Google+ Estórias Do Mundo: julho 2010

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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Kriptonita

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Todo mundo tem sua fraqueza. Aquilo que te derruba. Aquilo que te enfraquece. Que te deixa sem ânimo e cobre o dia ensolarado de nuvens espessas. Todos têm seu calo. Sua reclamação. Seu problema mal resolvido na infância, seja na fase oral, seja na fase anal. Quem não teve suas espinhas na adolescência, suas pernas ou braços engessados ou escolheu o curso errado na faculdade, que atire a primeira pedra. Todo mundo tem algo que lhe enfraquece, até o Super-Homem tem sua kriptonita.
A minha é ficar sozinho. Minha kriptonita. O pedaço radioativo de minha casa que me drena as forças e me deixa vulnerável para outros ataques. Metáfora perfeita. Afinal meu problema em ficar sozinho começa em casa, numa família ausente, presente porém ausente. É um pedaço de casa, sem dúvida. E realmente ela não me machuca diretamente, ela drena minhas forças, e a força que eu teria para lidar com os problemas do dia-a-dia se esvaem. E aí o homem de aço cai de joelhos, ferido por um ataque que antes ricochetearia na pele e provavelmente me causaria cócegas. Metáfora perfeita. Kriptonita.
Sim, mas quando digo sozinho, que se leia solteiro. Não consigo explicar, sei que é uma bobagem sem tamanho. Ninguém deveria ficar mal por causa disso. Afinal pessoas morrem de doenças graves todos os dias, crianças são espancadas por pais violentos, filhotes de cachorro são abandonados nas ruas e passam fome, quem sou eu para reclamar que estou solteiro. "Preocupa-te com algo que valha a pena", vocês poderiam dizer. Mas é minha kriptonita. É apenas uma meteoro verde e sem valor, é. Não deveria ter tanto peso na minha vida, mas me deixa vulnerável, como um ferimento aberto que permite a entrada de bactérias. Mais uma metáfora perfeita. Não me machuca, mas tudo se amplifica.
Preciso de uma caixa de chumbo. É disso que eu preciso. Assim eu coloco o meteóro lá dentro e ele não vai poder me tocar, não vai me enfraquecer ou me envenenar, e eu, com a força de sempre, estarei novamente feliz e contente com tudo aquilo que tenho e consegui, terei e conseguirei. Mas somente se eu me afastar desta maldita kriptonita. Alguém sabe aí? Como se salva um super-homem? Metáfora perfeita? Nem tanto!

sábado, 24 de julho de 2010

ESPECIALMENTE: Banho

Por Sebek



Estava no banho. Em meio as espumas lembranças da noite de ontem... o desejo, o tesão, a paixão a primeira vista. Não, mas eu não posso e ele está tão longe de mim... Água, shampoo, cabelos ensaboados, enxaguados...desliga o chuveiro. Toalha tocando o corpo másculo e normal, nada definido, apenas um homem comum, com poucos atrativos, poucos sonhos e poucas esperanças, muitos medos e decepções... que perda de tempo pensar nele, vou parar de pensar nisso... Telefone toca! Alô! Era ele. Como você está? - Não dormi! Deve ter passado a noite com outro! Tá ae? Cade você? Sim, porque não dormiu? Passei a noite em claro! Em claro? Sim, em claro! Virando de um lado pro outro! Mas você é um pegador, um tarado, um demônio! Nem anjo, nem demônio, apenas mais um apaixonado insone, excitado, querendo estar do seu lado!

terça-feira, 20 de julho de 2010

Voto Pela Praticidade

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A minha última postagem aqui no blog causou reações inexperadas. Pessoas me puxaram para conversar no MSN, no Twitter, por telefone, pessoalmente. Todos extremamente chocados e surpresos (mesmo?) pelo fato de eu não ter assumido que sou gay para meus pais. Cobranças pipocaram. "Você é tão consciente", "você é tão bem resolvido", "você é tão militante", "você é tão bichinha". Sou tudo isso, mas também sou bem prático.
Nunca toquei no assunto porque conheço meus pais muito bem. Adianta, citando Cristo, semear em terra árida? Meu pais não são do tipo que fingem não ver o que não querem ver. Eles vêem muito bem que sou gay e não gostam disso. Meus pais nunca foram de fechar os olhos, muito pelo contrário, foram eles quem me agrediram e me ofenderam mais profundamente que qualquer um na minha vida.
Desde a idas à psiquiatras que insistiam em dizer que eu não tinha nenhum problema, mas eu sempre voltava. Desde surras sem motivos, ou melhor, com todos os motivos que meu pai julgava apropriados: porque um garoto de 10 anos me chamou de viadinho na rua, porque eu "desmunhecava", porque eu não era um menino como os outros. Desde apoiar meus irmãos que fora de casa não dirigiam a palavra a mim com vergonha. Desde me xingar de "florzinha" e "mulherzinha" quando fazia alguma coisa que eles não consideravam "de homem". Desde raspar minha cabeça "para eu parecer mais homem". Desde ouvir, um dia, "você pode até ser, mas não precisa dizer".
Mas são meus pais, e não quero simplesmente perdê-los. E para quê? Qual real necessidade eu tenho de trazer meus pais a esta parte da minha vida, se para eles é melhor manter-se nessa ignorância consciente? Qual a necessidade? Não vou me casar! Nem hoje, nem provavelmente amanhã, ou nessa existência. Então, por que abandonar essa família, porque assumir que sou gay seria abandonar a família na qual cresci, mas pelo quê? Por uma existência ainda mais solitária e um orgulho bobo de já ter me libertado das amarras heteronormativas de uma sociedade que não me aceita? Mesmo?
Prefiro a praticidade. Voto pela praticidade. E pelos únicos pais que eu tenho. Faço uma escolha completamente consciente em favor deles, apesar de saber que eles não fariam o mesmo por mim. Eles não trocariam suas convicções sociais e religiosas pelo quarto filho de cinco homens, mesmo eu sendo o primogênito de minha mãe. No entanto, a outra opção não é mentir, é só viver a vida que eu vivi até hoje. Não preciso fingir que sou hétero, somente assumir essa figura assexuada que se espera dos gays efeminados hoje em dia. Seja bicha e cubra-se de purpurina, só não faça sexo. Assim, até a Igreja Católica te perdoa, não é? E bem, para mim, isso também não seria muita mentira hoje em dia.
Sim, sou gay e não assumido para minha família, o nome disso é praticidade. Repito: praticidade.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

ESPECIAL NATAL: E Agora?

- Uma última notícia: Agora a Argentina vota o casamento gay. Se o projeto for aprovado, a Argentina será o primeiro país latino-americano a permitir o casamento entre pessoas do mesmo sexo. Boa Noite... disse Alexandre Garcia, encerrando o Jornal Nacional na Globo.
Assistíamos eu, meu pai e minha mãe, na sala que eu havia mudado a decoração dias antes, quando a nova televisão chegou. Meu pai e eu sentados em um sofá, minha mãe numa poltrona, eu entre eles dois.
- Casamento o quê? Pergunta meu pai, assustado, mas recostado no braço do sofá.
- Casamento entre pessoas do mesmo sexo. Respondo, com um certo receio, olhando-o por cima do meu ombro.
- Deus me livre! - diz minha mãe do outro lado - Graças a Deus ninguém na nossa família tem essas idéias absurdas! Meu Deus!
- Até porque casamento só pode ser entre homem e mulher... diz meu pai, interrompendo minha mãe.
- O casamento é p'ra constintuir família, não isso... complementa minha mãe, como se não tivesse ouvido meu pai falar nada.
- Casamento é entre homem e mulher... repete meu pai, tentando atrair o centro da conversa para ele.
- Mas porque entre homem e mulher? Questiono tentando levandar a discussão, e percebo meu pai exitar como quem não tem muitos argumentos.
- É - diz minha mãe batendo no peito - e meus filhos que não inventem moda. Filho meu vai casar é com uma mulher de Deus.
Sou obrigado a ficar em silêncio, fiquei sem palavras, sem saber exatamente o que dizer. Um filme passou pela minha cabeça, dois na verdade: um, eu casando com uma mulher, uma mulher de Deus somente para enganar minha família; outro, eu batendo no peito naquele momento mesmo, e dizendo: "Me desculpa, mas desse mato aqui não sai coelho". Meu pai permanecia em silêncio também, no entanto, minha mãe decide que deve levar tudo para um outro rumo.
- Mas, venha cá, que não adianta a gente discutir isso porque a gente não muda nada, como é que você vai fazer quando vier definitivamente de Belo Horizonte para Natal? Como vai trazer suas coisas de lá?
- De ônibus, mãe, de ônibus. Mas eu só pensava: e agora?

segunda-feira, 12 de julho de 2010

ESPECIAL NATAL: "Rostinho Lindo"


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Foi em uma sexta a noite, que começou com um chá das cinco, que minha ex-orientadora do mestrado me incentivou a sair. "Saia, você é jovem, tem mesmo é que sair e paquerar, e se apaixonar. Se apaixone que isso alimenta a vida. Um rostinho lindo como seu deve fazer sucesso". Palavras de quem gosta de mim, na verdade. Eu não faço o menor sucesso. A noite estava lá para comprovar.
Saindo da casa dela, liguei para o Andarilho, e ele logo animou-se para me encontrar no Kafofu. "Pode deixar que eu ligo para Peter e a gente se encontra lá". Concordei, apesar de avisar que tinha que deixar os livros que ganhei da minha ex-orientadora em casa ainda. Chovia pouco, mas chovia, e eu não queria que eles se molhassem. Também aproveitei para tomar um banho e trocar de roupa, afinal era uma sexta a noite.
Cheguei um pouco atrasado no Kafofu, afinal eu cruzo quase toda Natal para chegar da minha casa ao bar. São dois ônibus, ou quinze minutos de caminhada até um ponto de ônibus onde passa um que faça o trajeto direto. Além de minha mãe reclamando que eu ía sair na chuva. "Você não tem carro, não devia sair na chuva", ela diz enquanto fecho a porta, e eu cruzo a garagem onde o carro do meu irmão mais velho está lá parado. "Numa casa com três carros e uma moto? Really?".
No Kafofu, fui recepcionado pelo Peter me elogiando também. "Menino, que corpo você 'tá! Atlético!". E rimos juntos e brindamos. Cervejas com dois dos meus melhores amigos e conversas. Muitas conversas. Sobre o namorado do Peter, do menino que o Andarilho tem um rolo que vai e volta, e sobre meu ex, o Pequeno Príncipe daqui. Sobre traições e ciúmes, sobre brigas e reconciliações, sobre sexo e reconciliação, sobre amor, sobre amizade e sobre a Vogue.
"Vamos p'ra Vogue então?", convido. O Andarilho se anima, culpa das cervejas, e decide ir. Peter não podia. Medo da reação do namorado que viajava naquele fim de semana, preocupação com o trabalho de designer no sábado pela manhã. "Eu trabalho com criação, criar bêbado não dá!", tenta ele nos convencer, mas sabemos qual o real motivo, mas isso acontece, é melhor evitar o perigo.
De táxi, eu e o Andarilho corremos à casa dele para ele trocar-se e depois para a boate. Na fila, à entrada, os amigos já aparecem. Conheço muita gente. Uma amiga do Bob nos permite furar a fila. A Drag residente me cumprimenta na porta. E lá dentro muitos amigos queridos também: Dim e o namorado, Música, AP, Carol. E vários outros. Beijos e abraços, reclamações porque não dou notícias e porque meu doutorado demora tanto para terminar, ouço tudo conforme avanço, puxado pelo Andarilho para o dance, entre as pessoas que esperam ansiosas a banda começar a tocar. Naquela noite, Grafith faria uma apresentação em homenagem a Lady Gaga. A boate lotada esperava ansiosa.
Na fila, enquanto aguardávamos, bebemos com a amiga do Bob o martini que ela trazia. Lá dentro, mais cervejas e cigarros Dunhill Créme. "Ah, só podia ser esse cigarro mesmo. Não posso vê-lo que já lembro de você. O cheiro dele já me lembra você". E logo o Andarilho encontra com um menino, bonito e simpático, e eles já estão entre beijos. Eu continuo sozinho. Dançando, circulando entre grupos diferentes de amigos. Perguntam sobre como é Belo Horizonte, as boates de lá, os bares e os homens; perguntam sobre minha tese, sobre como é o mercado de trabalho para historiadores, sobre quais meus planos para o futuro; perguntam se estou solteiro e diante de minha afirmativa perguntam sobre o Príncipe que eu havia conhecido e sou obrigado a dizê-los que terminou. Amigos, e mais amigos.
Foi aí que um amigo perguntou: "'Tá achando que tem muitos gatinhos aqui hoje, amigo?". E já eram quatro horas da manhã, quando havia combinado com o Andarilho para sairmos dali e eu notei que não sabia. "Sabe de uma coisa? Juro que nem notei se tinha alguém bonito do meu lado hoje, além de você é claro né, AP?". Ele riu com o gracejo, mas era realmente verdade. Não estava ali a procura de beijo na boca ou qualquer coisa do gênero. E me senti surpreendentemente bem com isso. E percebi que isso é bem possível. Divertir-me numa noitada como essa, sem me preocupar com homens. Este é meu futuro. Ao contrário do que minha ex-orientadora supõe "meu rostinho lindo" não faz com quem ninguém se interesse por mim, e como agora eu também não estou muito interessado no que os homens têm a me oferecer, noites como essa, divertidas e nas quais não conheci absolutamente ninguém novo, serão bem comuns.

sábado, 10 de julho de 2010

ESPECIAL NATAL: Rodado

- Sim, me conte então direito essa estória do seu namoro.

Disse-me Michel enquanto caminhávamos pela orla de Ponta Negra. A noite acabara de se alojar entre a areia e o mar, e o vento começava a mudar de direção.

- Bem... ele mora em Cabo Frio, no Rio de Janeiro...
- Como é que é? Espera...

Ele então arruma o cabelo recém alisado que o vento da praia insistia em bagunçar.

- Continuando... você me sai de Natal e vai para Belo Horizonte e me arranja um namorado que mora no Rio de Janeiro? Rodado... você é rodado, hein, meu filho?
- É como o Peter reclamou uma vez? "Essa mania que você tem de conhecer gente pela internet"?

Michel gargalhou.

- Exatamente! Por isso que gosto do Peter, ele fala umas verdades p'ra você de vez em quando... mas por que, meu Deus, por que você faz isso?
- Amigo, nós nos conhecemos há quantos anos? Cinco, não é?
Ele pensa e confirma com um aceno de cabeça.
- Pois então... quando foi que você me viu conhecer alguém pelos métodos tradicionais? Só quem se interessa por mim pessoalmente é garoto de programa. E tenho dito.

Ele sorri.

- Realmente, sou obrigado a admitir, você não faz o tipo que agrada aqui em Natal. Você já passou dos 22 anos, usa barba, 'tá ficando careca e tem pêlos. Aqui, sabemos, faz bem mais sucesso os meninos novinhos e imberbes, com o mínimo de pêlos possível no corpo.
- Sem esquecer que eles têm que ser magros, sarados e/ou atléticos, né?
- É! E você, apesar de eu não te considerar nem um pouco feio, não se encaixa em absolutamente nada dessa descrição de homem perfeito natalense.
- So Advocate! Acrescentando ainda que sou muito bicha né?

E rimos juntos.

- É! E aqui é bem mais dificil ser bicha. Eu também sofro com esse preconceito.
- Os meninos só se interessam se você puder se passar por hétero, e agora, beirando meus trinta anos, isso definitivamente não é mais uma preocupação da minha vida.
- Se é que um dia foi, né bee?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

A RAPOSA E O PEQUENO PRINCIPE: A Briga

Instruções: Deixe Macy Gray cantar I Try enquanto você lê o texto.






Lancei meu corpo sobre a cama quando a briga acabou. Em cima de três livros, um cinto de lona, um caderno e folhas verdes de papel ofício. Deitei-me de costas, com a cabeça no travesseiro de fronha verde e os pés sobre o bolo que formavam um lençol, uma manta e um edredom. Olhei para o teto branco e a luz incadescente dourada me cegou por alguns instantes quando a fitei diretamente.
Fechei os olhos então e a briga reapareceu diante deles. Cada palavra dita, algumas extremamente verdadeiras, outras nem tanto. Muitas banhadas em ironia, muitas em raiva. Poucas, mas sinceras, enormemente tristes. Gestos agressivos, tons de voz elevados, palavrões. Até que, cansados, darmos a briga por encerrada.
Na cama baixa, na verdade um colchão disposto no chão sobre um estrado, eu senti meu estômago embrulhar e um incômodo agudo instalar-se no meu peito. Doía lentamente como quando se retira, com cuidado, um pedaço de vidro que crava-se profundamente dentro do seu pé. A respiração teimava em faltar-me. E uma lágrima não evitou de cair, muito a contragosto, mas caiu.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

"É Tudo Puta Mesmo!"

O inverno chegou em Belo Horizonte com um calor que me subia pelas pernas. Então decidi que correr faria um bem a mim e a Pampulha é o melhor lugar para isso. As árvores, o sol deitando seus raios dourados de pôr-do-sol sobre as águas, biguás e galinhas-d'água, além de lindas garças brancas. Bem ao corpo e bem a alma. Mas a Pampulha também é ponto de prostituição, feminina e masculina. A primeira começa suas funções a partir das 16h da tarde. Carros pegam moças em trajes sumários que conversam nas esquinas. A noite é reservada aos homens, os primeiros rapazes chegam as 19h e circulam por lá, mas somente mais tarde tomam seus lugares embaixo de postes da iluminação pública com as mãos nos bolsos e uma pé apoiado no concreto, todos com um risível ar blasé.
Além disso, a lagoa construída pelos sonhos megalomaníacos de JK também serve aqueles que pretendem aliviar seus desejos, mas não gostam (ou não podem) pagar por serviços profissionais. Pegação! Sim, é o que acontece entre as árvores e barrancos, em meio as sombras projetadas pelas árvores frondosas e a luz da lua. É junto com os garotos de programa que chegam para o seu trabalho que os primeiros homens chegam por lá, mas alguns atrevem-se a luz do dia. Passam de carro, lentamente, observando aqueles que passam por lá, correndo ou caminhando, ou sentado na grama esperando a noite chegar. Outros passam a pé, fingem o exercício ou um tempo livre após o trabalho, e estes apertam paus deles ou fixam descaradamente o seu. Mas muitos param, e esperam, até alguém chegar neles ou eles se interessarem em alguém.
Mas como eu dizia eu corria. E meu treino inclue 5km de corrida intercalados com 10km de caminhada. Foi quando passei por um homem alto, que usava um moletom atlético, mas o rosto eu não pude identificar pelas sombras que o início da noite já projetava. Mas senti seus olhos me fitando. Mas eu corria. Contudo um barulho atraiu meu olhar para trás e foi qndo eu vi ele exibindo o pau, com as calças arriadas. Acelerei o ritmo da corrida rápido, pensando: "Isso não está acontecendo, não está, não está!", e tentei esquecer a cena. Foi quando, quilômetros mais tarde, observo um homem se aproximando. Ele vem em minha direção e tira o moletom exibindo o torso sem pêlos e musculoso, peitoral definido e um abdômen talhado a formão, foi quando reconheço: "É o cara que me mostrou o pau?!". Ele passou me encarando, novamente eu corria naquele instante, mas nos segundos que nossos olhos nos encontraram eu entendi que ele tinha pego o carro e me seguido para agora exibir seus outros dotes.
Mas como eu disse eu estava correndo. E corri. Mas não pude me furtar a pensar: "Sério? Era só isso que você tinha a me mostrar? Um pau e um corpo malhado? Mesmo? A técnica Nº 01 não funcionou então vamos ao plano B? Really?!". E continuei correndo, pensando como esse tipo de pessoa só reforça o estereótipo... "é tudo puta mesmo!".



*Inaugurando nova fase aqui no blog.