Google+ Estórias Do Mundo: novembro 2009

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

A dupla VIDA DE HEITOR RENARD

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
Ele limpava o próprio gozo, derramado na barriga estreita, esculpido em horas a fio treinando no quartel, com folhas de papel higiênico branco, com afetado nojo, quando dirigiu a palavra a Heitor, dizendo: "Você seria um ótimo namorado!"
A declaração pegou Heitor livrando-se da camisinha usada. "Seria?", perguntou já vestindo a cueca boxer branca. O militar confirmou e acrescentou: "Você sabe fuder como um macho de verdade!". Envaidecido, Heitor voltou a cama que partilhavam. "Pena que eu não posso namorar um homem. Minha carreira, sabe?". E ele continuou a falar, contando da namorada que mantinha de fachada. Fachada para a família, fachada para os superiores. Contando que gostava realmente de homens, enquanto rolava sobre os pelos de Heitor, dirigindo-se ao músculo que o jovem militar já manipulava por dentro da cueca boxer branca.
Quando ele conseguiu, então, o que queria, e preparava-se para engolir, Heitor cantava baixinho Billy Brown, do Mika:

Oh Billy Brown needed to find some peace of mind
And on his journey and his travels on the way,
He met a girlie who was brave enough to say,
When they made love he shared the burden of his mind

Oh Billy Brown you are a victim of the times

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

PRESENTE: Como É Que É?

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
D: Bom dia flor do dia...

Foxx : Tinha uma resposta q rimava, mas não lembro qual é!

D: Dormiu bem???

Foxx: Dormi, sonhei a noite toda com o B.

D: Quem é o B., gente?

Foxx: O cara mais gostoso do planeta!

D: OK! Então... foi bom pra vc??

Foxx: Ah, pena q foi só um sonho!

D: Você é muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito engraçado!

Foxx: Eu? Valha! O que foi que eu fiz?

D: Nada... só é hilário! Você só me faz rir!!! Às vezes, desnecessariamente, engraçado!

Foxx: Sabia que vinha uma crítica aí...

D: Claro... sabia que você é imaturo? Você conversa comigo num dia, dizendo que achou errado eu te dar um "fora"... No dia seguinte me chama pra sair e fica com um outro cara na minha frente e acorda dizendo que sonhou com um cara gostoso e que foi pena ser só um sonho!!!! Todas essas atitudes são super maduras mesmo...

Foxx: Primeiro, você me deu um fora, isso é um fato, não uma reclamação, porém eu não estou ofendido ou magoado, por isso eu te convidei para sair. Pra sair como amigo! Segundo, eu fiquei com um menino e nunca passou pela minha cabeça que você se importaria. Estou extremamente chocado em saber que vc se ofendeu!

D: Você encarou como um fora, eu não considerei isso... inclusive te expliquei a situação... fui muito bem claro ao dizer que, se você estivesse realmente afim, poderia continuar comigo e, em algum momento, poderia rolar algo... mas, se não estivesse afim de investir eu não achava legal você se desgastar porque eu não estava preparado, naquele momento, para algo mais sério!
Enfim.... fora ou não... o que importa é que tinhamos conversado um dia e você me chamou pra ir a um bar tomar uma cerveja. Não fiquei com ciumes de você, só achei desnecessário, mesmo porque você deu UM beijo no cara... ou seja, eu acho que você não estava tão afim de ficar com ele... senão teria enrolado um pouquinho mais... não teria dado um beijo e virado as costas e saido! E, por enquanto, não fique me contando os seus sonhos eróticos ou as pessoas que você ficou, enfim... eu acho desnecessário... não tivemos nenhuma relação, mas acho desagradável ficar conversando sobre essas coisas com uma pessoa que eu acabei de ficar...
Você pode perceber que eu falo do R como meu ex e tal, mas não fico falando que ele era gostoso, que na cama ele era o melhor homem do mundo, que ele era o mais bonito que eu já fiquei... isso é desagradável. Você ficar com uma pessoa e depois DIZER que ela não foi a melhor. Não tenho a pretensão de ser o melhor em tudo, assim como você também não foi, mas não preciso te dizer com todas as letras isso!!
Se eu decidi que não rola mais de ficarmos, pode ter certeza que foi uma decisão bem pensada e que eu não vou mudar de opinião por fatos como esses!

Foxx (gargalhando): Por que não? Ele me pediu um beijo. Nem pensei em você na hora! Eu não tava te provocando! E você realmente achava que a gente ficaria ficando até um dia que você resolvesse que gostaria de me namorar? Mesmo?!
Querido, em momento algum eu estava pensando nisso. Você decidiu que não quer mais ficar comigo, não foi? Então, é claro eu parti para outra. E, se eu te falei sobre o B., falei porque eu falaria com qualquer outro amigo. Porque, pelo menos para mim, você não é o cara que eu fiquei uma vez. Você é um amigo que por acaso a gente ficou!

D: Não estou desprezando sua amizade e digo que adorei as partes boas da nossa saida, mas é que eu não consigo conceber ficar com uma pessoa no dia e, no seguinte, ser um amigo que pede opinião sobre o "gatinho" da mesa do lado!!! Isso demanda um tempinho!

Foxx: Vamos falar a verdade, não é, querido? O fato é que nós ficamos há quase um mes! E sua raiva é que você me deu um fora e queria que eu tivesse ficado correndo atrás de você e, surpreendeu-se quando isto não aconteceu, não foi?? Desculpe! Você só tem a chance de me dar uma fora uma ÚNICA vez!

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

PASSADO: Homofobia(s) I

, em Natal - RN, Brasil

Paula



Aquele menino de cabelos cacheados nasceu em um bairro pobre da periferia de Natal. Região perigosa àquela época, mais perigosa hoje em dia. Nossa Senhora de Nazaré. Margeado por um lado pela fartura de Lagoa Nova, um bairro de bons, com ruas asfaltadas e casas de muros altos, e, por outro, pela pobreza do Bom Pastor, onde a linha férrea cruzava por cima de um riacho poluído pelo esgoto que descia das casas pelo meio-fio das ruas. Era um bairro de imensos terrenos baldios onde nasciam mamonas e meninos corriam descalços em ruas de barro vermelho. Hoje vilas ocuparam os terrenos, a prefeitura instalou esgoto e espalhou o sólido calçamento. O riacho não existe mais. Antes os meninos faziam guerras de estilingue e faziam lanternas para quando faltasse luz, hoje eles se matam com armas de fogo e assaltam pessoas quando a luz se afasta em ruas escuras. Neste bairro ele cresceu e se formou. Cresceu um menino quase menina com seus cabelos de cachos pequenos que balançavam quando ele corria pelas ruas. E como Pombinha, cabia a ele, um único destino. Um destino marginal.
Foi neste bairro que o destino de Paulo o permitiu crescer. Cresceu ofendido pelos meninos que o destino dele o forçou a conviver preso naquele bairro que crescia tal como ele mesmo, que de menino se transformava aos poucos em homem, ou mulher? Ele sofria com essa dúvida, devia ser homem, tinha corpo de homem, mas queria ser mulher, nascera para ser mulher, tinha certeza, apesar do corpo. Mas, este mesmo destino que fizera nascer menino, ali, naquele bairro pobre da periferia de Natal, o surpreendeu um dia, quando um outro, tão diferente, tão marginal quanto ele, ao qual ele não gostava muito de envolver-se porque com medo e asco de sua própria imagem refletida no outro, preferia evita-lo. Não obstante, estavam expostos ao mesmo tratamento, de suas famílias, de seus vizinhos, daqueles outros meninos que corriam descalços no mesmo barro vermelho que eles. Este, de nome bíblico, Isaac, apareceu um dia na casa da mãe com um namorado, e toda vizinhança comentou e foi olhar. Paulo, também surpreso, foi olhar e, inflou-se de coragem e também resolveu se mostrar, e amigo do Isaac ele se tornou. Apoiado por Isaac, Paulo assumiu o seu destino e tornou-se Paula.
E os cabelos cresceram, as roupas mudaram, e ele se tornou manicure, através de remédios os seios passaram a crescer. Adotou o nome por causa de um personagem de novela que ele admirava. E ele passou a não atender mais por ele, somente ela. Agora tornara-se definitivamente Paula e passara a marcar encontros com homens através da lan house do bairro. Gastava seu dinheiro de manicure com roupas curtas e horas na internet. Sempre ia encontrar com eles na esquina de uma avenida, e enquanto ela esperava e, às vezes, algum conhecido passava, cumprimentava-o com um aceno quando não mandava um beijo. Um destes homens deve tê-lo matado numa noite de setembro. Talvez um conhecido mesmo, talvez um desconhecido da internet. E Paula foi encontrada estirada, pobre Paula, no chão, com o vestido roto e os cabelos vermelhos, mas não era tintura, era mesmo sangue, que escorrera de seu corpo para o chão, e alcançara seu cabelo. E ninguém nunca soube quem tinha matado Paula, porque não precisa, "era só um traveco de nada".

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A grandiosa VIDA DE HEITOR RENARD

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
Magno olhou para Heitor com aqueles profundos olhos azuis, na frente do prédio em que o herói grego morava, e disse, como quem não quer nada, que iria querer vê-lo de novo. "Claro", pensou Heitor, "depois que eu te fiz gozar duas vezes seguidas". Contudo, em silêncio o beijou. Beijou aquela mesma boca suave que procurava a do herói troiano enquanto ele cravava as unhas e o pênis duro dentro de suas nádegas suculentas. Magno o envolveu em um abraço apertado, após o beijo molhado, e repetia que queria encontra-lo de novo, e de novo, que foi muito bom tê-lo naquele dia. Heitor sorriu e Magno apertou suas coxas e o puxou novamente para outro beijo, enquanto delizava a mão para a nadega branca e lisa, por dentro da bermuda de alfaiataria preta. Elogiou-o novamente. Heitor falou então que quando desejasse poderia procura-lo, pois ele tinha seus telefones e sabia onde ele morava. "Moro no 402". Magno confirmou e disse que viria sim, que Heitor não escaparia dele, e a mão de Heitor apertou seu pênis mais uma vez por cima da calça jeans e ele sorriu. "Você é muito gostoso!", repetiu mais uma vez. Era hora já de deixar o carro e Magno pediu mais um beijo, dado, Heitor abriu a porta e dirigiu-se a portaria do condomínio, e quando abriu a porta e Magno ligou o carro, os dois já sabiam que nunca mais se veriam de novo.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

PRESENTE: FDP

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
- Ah, Brunno... lembrei de uma coisa. Disse eu deitando no sofá.
- Oi? Falou Brunno, meu colega de apartamento, sem nem virar-me o rosto em minha direção.
- Quando você pretender, novamente, me humilhar na frente dos seus amigos, por favor, pense duas vezes, certo?
Ele passou um segundo sem respirar, notei, seu corpo se encolheu na cadeira, como acontece toda vez que ele percebe que cometeu um erro, somente então ele juntou forças para balbuciar alguma coisa.
- O-o quê? Eu te humilhei?
- Sim! Na sua festa, lembra? Na frente dos seus amigos?
Ele permanecia em silêncio. E se encolhia na cadeira, ainda de costas para mim.
- Quando o Rafa falou que os amigos dele achavam que nós dois namoramos e você disse para ele bater na madeira três vezes?
- Ah, eu falei só p'ra você! Tentou ele argumentar.
- Só p'ra mim? Eu estava na sala, você dentro do seu quarto, acha mesmo que só eu ouvi. Sinceramente, fiquei ofendido e magoado! Por favor, que algo deste tipo não se repita.
Ficamos em silêncio, novamente. Foi quando ele tomou a palavra.
- Olha, se eu soubesse que tinha te magoado, eu teria pedido desculpas.
- Pois é, pois foi isso que você fez. Não se fala isso na frente de todas as pessoas. De pessoas que eu não conheço. Que não me conhecem!
Tentando tomar o controle da conversa, Brunno fala:
- Mas eu falei somente para você.
- Mas todo mundo ouviu.
- Também você saiu espalhando, não foi?
O tom era de acusação, ele tentava me acusar, mas mantinha-se ainda de costas para mim.
- Então quer dizer que contaram a você que eu não tinha gostado da brincadeira e você, mesmo sabendo disso, não se dignou até agora a pedir desculpas?
Ele silenciou novamente, ele sabia que só havia um caminho naquele instante, pedir desculpas. Porém o Brunno não pede desculpas, a ninguém, por motivo algum. Ele não aprendeu a fazer isso em nenhuma fase do seu desenvolvimento. O silêncio se instalou entre nós, novamente.
- Pois bem, Brunno, eu só quero que você perceba uma coisa! - sentenciei - Quando você falou estes absurdos para mim, coisa que não se fala de um amigo, eu poderia ter respondido na frente do seu namorado que você ficou com o Vinicius, lá em casa e durante o ENUDS, porque eu vi! Eu poderia ter soltado isso, mas você sabe porque eu não fiz?
Ele continuava neste momento se encolhendo dentro da cadeira, e mantinha-se de costas para mim. Eu então fiz uma pausa dramática longa, esperava uma resposta que não veio e aproveitava para curtir como ele parecia pequeno naquele momento.
- Eu não fiz, Brunno, porque eu era seu amigo. Preste atenção no tempo verbal, era. Da próxima vez eu não terei esse pudor, então, tome mais cuidado da próxima vez, ok, garoto? Mais cuidado!

domingo, 8 de novembro de 2009

PASSADO: A Face

Este texto foi escrito para mim por um ex, o Txi. Um ex-ficante. Nós tentamos um namoro em junho de 2006, porém não o considero como um ex-namorado. Apesar de ter sido ótimo termos ficado juntos, mas, convenhamos, um mês não é um namoro. Tudo se encerrou, disse ele, porque teríamos nos tornado mais amigos do que namorados. Na minha opinião foi porque ele realmente estava apaixonado por um colega que lutava karatê com ele na seleção do Estado, o Júlio. Hoje, três anos depois, talvez traumatizado pela impossibilidade do amigo hétero apaixonar-se por ele, podemos encontra-lo dentro de alguma igreja, sufocando seu desejo.


A Face


Eu o observo... Tão atentamente, que minha mente voa pela arquitetura de seu rosto.
Vejo a perfeição e as curvas delineadoras desta jóia reluzente.
Os olhos de um oriental, que expressam a sabedoria milenar de idas vidas...
Duas pedras de ébano jazem naqueles olhos expressivos, que parecem clamar por meus afagos.
E então vejo a delicadeza de seu nariz que desce suavemente , assim como uma duna, cuja areia a cobre como um véu.
Perco-me nestes lábios... Que me seduzem, me envolvem e me levam à distâncias cósmicas de prazer, numa trama intrínseca de amor e paixão, em puro fervor...
E a barba que cresce feito grama verde num belo jardim, do queixo másculo até ao principio de suas orelhas pequenas.
Ele então me beija, dando-me a prova de que aquela fantasia pertencia só a mim.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A perigosa VIDA DE HEITOR RENARD

, em Belo Horizonte - MG, Brasil
As coisas pegavam fogo naquela cama. Jardel tinha aquela pegada de homem. Aquela com força, mas com carinho, aquela que te submete, que você se torna dele. Heitor estava entregue. Aos beijos, as mãos, ao corpo daquele homem experiente. Jardel sabia estimulá-lo, tocá-lo, sugá-lo, sorvê-lo. Heitor de fato estava entregue. E já o desejava. "Coloca a camisinha vai? Me come!", disse o herói. Jardel esperava por isso, e começou a provoca-lo. "A camisinha!", cobrava Heitor. O outro ria e respondia que estava só brincando, não ia fazer nada. Heitor sabia que aquilo era mentira, mas a boca do outro no seu corpo, os dedos que o vasculhavam e o pau em riste tentando penetrá-lo sem nenhuma proteção. Jardel notava que o herói estava entregue. Tróia estava vencida! Foi quando ele avançou, Heitor no entanto fugiu dizendo "Sem camisinha, não!", o outro o puxou rápido e derrubou-o na cama. "Eu sei que você quer". Heitor respirou fundo e calmamente falou: "Quero! Quero muito dar para você agora!". O outro sorriu contente. "Mas somente de camisinha". Jardel tentou argumentar, ainda deitado por cima dele, tentava penetrá-lo, foi quando Heitor escapou e o outro segurou forte pelo braço, intimamente assustado, Heitor fingiu que nada estava acontecendo. "Se você não vai usar camisinha, veste tua roupa e vai embora!". Jardel argumentou que estava limpo, que não haveria problema. "Se veste vai, e vai embora!". Jardel o olhava sem entender. "Eu falei sério!", ele começou a se vestir ainda sem acreditar. "Nunca me expulsaram de um lugar assim". Heitor já estava completamente vestido neste instante. "Sempre há uma primeira vez, meu caro, sempre há uma primeira vez".

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

PRESENTE: Trechos Paulistas

, em São Paulo, Brasil

Bar d'Aloca, noite, garoando pela primeira vez que estou em São Paulo. Um vento frio nos cobre, e cervejas estão nas mesas. Sebek está comigo.
- Por isso você reclama que é difícil encontrar um namorado, menino. Comento.
Sebek me olha curioso, interrompendo a respiração naquele momento.
- Claro, você acha que é fácil alguém manter essa conversação que estamos tendo aqui?!
- Como assim?
- Estávamos até agora discutindo a história da Polônia. Dinastias polonesas e russas. A vida de Maria I em Portugal. Também os contos de Caio Fernando Abreu. Acha que é fácil encontrar alguém que possa conversar com você sobre isso?
- Bem...
- Acho melhor você se contentar com os burrinhos, amigo, com os burrinhos.


* * * * *


Bar d'Aloca também. Gus chegou lá um pouco atrasado. Lindamente vestido. De terno, saído do estágio em que trabalha.
- Ah, vou largar o curso de direito. Não combina comigo.
- Ah, amigo, mas você 'tá tão bonito nessa roupa. U-A-U! P'ra mim combina...
E rimos todos juntos. Conversamos um pouco e, logo, eu e o Sebek reconhecemos que ele era bem diferente do que aparentava no blog. O menino baladeiro do blog se mostrou um fofo romântico.
- É! Muita gente faz uma idéia errada da gente pelo que escrevemos no blog. Formam uma imagem. Nós nos tornamos uma personagem.
- Como o Heitor do meu blog. Comento.
- Ah, eu adoro o Heitor. Que homem é aquele?! Sou fã!
E rimos todos juntos.


* * * * *


Manhã de sexta-feira quando o meu celular toca no hotel. BinhoSampa brilha no visor. Eu atendo e ele me avisa que está indo buscar-me.
- Preciso comprar algumas coisas, vamos comigo?
Eu concordo! E chegando ao hall, sorrindo, ele avisa o destino.
- Conhece a 25 de Março?
Diante de minha negativa.
- Tem que conhecer! - e ri - Depois, almoçamos no Mercado Municipal. Combinado?
Novamente, concordo. E partimos, e após algumas horas de trânsito, chegamos e ele animado me explica o funcionamento da rua.
- Quando a polícia chega eles reúnem tudo e correm.
E, pouco tempo depois, uma briga estoura em meio aos camelôs fazendo com que as pessoas corram para o lado oposto, enquanto policiais correm em direção ao conflito. A confusão é genralizada. Pessoas se escondem dentro de lojas que fecham suas portas temendo assaltos ou balas perdidas.
- É acho que deu, né?


* * * * *


Noite de sexta. Encontramos, eu e o Binho, o Marcos na Av. Paulista. Binho sugere um bar, o Volt, onde a decoração com luzes neon iluminaram nossa conversa a três, enquanto eu trocava mensagens com o Louis e o LicoSP.
- Pois hoje estávamos, eu e o Foxx, conversando sobre a situação política do Brasil. - dizia o Binho - Eu afirmava que o último marco histórico de nossa história recente foi a eleição de Collor.
- O que eu concordo plenamente - reforço -, Collor foi uma bela lição aos brasileiros que esperavam eleger um príncipe e recomeçar uma monarquia e aprenderam, a duras penas, que o sistema republicano é diferente.
- Realmente - fala o Marcos - é realmente um marco. Ele abriu a economia do país.
- Sim, muita gente saiu mal do processo... começa a falar o Binho.
- É, ele abriu a economia brasileira muito rápido para o mercado estrangeiro. Interrompe Marcos.
- Pois é! - continua Binho - Mas sem a abertura que ele proporcionou à economia brasileira nós estaríamos muitos anos atrasados. Collor abriu as portas do Brasil à globalização.
- E em momento algum eu discordei disso, Binho? Comento.
- Mas bem que você é muito mais a favor do Lula.
- Eu sou de esquerda, ora. Reafirmo.
- E existe esquerda no Brasil hoje, Foxx? Pergunta o Marcos.
- Acredito que sim.
- Bem, eu acho - interrompe o Binho - que não.
- É - concorda o Marcos - temos uma esquerda que quando está no poder se comporta como direita.
- Bem, eu acho que vocês esperam uma esquerda necessariamente ligada o comunismo/socialismo. Para mim a esquerda é muito mais próxima à esquerda da Revolução Francesa.


* * * * *


Ainda sexta, estou no Sonique quando meu celular toca. Afasto-me da mesa para atender o telefone.
- Oi!
- Foxx?
- É! Sou eu!
- Olha para trás!
Eu me viro, e encontro o LicoSP. Um abraço e sentamos. Uma mesa de canto. Ele me apresenta o namorado. Estamos todos encantados pela Sonique.
- Eu queria conhecer, você me deu a desculpa perfeita. Fala o Lico.
Pedimos bebidas.
- Pior é que não posso beber. Eu moro um tanto longe e sempre tem policiais no caminho, não posso levar outra multa senão perco a carta.
- É! Isso é mal! E rimos.