Bem, tem sido dificil. Mas resolvi relatar a evolução do processo aqui. Bem, esta semana meu ex me ligou. Ligou para desejar feliz natal, eu eu fui duro, seco, não quis demonstrar tristeza, mas ao mesmo tempo não queria que ele pensasse que estava tudo bem. Afinal não estava. Não há para que mentir. Não há porque esconder dele que eu ainda o amo. Logo depois que desliguei o telefone, comentei com Joshi, com quem eu estava na net, que meu ex tinha ligado, e ele falou que estava conversando com Beto naquele instante pelo telefone. Eu então falei que queria saber de toda a conversa e Joshi prometeu me contar.
Assim que desligou o telefone, Joshi me contou que Beto estava muito bem. Tinha conhecido um cara "muito legal e cabeça feita" de Recife, e também havia ficado com Kleiper (viado nojento!!!), um amigo dele, da cidade dele. Aí eu percebi que Beto tava vivendo a vida dele. Ficando. E já tinha me esquecido, completamente. Ou pelo menos aparentava isso. Resolvi então mudar tudo. Recuperar-me. Curar-me. E coloquei no MSN, sábado, ante-véspera de Natal: "Quem me chama pra sair hoje?". Henrique tava viajando. Descartado. Mas Gush tinha me chamado para ir para o BAR. O BAR é o código para uma das boates gays daqui de Natal. O nome na verdade é Avesso Clubber, mas como a boate é conhecida, para não dar muito na vista, entre nós, nós sempre combinamos de ir para o BAR. Bem, eu estava na net, e Gush já havia feito o convite, e Michel reforçou, dizendo que saíriamos ou para o BAR ou para a VG (outra sigla, outra boate, Vogue). Mas antes nos encontraríamos na praça do CEI, pois como estava havendo o PRESENTE DE NATAL (um envento da prefeitura com música ao vivo, no campus de uma das faculdades federais daqui), poderíamos primeiro assistir ao show, depois ir para a boate. Topei.
Encontramo-nos na praça do CEI. CEI é um colégio, que fica do lado do campus que mencionei. Este colégio adotou a praça que fica em frente, e transformou num ambiente bem agradável, que por ser bem escondida do movimento da cidade foi adotada por uma galera gay bem teen, que ainda não pode frequentar as boates, e outra galera que acabou de entrar na maioridade (com rarissimas excessões como eu). Passamos por lá, eu e Michel, e encontramos conhecidos, já começamos a beber e a fumar por ali mesmo. Decidimos lá pagar mais, mas ir para o Avesso. Isto porque percebemos que toda a praça do CEI ía para a boate, inclusive muitos menores com identidades falsas, e também porque Juh, um amigo, também ía.
Em um instante, quando decidi ir para o BAR, me vi cercado por vários conhecidos que também iriam. Rickie, Ewerton, Nel, Guel, me fizeram rir o caminho todo para a boate (feito de busão) contando um os podres dos outro. Jogaram-me inclusive no meio da brincadeira. Principalmente o Rickie que sabe em detalhes minhas estórias com Juan, meu ex, essas estórias que ele adora comentar. Não sei porquê.
Chegamos na boate e logo encontramos Gush. Ele foi logo se esfregando em mim. Dizendo que eu estava lindo, cheiroso e solteiro. E ele também. Ofereceu-me vodca. E me abraçou. Ao mesmo tempo, Nel, que havia conhecido no ônibus, ficava me olhando e lançando o sorriso mais lindo que eu já vi em muito tempo. Não sei o que acontecia. Mas quando ele sorria o rosto se iluminava. E uma covinha aparecia apenas na bochecha direita. Mas os olhos dele não se moviam. Como os meus que se apertam quando eu sorrio. Continuavam grandes, luminosos, brilhantes e verdes, como lagos.
Entramos. A música preenchia o primeiro ambiente. Muita Madonna.
Are you ready to jump? Fomos para o lounge da boate. A fonte estava ligada. Com luzes. Decoração natalina. E muitas renas. Aí que Ewerton começou a rir do tema da festa naquela ante-véspera de Natal: Natal da Rena. Continuamos ali no lounge conversando, ouvindo muita música pop ao longe.
Wish your girlfriend was hot like me? Wish your girlfriend was a freak like me?. Rindo muito. E eu me esqueci complemente dos meus problemas, e esta era a função da festa né?
Depois fomos a outro ambiente, ao Clubber, DJ Devasso tocando. Mais Madonna. Muita Drag music. Mais Devasso sem se tocar que ele tem que tocar para o público, não para ele mesmo. Mas tocou Xstina.
Told my mother, my brother, my sister and my friends, told the others all my lovers both past and present tense. E é claro que relembrei de Beto. Mas exorcizei a imagem dele. Dançando. Com Michel e com Nel. Nel me chamava para dançar com ele. Entrava no meio da roda, e me puxava para dançar com ele. Lançava-me aqueles olhos de ressaca que me sugavam para dentro de um oceano verde. E conforme dançavamos o calor infernal tomava conta de nossos corpos. Música alta. Luz piscando. Um pouco de Witney Houston bombando num remix tribalístico.
And I wished you joy and happiness, but above all this, I wish you love. Luz negra envolvendo corpos que começam a ficar mais desnudos. E o loló que Juh me passava sempre que o tum-tum de em minha cabeça começava a enfraquecer.
Vi atrás de mim, então, sem dançar muito. Felipe. Felipe era meu melhor amigo. Até que brigamos (depois conto esta estória para vocês). Ele estava conversando com Nel, puxou a camisa dele quando ele se afastou. E eu não estranhei. Felipe sempre foi assim. Ele era extremamente inconveniente. Insistia demais. Forçava a barra. Puxar roupas. Roubar beijos. Fazer gracinhas. Tudo isso era muito o estilo dele. Mas Nel se afastara. Fugiu dele. E veio dançar comigo. Não vi Felipe depois desta. Sumiu da boate. Sumiu da realidade (uma bela capacidade para quem tava usando aquela roupa dele, se posso comentar...).
Cansado de tanto calor. Sem coragem de dar o próximo passo para cima de Nel. E depois de Nel me segurar, quando cai num buraco negro onde a luz e o som se perderam, por causa da combinação de um Hollywood atrás do outro, copos e copos de vodca e a camisa de Juh encharcada que eu cheirava entre um trago e uma dose, eu sai. Voltei ao lounge.
Jingle bells, jingle bells, jingle all the way, oh what fun it is to ride in a one-horse open sleigh. Sentei. E chorei por Betinho. Meus amigos chegaram. Todos. Rickie já estava ficando com Nel. Eu escondi minhas lágrimas. Mas Juh notou. Acendeu-me outro Hollywood. Fumamos. Encontrei Madê e Jô. Fumei dois Carlton de Jô. Bebi a cerveja de Madê quase toda. Perguntei do loló e Juh disse que acabara. Aí encontrei Juliana, amiga de Beto. Perdi-me. Não sabia o que fazer. Deveria fingir alegria, e dizer que estava forte. E Juliana diria a Beto que eu não estou sentindo a falta dele?
Pra que mentir fingir que perdoou, tentar ficar amigos sem rancor. Ou falar a verdade? Mas ela poderia não acreditar, afinal quem é que sofrendo vai a uma boate? Ela deu-me notícias de Caicó. E eu só pedi para que ela não me falasse de Caicó: "Me faz mal". E bastou.
Voltei aos meus amigos. Antonella de Castro fez seu show.
Vamos com você, nós somos invencíveis, pode crer, todos somos um e juntos não existe mal nenhum. Conversamos. Rimos. Ficamos ainda muito tempo por lá. Carol Podzaski começou a tocar. DJ Mobil começou a tocar no Clubber. Dancei. Pulei. Fritei. As beeshas (como diz
Marcelo) me olhavam reprovadoramente. Deveriam pensar: "Em que rave ele pensa que está?!". Mas eu pulei. Consumi o alcool do meu corpo. Saí. Reecontrei Jô. Roubei-lhe mais um Carlton. Ele me oferece carona para casa, que recuso prontamente, enquanto comenta que a fila para pagar a comanda está longa. Reencontro Gush que diz que já vai. Bebi as custas dele nesta noite. A vodca que ele me oferecia. Também fumei junto com Juh e Jô. Eu estava um sugão, pois no fim da noite minha comanda estava vazia. E eu enlouquecido.
In your head, in your head, they are cryin'. Mas para retornar para casa, já as seis da manhã, voltei com os amigos com que havia vindo. Acho isso importante. Eles merecem esta consideração.
Cheguei em casa, fedendo a cigarro e a bebida, e meu pai resolve abrir-me a porta. Esgueiro-me para o banheiro. Escondo minha roupa. Corro para longe dele. E me jogo na cama, para acordar apenas as 3 da tarde. Quando retorno a net, e aí descubro o melhor da noite. Johsy me conta que estava com Felipe em outra janela do MSN. Descubro que Nel é o ex-namorado de Felipe. Descubro que ele foi embora porque achou que nós ficaríamos e, de graça, sem fazer esforço algum (apesar de não ter aproveitado a fama), eu ganhei minha vingança. Felipe estava odiando Nel, e odiando mais porque ele foi traído comigo. Pelo menos foi o que Joshy disse que ele estava sentindo. Traído. Minha ante-vespera, terminou na vespera de Natal. Eu rindo. Rindo e rindo de Felipe.