A Raposa esperava sentada, naquele dia, o seu Príncipe que viajava de longe. Ele vinha de praias frias a leste, enquanto ela aguardava nas montanhas próximas ao horizonte. Ele cavalgava em seu cavalo branco e de crina azul celeste, e sentada, a Raposa esperou o Príncipe chegar.
A Raposa estava com medo, temia o Príncipe encontrar finalmente, ela havia sido proibida há muito tempo pelos deuses,proibida de mostrar aos humanos quem era realmente, só podia mostrar aos homens uma forma humana, às vezes, o Príncipe, então, pensava ela, poderia assustar.
Quando ela é uma raposa, como todas as raposas, é sempre linda, sua pelagem e sua cauda, seu focinho e seus olhos em brasa,porém, quando se torna humana nem sempre é bem vinda, os defeitos, humanos, se tornam amplos, grandiosos, massa. E estes defeitos (sempre perguntara-se) são totalmente impossíveis de alguém amar?
E o Príncipe agora que vinha encontrá-la entre as montanhas. É claro que tinha medo, a o medo a consumia, pois ele, com certeza, ia querer vê-la sob sua forma humana, a forma que os deuses a proíbiram de se mostrar. E se os deuses os castigassem? Se colocassem seus corações um contra o outro? Se a chama que os aquecia simplesmente se apagasse? Ou se o Principe não suportasse a visão somente humana que teria diante de si, e fugisse? E se mentisse? E se não mais a desejasse? Ela tremia. Mas a Raposa sabia que era necessário. Eles precisavam se encontrar.
Foi então que o Príncipe apeou do cavalo e encontrou seus olhos flamejantes, disse ele que foi assim que a reconheceu, pois a Raposa o esperava já transformada na sua forma humana e imperfeita. Mas o Príncipe, desta vez, olhou através dos defeitos rastejantes da forma humana, falsa e irreal, malfeita, viu-lhe através dos seus olhos o que ela sempre foi. Sua beleza. E abraçou a forma humana da Raposa, e ela sorriu feliz. E os dois trocaram seu primeiro "eu te amo".