcluirq sua vida ainda tah começando
xx
sobre esse post creio q nao tenho nada a acrescentar...
ResponderExcluirlembro de nossas conversas no periodo justamente q vc estava tão feliz por sair de natal
nossa, ja faz um tempo q nos conhecemos heim fox?
enfim, não tenho muito o q falar, apenas uma frase de nick mcdonnel em seu livro, Doze, perto do fim, "acho paris muito melhor do que nova york. a energia é diferente, acho, ou talez seja apenas porque paris não é a minha casa"
abraços querido
1 - Adorei os planos cinematográficos utilizados pra narrar a história.
ResponderExcluir2 - Parece que desde que nascemos, dizem que somos como laranjas divididas ao meio e só podemos ser felizes se encontrarmos a outra metade. Isso é uma completa.... Sei la, nem tenho palavras. Acontece que a felicidade está em você e não dentro de outra pessoa. Se não se sentir bem consigo mesmo, outra pessoa não o fará. E as vezes quando não estamos procurando uma coisa é que ela resolve aparecer. Experiência própria.
Sua vida só depende de você de mais ninguém.
"Mesmo que a noite seja da mais escura, tenha certeza de que o sol vai sair." (by Dulce María)
Não importa o que deixamos para trás, estamos sempre acorrentados a nós mesmos; um dia, talvez, aprendamos a usar tais laços como cordas para atingir nossos sonhos.
ResponderExcluirMas até lá, eles ainda serão correntes, e nós ainda carregaremos seu peso conosco.
***
Com o que então, não gosta das montanhas de Minas?
Agora foi você que perdeu pontos comigo...
=/
Será que existe esse amor?!?!?!
ResponderExcluirai, que texto lindo... triste e lindo... quanta emoção posta nele...
ResponderExcluirEu to apostando as minhas fichas de que tudo vai sair maravilhosamente bem em BH! Vc vai ver...
Abração e muita sorte
Foxx, meu querido primeiro respondendo seu comentário lá no blog a maioria dos que me add pegam contato no blog, acham que ter um blog é estar afim de putaria...
ResponderExcluirQuanto a este seu momento frustrante, o que conta na vida, e foi assim que aprendi com minha mãe é o de correr atrás, se der errado em alguma parte, ou algo sair do plano, aproveite, curta, dance e sorria sempre, por mais dificil que seja o obstáculo ele ainda que por si só não é intransponível... e melhor ainda se quem o tiver enfrentando for guerreiro e persistente... olhar para trás e ver as coisas boa que construiram o ser que és hoje, agora o que tens a fazer é aproveitar o que construiu...
Incrível como ando sentindo a mesma coisa... começa a surgir a nostalgia de antes, porque a mudança drástica de local não trouxe outras mudanças que eu julgava vir no pacote...
ResponderExcluirmas acho que a mudança de local trouxe outra coisa para mim como trouxe para você: mais união familiar... nunca me senti tão conectado com meus pais enquanto morava com eles... precisei sair de casa para perceber que eles, mais do que humanos, são parte de mim.
Raposinho do meu coração, que vontade de te pegar no colo e te ninar! Mas sua família e amigos (inclusive os que comentaram antes) já o estão fazendo tão bem... Nem sei o que mais dizer - eles sabem tudo, esses amigos! O que eu acho é você será, sim, muito feliz. E em breve...
ResponderExcluirVocê ainda não está a beira da morte, como Wilde. Então, enquanto há vida, há a possibilidade de se encontrar um amor. E quem disse que ele não está em BH? Você se mudou para lá tem apenas um ano, homem. Segue naquilo que pode te dar esperança. Segue doutorando, farrando, saindo com os amigos, aproveitando a família. Um dia, o amor chega, mas, se não chegar, é preferível que não diga que não viveu porque nunca amou ou foi amado. Nem só de amor é feita nossa existência.
ResponderExcluirBeijão.
É.. também já tentei procurar em outros lugares a felicidade.
ResponderExcluirPor mais piegas que pareça, acho qu ela está dentro da gente. Muitas vezes escondida.
Talvez agora, livre do peso de ter que encontrá-la, as coisas fluam mais naturalmente.
Abs
Acho que o pior de td é vc ter tentado e agora sentir que não conseguiu. Mas nada tá perdido. Se vc quiser, vc superar essa sensação ruim e td pode fluir a seu favor.
ResponderExcluirTempo ao tempo!
Abração!
Olha só, vc mencionou coisas muito interessantes neste relato como laços de família não serem necessariamente de sangue e perceber que os verdadeiros amigos estão ali como se o tempo não tivesse passado.Sou mais esperançoso hoje de encontrar várias famílias por onde for que eu passe e amores.
ResponderExcluir2008 foi um ano de reclusão e muita mas muita solidão. O bom de tudo é que extraí muito de mim nesta ilusória falta de companhia e fiz companhia a mim mesmo.
Tinha uma professora de histologia que tinha um bordão quando demonstrávamos ignorância acerca de ciência que era : Ledo engano. Não precisava nem saber o que significa ledo, mas só a expressão que ela fazia acompanhada de um sorriso sarcástico era impagável. Só com aquela expressão ela conseguia nos remeter para o fundo do lamaçal da ignorância como frágeis e indefesos bebês . Então, quando percebo os nossos erros e ilusões consigo visualizar a mesma expressão dizendo : Ledo engano. E perceber nossos erros e ilusões com este ar sarcástico anula qualquer sentimento de autopiedade que para mim seria pior. Prefiro zombar do velho Douglas a sentir pena dele.
Seja onde for, fique bem.
PS: Estive em Natal e a d o r e i. Ô terra pra ter homem bonito!!!! Fui ao Yelow submarine . A cidade virou meu sonho de consumo.rs
Td q puder escrever aqui, só vai repetir o q eu já escrevi outras vezes. Então, ao invés de plagiar a mim mesmo, vou plagiar o Pequeno Diabo:
ResponderExcluir"vc sabe exatamnete o q eu acho
q sua vida ainda tah começando
xx"
Concordo com o q o Mike escreveu ali em cima. A mudança de local não significa que as coisas irão mudar...
ResponderExcluirComo já te disse várias vezes, a mudança deve vir de dentro, para q assim as coisas aconteçam...
Bem, é o que acredito. ;)
Bjo, querido!!!
bom, passei por uma mudança de cidade uma vez, ha uns anos. de um interior nao tao pequeno (250.000 hab) para a capital (Salvador). no primeiro ano, era mais ou menos isso que sentia. uma frustração enorme, solidão, saudade do que ficou, acreditando que era muito melhor...
ResponderExcluiralguns anos depois, ainda aqui, vejo o quanto foi fantástica a mudança. as pessoas que conheci, as coisas pelas quais passei (que dificilmente aconteceriam por lá onde eu estava...), o conhecimento que adquiri. Foi tudo para melhor.
Talvez esse seja o seu período de adaptação também. não volte a bh com esse espírito de derrota ou de "quero-voltar-pra-casa-que-lá-é-melhor". também aderindo ao clichê, a felicidade depende de nós. não tanto do que nos acontece, e sim de como encaramos.
Mais ou menos como Sartre, quando questionado acerca da liberdade, no sentido de que o homem não seria tão livre assim, pois ja nasce com diversas caracteristicas herdadas (como p. ex cor dos olhos, cabelos, etc), respondeu que não escolhemos tais caracteristicas, mas estamos fadados a escolher como agir a partir delas.
thiago
Foxx,
ResponderExcluirDesculpe a intromissão,mas faz um tempo que venho acompanhando o seu blog e confesso que esse seu post me comoveu muito.
A gente sempre arquiteta a nossa vida em busca dessa felicidade que nos dizem existir a partir de um referencial que Vinícius e Tom colocaram naquela música Wave: " Fundamental é mesmo o amor/ É impossivel ser feliz sozinho."
Mas infelizmente, nem tudo o que nos dogmatizaram acerca da vida é a verdade. Ser feliz não depende de ninguém, depende unicamente de você mesmo. Eu, você e cada uma das pessoas do mundo somos os únicos capazes e responsáveis inteiramente pela nossa felicidade.
É claro que não somos autosuficientes, não nos bastamos a nós mesmos, mas saiba que a felicidade é um caminho e não um ponto de chegada (bom isso você pode dizer que é clichê barato, e no fundo é mesmo). Conheço pessoas que vivem acompanhadas e são infelizes, conheço pessoas sozinhas e felizes, tudo é relativo.
Primeiro, acho que ninguem disse isso antes, mas acho que o primeiro passo que deves tomar é assumir é chorar. Cara, chora! Meu, não guarda nada que ta te atormentando. Tipo, não vai adiantar nada guardar nada disso pra você. Depois, encare a vida a partir de um referencial de que cada dia é uma nova oportunidade de arquitetar a sua felicidade. Esqueça todos os sofrimentos do seu passado e do seu presente, encare seu futuro de frente e começe a viver de novo.
Tem uma música da Bebel Gilberto que fala assim: "Tudo vai terminar/tudo era um tormento/Deixa isso tudo pra lá/Vem viver esse momento". Lembrei dessa musica enquanto lia o seu post. Talvez a vida te convide a viver esse novo momento.
Não encare a vida em BH com derrotismo, encare-a de frente. BH pode ainda não ter sido o lugar onde você encontrou um grande amor, mas, dizem que quando a gente deixa de procurar as coisas, elas aparecem na nossa frente, sem que a queiramos. Foque-se em suas metas, cuide do seu jardim (outro clichê, aff) e bola pra frente. Sua vida vale muito mais do que ainda não ter encontrado um amor.
Não se desiluda por isso. Não é porque não achaste um amor em BH ainda que está tudo perdido, ou que Natal era melhor do que BH. Em Natal você não encontrou o seu grande amor, em BH ainda também não, talvez esse grande amor esteja tão perto de você quanto a luz que quando esta muito perto acaba cegando o homem. Pense nisso!
Abção, cara!
PS: Se puderes e quiseres, add meu msn, como acompanho seu blog faz uma cara vi que temos mtos pensamentos em comum. MSN:ameni-sebekhotep@hotmail.com
Pois é.
ResponderExcluirMuitas vezes nos enganamos em nossos prognósticos e planos de vida.
Mas... a vida é assim,né?
ABraço, amigo!
E boas energias!
;-)
c'est la vie!
ResponderExcluirdeixa q o vinho eu levo!
ResponderExcluir.ah mas deixa estar.
ResponderExcluir.os momentos passam. acho que é tudo uma fase.
.logo, as coisas mudam.
.e sem cobranças nem promessas. o certo é viver o agora. e tentar ver nele o que há de se aproveitar. sem arroubos de loucura. talvez só um pouco disso.
.e nessas esquinas perdidas quem sabe não topas com algo assim....bem sorriso de manhã na brisa do vento do mar (hahah...)
.abraço.
é muito triste você ter desistido disso mas uma coisa eu posso te dizer quando não procurar mais ele aparecerá pense em você ame você viva você que ai sim aparecerá!
ResponderExcluirvocê é jovem
desistir porque?
enfim. seja feliz!
te deixei um selo no meu blog
ResponderExcluirhttp://raciocinioquebrado.blogspot.com/
OI FOXXI
ResponderExcluirSE SUAS PALAVRAS TEM UMA FORTE CARGA EMOCIONAL EU SEMPRE TIVE CERTEZA DISSO E NESTE POST EU REALMENTE ME VI VENDO ESTA CENA É POR ISSO QUE SOU SEU FÃ, VOCÊ CONSEGUE NOS TRAZER PARA PERTO DE VOCÊ MESMO QUE ESTEJAMOS SEPARADOS POR MILHARES DE QUILOMETROS, AMIGO VOCÊ , TEM NÃO UM MAIS VÁRIOS E QUE BOM QUE SOU UM DELES NÃO TÃO PRESENTE MAS ME CONSIDERO....
UM GRANDE BEIJO
KINHO