Escola nova, tudo novo. Eu queria crescer. E achava que o símbolo disto era abandonar a mochila. Sempre achei tão maduro aqueles meninos andando com seus cadernos sobre o braço, sem livros, tão livres. Não tinham nada o que carregar. Pareciam que ali poderiam abandonar tudo e fugir. Eu fui para a nova escola querendo ser assim. 6ª série A. Entrei. Sentei na terceira cadeira a partir da porta. Sala grande, onde reinava aquele quadro verde limpo e brilhante como se nunca tivesse sido usado. O teto era baixo, com um forro que era feito com papel. Estava sujo, mas ninguém percebera isso, mas eu notei. Eu esperava os professores chegarem. Mas ele entrou. Branco. Cabelos negros. Olhos escuros. Pernas poderosas. Braços fortes. Sentou-se na fila ao lado da minha. Mas bem mais atrás, quase no fundo. Parecia conhecer todos. Parecia que todos o conheciam. Era popular. Falante. Ativo. Lindo. Tudo o que eu não era.
Passei a observá-lo. Do meu canto. Calado e quieto. Ele popular, logo descobrira meu nome. Ria comigo. Brincava. Ria dos meus cabelos lisos e escorridos, cortados em cuia. Ele brincava. Eu sorria em resposta. Nas aulas, eu me destacava. Nos esportes, ele. Handebol. Ele me ensinou a jogar. Dizia que eu era bom. Chamava-me sempre para o time dele. Era ele que escolhia. Era líder. Fazia parte do Grêmio, chamava-me a tomar parte. Tinha todos ao redor dele, tinha as meninas todas jogadas aos seus pés. Os meninos o obedeciam cegamente. Eu me encantei.
Sílvio era o nome dele. Fazia aniversário um dia antes de mim. Nascera dois anos antes. Tinha namorada que estudava no mesmo colégio, mas era de duas séries a frente. Tinha dois irmãos. Usava óculos porque tinha miopia. Morava próximo ao meu antigo colégio e vinha de ônibus para a escola, junto com os irmãos. Tinha sido reprovado uma vez, por isso estava ainda na mesma série que eu. Conversava comigo sempre. Sempre. Eu me apaixonei.
Dizem que cartas de amor são ridiculas? São! Completamente! Escrevi só uma em toda minha vida!! E foi para ele. E ela era mais do que ridícula. Apaixonado pela primeira vez, fiz uma carta. Disfarçando minha letra. E cheguei a levá-la com o intuito de entregar. Quase o fiz. Mas não tive coragem. Eu pretendia colocá-la entre as páginas de um dos livros dele. Ainda abri o livro. O livro de matemática. Capa amarela. Páginas macias. Ninguém na sala para descobrir que fora eu. Eu podia. Conseguiria. Mas desisti. Eu tive medo. Medo de descobrirem que era eu. Mas, agora, eu me pergunto: se eu não queria ser descoberto, porque escrevi aquela carta? Porque pretendi abrir meu coração daquele jeito?
Meus doze anos. Foi o ano em que me apaixonei pela primeira vez. E que namorei pela primeira vez. Mas não foram as mesmas pessoas. Meu primeiro namoro foi com André. Moreno. Forte. Jogador de futebol. Tinha a mesma idade que eu. Passava suas manhãs em treinos. Adorava abdominais. Mas nunca foi muito fã de escola. Foi ele que me beijou pela primeira vez. Era meu vizinho. Eu o conheci por minha vida toda. Em nossas brincadeiras de garotos, escondidos, sobre trevas, agachados atrás de um muro, ele puxou-me e perguntou se podia me beijar. Ele segurou meu rosto com umas mãos trêmulas de menino, empurrou-me para mais perto da aspereza de uma parede e me beijou. Sem língua. Sem jeito. Primeiro. Marcante. Escondido. Depois, começou a frequentar minha casa. E eu a sua. Sempre quando meus pais não estavam. Ou quando a mãe dele não estava. E me tocava. E me acariciava e um dia, me possuiu. E eu conheci o prazer que um menino podia dar a outro. Ele me amava de um jeito apenas dele. Não havia cobranças, nunca dissemos um ao outro que estavamos namorando. Mas nos possuíamos. Por um ano permanecemos juntos. Não havia brigas. Mas também não estavamos juntos na presença de qualquer outro alguém. Não planejamos isso, apenas aconteceu. Éramos namorados apenas entre quatro paredes quando ele sussurrava que sentia saudades de mim.
Durante um ano nos encontramos quase todos os dias. Na minha casa. Na dele. Em aventuras infantis. Amamo-nos intensamente, ele só a mim, e eu só a ele, até que um dia ele não me procurou. Eu não senti a falta dele. E cada um partiu para sua vida. Ele continua meu vizinho. E já ficou noivo uma vez. E já desmanchou o noivado outra vez. E sempre nos vemos e sorrimos um para o outro, mas nunca falamos novamente sobre isso.
É. Meus doze anos foram bem agitados.
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agitados mesmo. com 12 anos eu ainda brincava, com o mesmo quebra cabeça que hoje ainda brinco às vezes.
ResponderExcluirLe..
ResponderExcluirSe Eu for falar de minhas experiencias passadas.. Sorrisos..
Acho que começo Com uns 8 anos.. aos 12 ja estava dando aulas.. Huhahuahuahuahuuha
e finalmente aos 14 inciando meu mestrado..
Bjão... adoro-te
Jovem precoce... Eu, perto de ti, aos 12 anos era um menino do coro. Lol
ResponderExcluirAbraço
eita só quem começou cedo na vida !!
ResponderExcluireu vim abrir meus olhos aos 16 anos ! Embora hoje eu tenha 18, sabemos que peia em muito de anos de carreira né ?
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
bjos amigo...e desculpa novamente viu...você deve saber pelo que é !
Simbora me ler?
ResponderExcluirque delícia cara, as minhas lembranças da infância ainda batem. Lembro de mu peimeiro beijo no quintal de minha casa, com um primo meu que era meu visinho.. ai ai, saudade daquele tempo.
ResponderExcluirMuito linda tua estória!!! Legal viveu tua estória de amor sem medo, apesar da inocência!!!
ResponderExcluirAbração.
Adolescência é uma fase louca né...Ótima quarta pra ti querido..Bjs
ResponderExcluirnossa.
ResponderExcluirquem me dera que os 12 anos fose tão agitado assim.
beijão cara
FOXXXX, que saudades disso aqui merdaaa, agora estou voltando aos poucos hein,e olha, que 12 anos hein, se bem que comecei com isso tb, hehehe.
ResponderExcluirabração
Pronto, lenin, estou coemntando! Pode parar de chorar agora... zuera auhaiuahiah
ResponderExcluirCara, acho q vc jah me falou dele [do seu primeiro namorado]
mas sobre esse da classe não... Eu tb num teria coragem de entregar a carta... muito menos de fazer uma..
Abraços
Meus doze anos?
ResponderExcluirJá tinha atração por homem. Já tinha beijado garotas e feito sexo oral com homens. Isso com DOZE ANOS! Acho meio absurdo, mas já sentia essas necessidades, eram aguçadas, eu era meio inocente e corajoso. Hj o medo toma conta de mim, se bem que estou conseguindo me virar!
Qto tempo se passou...
Abraço!
E ai amigo Foxx, tudo bem com vc ?
ResponderExcluirTô passando pra desejar um ótimo feriado de Páscoa pra vc.
Desculpe o sumiço.
Abraços
que bunitinho isso de escrever cartas :D, nossa 12 anos, muito legal guri, achei tão bunito mesmo, eu sempre fui bem atrasado pra essas coisas, mas conheci muitos casos parecido com o seu, inclusive acontece parecido entre eu e meu primo... mas sussegado ;]
ResponderExcluirabraço rpz
Boas recordações em meu rei... to passando rapidinho pra lhe desejar uma Feliz Páscoa e agradecer pessoalmente pelos comentários em meu blog apareça sempre ok e te cuida
ResponderExcluirOLAAAA
ResponderExcluirFELIZ PÁSCOAAAA
BEIJOS
HAIRYBEARS
http://hairybears.blogspot.com/
(continuando na série antes tarde do que nunca...)
ResponderExcluirCara... acho que é sindrome de Peter Pan, até hoje eu nunca consegui abandonar totalmente a mochila, ehehe Mas hoje eu uso apenas durante as viagens ou quando preciso carregar o computador.
Meus 12 anos também tiveram lá seus momentos, em um desses momentos conheci o Marcelo... filho de um amigo do meu pai, apesar de mais novo em idade, era anos luz mais maduro (e experiente) do que eu que tinha acabado de chegar a cidade vindo de São Paulo.
Não foi um namoro, eu não tinha essa malicia na época, foi com ele que descobri coisas como masturbação, carícias e outras "cositas más". Mas era uma coisa de moleque, eu era tão tapado que não tinha essa noção de sacanagem. Nesse mesmo período tive minha primeira namorada... com toda aquela idéia de namoro que temos, trocavamos presentes, ficamos próximos... já com o Marcelo foi como você descreveu... existiamos apenas em um mundo nosso.
Há muitos anos não vejo o Marcelo, mudei da cidade antes dos 15 acho e de lá para cá passei por lá umas 2 vezes. Parece que ele casou, mas são especulações... tenho uma curiosidade de vê-lo, engraçado que essas pessoas "ficam conosco" no resto de nossas vidas, mesmo aparentando que elas não estão nem ai para a gente.
Abraço.
Até hoje me pergunto qual o impacto dessas coisas na minha vida atual ou nos meus interesses....