Google+ Estórias Do Mundo: dezembro 2008

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quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

EXTRA, EXTRA, EXTRA: O príncipe Arthur e a Raposa 2





PARTE 1, aqui.

Longe da raposa, o príncipe tentou viver sua vida. Um dia, inclusive, num baile no castelo, na corte, conheceu um belo vilão. Apesar dele não ter esquecido o Foxx que fugira, ele estava decidido a tentar e aceitou a corte que o vilão lhe propunha, porém a tentativa fora inútil, o príncipe Arthur estava encantado por ele. Foxx, a raposa.
Sendo assim, por meses, pela floresta branca, o jovem procurou seu objeto de devoção tomado de paixão. De estima. De admiração. O carinho e a generosidade daquela raposa que, não obstante seu medo de humanos, o ajudou, haviam feito com que ele desejasse, sinceramente, sua companhia.
Incansável em sua busca, Arthur vasculhou cada centímetro da floresta e, um dia, ao lado de uma fonte a reencontrou. "Sabias que te procuro por entre espinhos há tempos?", e sorriu. A raposa, no entanto, rosnou: "Que fazes a perseguir-me?". Surpreendido pela reação violenta da raposa Foxx, o príncipe olhou tristemente para o chão. Esta, comovida, falou: "Desculpe-me se sou rude. É que temo por minha vida. Um príncipe de terras mais distantes desta floresta, de cabelos negros como a noite e olhos de carvão, me feriu um dia gravemente". O príncipe Arthur então fixou aqueles enormes olhos de esmeralda, cercados por cílios de seda, em Foxx e disse-lhe: "Eu sou diferente dele", e abriu os braços, ajoelhando-se no chão, pedindo um abraço que, tímido, a raposa deu, "Por favor, Foxx, acredite". A raposa sentiu, então, o calor daquele abraço e a verdade de suas palavras, aconchegou-se então e relaxou.
Todavia, no segundo posteiror, de um salto ela se afastou. "É impossível!", dizia Foxx, "sou uma raposa, tu és um príncipe". O príncipe sorriu e falou que sabia que as raposas podiam se tornar humanas na lua cheia. Foxx tremeu e, baixinho, repetiu vários e vários "não". Preocupado, Arthur abraçou o Foxx e perguntou-lhe o que se passava, sem deixar de acariciar-lhe embaixo das orelhas, a raposa então respirou fundo e deitou aconchegada em seu colo quando uma lágrima rolou pelo seu pêlo macio. "Minha forma humana é terrível, meu príncipe, se tu a ver, com certeza deixará de me amar". Arthur levantou-se indignado. "Por que monstro me tomas?", gritava ele. A raposa apenas se encolheu, temerosa.
Foi quando Arthur percebeu. "É isto que temes, não é minha raposa? Que quando eu conhecer tua verdadeira forma, faça como todos e te abandone?". Entre lágrimas, Foxx confirmou com um aceno, o príncipe, então, novamente ajoelhou-se diante da raposa e a abraçou. "Eu sou diferente! Eu sou!".
A raposa sorriu e acreditou, aconchegada no colo do príncipe, os dois esperaram, juntos, a lua cheia. E foi numa noite clara e quente que esta chegou. Arthur estava ansioso, e quando um clarão ofuscou-lhe a visão, ele sorriu com suas pedras de marfim, porém, quando a luz se desfez e seus olhos se depararam com uma forma fantasmagórica e bruxuleante, o sorriso deu lugar a repulsa. Foxx, a raposa, agora um homem, tentou tocá-lo, abraçá-lo, porém o toque que antes ele tanto ansiava, agora feria-lhe as carnes. Vertigens subiram-lhe a cabeça. E no momento que a raposa tantou beijar-lhe, ele fugiu, balbuciando um desculpe. "Eu realmente achei que não ia me sentir assim". E correu. O mais rápido e o mais distante que conseguira. De volta a proteção do seu castelo. Deixando a raposa Foxx lá, na floresta branca, presa naquela forma repugnante, incapaz de retornar. A raposa, então, coube apenas chorar. "Eu sei que você não pretendia, meu príncipe, mas você foi só mais um. Igual a todos os uns".




MORAL DA ESTÓRIA: Não existem finais felizes para contos de fadas com raposas.

terça-feira, 16 de dezembro de 2008

PRESENTE: Merda! Shit! Merde! Mierda! Scheiße!

O título resume meu ano. Fazendo o levantamento das vitórias e derrotas que o ano de dois mil e oito trouxe para mim. No fim, me restou um balaio cheio de merda, como se diz na minha terra. Belo Horizonte era, mas não foi. Merda! Cheguei aqui cheio de esperanças, que minha vida mudaria, mas foi o que aconteceu? Em certa medida foi! O que aprendi este ano? Que a colonização começou em 1530 tanto no Brasil quanto na Índia, que minhas fontes devem ser definidas por dentro e não por fora, que as crônicas coloniais eram elementos para angariar prestígio. Também que ninguém me ama como a minha mãe, que eu tenho amigos verdadeiros e a distância não apaga uma amizade verdadeira, que o blog pode te fazer conhecer pessoas incríveis. Mas a maior lição, foi não sonhar. Não sonhe! Faça planos! Trace objetivos! Shit! Eu não consigo deter um sorriso cínico quando me lembro que não derramei uma lágrima quando deixei Natal um ano atrás. Por que eu não chorei? Porque Belo Horizonte ia me trazer tudo o que Natal se negava a me dar. Era esse meu sonho! Liberdade, independência, um amor. Merde! Esse sonho ruiu nas primeiras semanas. Sem trabalho, sem bolsa, liberdade e independência foram as primeiras coisas que se desmancharam no ar. Mierda! Um amor? Ah, amor! Eu tinha uma ilusão sobre isso. Eu achava que o problema não estava em mim. Eu achava que os potiguares, os natalenses, que não conseguiam enxergar a beleza que há em mim. Bem, os mineiros também não conseguiram. Scheiße! E é idiotice achar que se eu tentar de novo, outra cidade, outras pessoas, isso acontecerá diferente. Lembro das palavras do Razi: "Você precisa vir para o sudeste, tudo será diferente". Não, Razi, não foi. Shit! Continuo sendo o mesmo menino que realmente sonha em encontrar um amor de verdade, mas que não tem a menor chance de encontrá-lo. Belo Horizonte me ensinou isso. Belo Horizonte apenas me tirou aquilo que eu tinha e não sabia que tinha. Merda! Meus pais, meus irmãos, essas pessoas que sempre estiveram ao meu lado, mas eu nunca os vi, Minas Gerais me arrancou deles e só hoje, agora entre lágrimas, eu descubro quanto os quero ao meu lado. Meus amigos, ah meus belos amigos em Natal, os quais demorei tanto a encontrar, só hoje, quando lágrimas rolam pelo meu rosto enquanto digito esse texto, que sei quanta falta eles me fazem. дерьмо! Um ano depois, eu posso dizer que aprendi muitas coisas, e poucas delas foram agradáveis. O que será que 2009 me reserva?

sábado, 13 de dezembro de 2008

OI.........GENTE 2


Gentemmm, vocês não me conhecem mas uma vez me apresento!
- Prazer meu nome é Jezebel profissioanal do SEXO.
Vocês pode me localizar pelo Google maps na avenida principal de Copacabana, com uma bolsinha imitação da GUCCI.Pedi a foxx pra me encostar aqui no blog dele,( NEM VOU COMENTAR COMO O CONHECI ) ( ABAFA ) já que fui praticamente expulsa do Blog do Goiano, porque lá não catei nenhum cliente.E agora com a chegada da Madonna tenho certeza que o RIO vai fervilhar de gatinhos e tenho plena convicção que vou conseguir pagar a 24 prestação do meu fusca 78, e começar a compra umas roupinhas novas como as calcinha importadas da europa que ao ser lambida se desmancha na boca e ainda deixa o cliente com a lingua roxa, são tantas as novidades que tenho pra oferecer, como por exemplos pernas cabeludas, lixa mesmo aquelas que ao toque arranham ate na alma, tem home que adoraaa sentir uma roçada de pernas cabeludas, e a mas recente descoberta feita por nos quengas de plantão é a mamada .... "mama milico", a mamadinha notuna diária no sargentão Roçapau, um negão de 195 um armario em forma de maxo. ( ouve-se um tremendo barulho )
- gentemmm vou ter que me mandar as amigas de pista PEDROCA e BEBEL, foram pegas pela guarda municipal estavam fazendo um boquete no hidrante da prefeitura... XAU monasssss .. fui.

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

PASSADO: La Telenovela Mexicana 2

Gente, não imaginei que esse post causaria tanto alvoroço, que bom né?, mas vamos lá, continuando...

Episodio Seis


Encontrei Gustavo no outro dia. Ainda na faculdade de manhã, ele veio falar comigo. Feliz por finalmente eu ter ligado. Como ele era bonito! Um corpo cultuado em horas na academia que eram sagardas para ele! Braços fortes naquela camiseta pólo salmão, a farda da Biblioteca Central, o peitoral marcado, e a calça jeans justa, pernas, bunda e sim, um volume imenso. Ele sabia que era bonito. E aquele menino bonito me queria. Enquanto conversávamos, Juan me ligou. Perguntou se eu estava bem. Perguntou se estávamos bem. "Foi você que aprontou, não foi?". Ele pediu desculpas, pediu sinceras desculpas, e eu comovido o desculpei. "'Tô combinando com uns amigos de ir a Santa Rita, se você quiser ir?". Ele concordou! Eu sorri! "Santa Rita é?", virou-se Gustavo para mim. "Meus pais têm uma casa de praia lá! Vou com amigos... amigos héteros". Ele esperou um convite. Que não veio. Ele então se aproximou do meu ouvido e, baixinho, disse-me: "Hoje eu quero mais do que só você me chupar".


Episodio Siete


Eu estava apoiado na parede. Nu. Minha pele branca tocava a pele negra de Gustavo que apertava-me a cintura com aquelas mãos grossas. Ele se esfregava na minha bunda e mordia minha orelha e respirava na minha nuca. Com uma camisinha que mal cabia naquele músculo rijo, ele tenta me possuir. Eu fujo. "Calma!". E apertava minha bunda. Era bonito o contraste entre nossas peles quando ele me abraçava, e aqueles braços musculosos ficavam em torno do meu corpo. Bonito! Muito bonito! Segunda tentativa, mas é grande demais. Demais para mim! Eu saio novamente. Mais rápido do que ele consegue me conter. Ele me olha decepcionado. Eu me ajoelho e o engulo. Todo. E com força. Ele se segura na parede e geme alto. E conforme eu sugo, ele geme ainda mais alto. Minhas mãos passeiam por aquela barriga perfeita. Os dedos dele se enfiam entre meus cabelos. Ele grita. Eu sugo mais. "Filho da Puta!!!". E minha boca se mantém ocupada, enquanto ele goza e suas pernas fraquejam, precisando que eu o segure para que ele não caia no chão desfalecido.


Episodio Ocho


Liguei para Juan na sexta, nos falamos na semana pelo MSN. Ele me explicou sua situação. Pediu mais desculpas. Eu realmente não estava me importando mais. "Chifre trocado não dói". Avisei-o durante toda semana sobre a casa de praia. Queria ir com ele, e ter o prazer de, pela primeira vez, estar entre amigos com um namorado. Dormir juntinho. Sexo! Ah, sexo! Eu, pela primeira vez, não seria o único ali a não fazer sexo. Esse papel seria do Fê. Estava animado. Liguei para ele na sexta. "Hoje eu não posso ir". Um inquietação subiu no meu peito. "Mas amanhã sem falta eu chego lá, 'tá?". Certo, um dia a menos, mas teremos dois, um sábado e um domingo. E eu terei prazer em apresentá-lo. "Fran, este é meu namorado, Juan". Tudo bem! Também falei com o Alejandro pelo MSN, depois de mil desculpas, também o desculpei, foi um erro, seres humanos cometem erros. E, no sábado, ele me ligou. "Juan me disse que você estava na praia". Ele continuava falando com Juan, estranho, mas decidi ser superior. "Ele acabou de me ligar dizendo que não vai poder vir, eu queria ele aqui, sabe? Mas fica para uma próxima vez". Eu, na verdade, estava com ódio. Fê estava se agarrando no jardim da casa de praia com o namorado da Fran, eu, no telefone, na porta, para avisar caso alguém descesse do primeiro andar, onde nossos amigos estavam bebendo, fumando e ouvindo música. E eu, apesar de estar namorando, era novamente o único solteiro dentro daquela casa, sobrando. "Quando eu passei na casa dele hoje, ele tava cheio de coisa p'ra fazer!". Tudo parou naquele momento. "Quando você passou na casa dele?". Alejandro percebeu o que tinha feito, de novo, gaguejou e eu desliguei o telefone na cara dele. Foi quando ouvi Fran atrás de mim, tirando o meu Carlton da minha mão. "Sabe porque gosto de fumar com vocês, vocês não babam o cigarro". E viu. Fê e o namorado. Ela só girou nos calcanhares e voltou. Eles nem notaram. E eu, entrei no meu quarto, pus uma sunga, era noite, e fui para o mar.


Episodio Nueve


A água quente do mar do nordeste me envolveu naquela noite sem estrelas. Minhas lágrimas, de raiva, ódio, desprezo, rolavam pelo meu rosto e caíam na água. "Ele estava na casa de Juan... jogando Banco Imobiliário que não era". Foi a gota d'água. Gustavo tinha sido pouco. Ele nem sentiria uma outra traição. Aquela puta precisava de mais. Precisava que eu o fizesse se apaixonar por mim. Ele merecia, não chifres, ele merecia era um coração estraçalhado. "Eu preciso que ele se apaixone por mim!" E chorava. Eu olhei para o céu e para o mar. As lágrimas saíam aos borbotões. Foi no colo de Iemanjá que chorei todo o ódio que me maltratava o coração. Ódio por Juan! Ódio por Alejandro! "Eles devem estar juntos agora, enquanto eu choro aqui, não posso, não devo ficar assim". E me levantei e saí, mas desejando que eu não me apaixonasse por ele, nunca, mas que ele caísse de amores por mim. E foi quando eu já tomava uma ducha, no jardim da casa, que todos que estavam lá ouviram uma voz feminina dizer: "Será assim como desejas, Foxx!".


Continua?

sábado, 6 de dezembro de 2008

PRESENTE: Não Digam Que Nunca Pensaram Nisso

Sentado no banco daquela delegacia, eu tive que avaliar minha vida. O que eu estava fazendo até agora comigo mesmo? Os policiais passavam por mim. Bem vestidos em suas fardas justas, exibindo corpos bonitos e alianças nas mãos. O que eu estava fazendo ali? E como aquelas alianças me incomodaram. Eu reparei novamente, olhei a mão de todos os que estavam naquela sala, todos homens e homens não gostam de compromisso, o rapaz algemado sentado em frente a mim, dois agentes conversando num balcão, outro no telefone, quatro policiais, o escrivão, todos tinham alianças em suas mãos. Eu era novamente o único solteiro. Eu não conseguia parar de pensar, será que era por causa disso que eu estava naquela delegacia? Não que ser solteiro seja crime, mas será se eu não estivesse solteiro teria me envolvido com isso e acabaria aqui? Onde mais eu era o único solteiro? Foi a pergunta que cruzou meu cérebro. No meu doutorado eu sou único solteiro da turma também. Entre homens e mulheres. O único gay e o único solteiro. E é claro que a questão explodiu dentro de mim: será que é porque eu sou gay? Se eu não fosse, se eu fosse hétero, se eu pudesse pelo menos fingir que sou hétero, será que eu estaria solteiro? Pela lógica que vi naquela delegacia, pela lógica que consigo enxergar na minha turma, fazia muito sentido acreditar nisso.
Claro que um embate homérico se instalou dentro do meu coração: como eu poderia estar pensando aquilo? Eu sou gay, eu tenho orgulho de ser quem sou, gay e bem sucedido. Disso eu tenho muito orgulho. Semestre que vem torno-me professor da Universidade Federal de Minas Gerais. Aí estou eu provando para todo mundo que ser gay não é demérito para ninguém. Eu sou bem resolvido! Ou não sou? Fiquei a pensar em todas as pessoas bem e mal resolvidas que passaram em minha vida até hoje. Os que se orgulhavam, batiam no peito e diziam a qualquer um e a qualquer hora que eram gays, aqueles outros que tinham vergonha, que ficariam mortificados se qualquer um suspeitasse de seus gostos; homens que namoravam mulheres e homens ao mesmo tempo, homens que se vestiam de mulher todo o tempo. Eu sempre me coloquei do lado daqueles que se orgulhavam, e estava eu ali sentado, enquanto o delegado fumava e revistava o bolso do cara algemado, os policiais diziam que ele fora encontrado de posse de um carro roubado, ele se dizia inocente, "todos são sempre inocentes". Pop, Six, Squish, Uh uh, Cicero, Lipschitz! Olhando aqueles policiais eu desejei sinceramente ter um jeito de ser igual a eles. De ser hétero, de poder largar toda essa vida, de parar com isso, de começar algo novo, diferente, inexperado, porque só o inexperado muda nossa vida. E o que seria mais inexperado do que eu apaixonado por uma mulher? E o que seria mais inexperado do que uma mulher apaixonada por mim? Quer dizer, nem tanto, já aconteceu algumas vezes.
Seria uma tentativa válida, não é? Afinal eu já vi muitos meninos dizerem que se descobriram gays ao perceber que a coisa com mulheres não funcionava muito bem. A minha com homens também não funciona, quem sabe, no fundo, eu sou hétero. Deve ser por isso que estou sozinho: porque sou gay! Contudo, aí eu pensei em meus amigos, dos quais quase todos são gays e quase todos estão namorando. Inclusive foi uma onda avassaladora de começos de namoros que eu recebi nessa semana que me impulsionou a sair naquele domingo de qualquer maneira, mesmo sozinho. Eu precisava provar para mim mesmo que eu estava bem. Sozinho, mas bem. E onde terminei? Ali, num banco duro de delegacia! Eu tive vontade de chorar ali. Mas não chorei, porque homem não chorar nem por dor, nem por amor. Meu pai sempre disse isso, e eu sempre fui um chorão.
Eu estava com lágrimas nos olhos quando um dos agentes me arrancou dos meus pensamentos: "Mas e você é extravio de documentos, não é?"

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

PASSADO: La Telenovela Mexicana

Voltando a programação normal...

Episodio Uno


Eu conheci o Juan nas salas do UOL. "O melhor conteúdo". Aquele surfista moreno de olhos verdes e corpo escultural, não sei porquê conseguiu chamar minha atenção. Passamos ao MSN. Conversas constantes e diárias culminaram conosco nos conhecendo numa rave no estacionamento de um shopping. Eu fui acompanhado de amigos, naquela época amigos, Roger, Fê e Alejandro. E todos ficaram babando quando Juan chegou com as suas mãos nos bolsos de trás da calça. Aqueles olhos verdes, aquele rosto perfeito e aquele sorriso de menino tímido eram demais para mim. "Nunca será meu!". Mas foi. Naquela noite mesmo vi o Roger bater no meu ombro e dizer: "Que bom que você pegou, senão eu pegava!". E eu tive que responder: "Peguei não, estamos namorando!". Sim, nos conhecemos, e na mesma noite já estávamos namorando. E, nos beijando, na parte mais escondida do estacionamento, trocamos os nosso chaveiros (não, isso não foi um eufemismo). Ele, simpático como só ele sabia ser, conheceu também meus amigos. Estes conversaram com ele. Principalmente Alejandro. E é claro que eu não me preocupei, por que me preocuparia mesmo quando eles trocaram telefones e e-mails? Afinal era um amigo. Era até bom que meu novo namorado fosse amigo dos meus amigos.

Episodio Dos


Segunda-feira pela manhã eu estava na faculdade. Gustavo também estava lá. Gustavo era um negro lindo de olhos mel e corpo sarado que fazia biblioteconomia e nós já nos conhecíamos há algum tempo e, digamos, tínhamos um rolo que sempre terminava num dos banheiros da faculdade comigo o chupando. E ele gostava muito disso. Suas pernas chegavam a perder as forças quando ele gozava na minha boca. Eu gostava disso. Mas agora eu estava namorando. E ele estava insistindo. Passou a manhã jogando charme para cima de mim. Passou a tarde também, quando eu voltei para o trabalho na minha bolsa de iniciação científica e ele para a aula, afinal pela manhã ele estava no estágio na biblioteca. E que fique claro, era muito difícil resistir aquele homem. Mas eu fazia corajosamente.


Episodio Tres


Era o fim da tarde quando o Fê me liga dizendo que não tinha mais aula. "Vamos pegar um filme?". Topei. "Passa aqui no bloco que a gente vai para o Natal Shopping". O problema é que era o mesmo bloco que o Gustavo tinha aulas também. Rezei para não encontrá-lo, mas não adiantou muito. Enquanto eu ligava para o Juan convidando-o para ir ao cinema comigo, "Rio Verde, lá no centro", Gustavo sorriu de longe. O Fê sabia de nossa estória e riu. Juan do outro lado do telefone disse-me que tinha um compromisso e não poderia ir, disse-lhe que tudo bem e ao Fê: "Vamos embora daqui que eu também sou feito de carne e osso!". Circular, decidimos que o Natal Shopping é muito mais perto, cinema, chocolate e salgadinhos na Docelândia, a dúvida cruel entre qual dos dois filmes em cartaz nas duas salas do Cine Natal Shopping. "Prefiria que tivéssemos ido ao Rio Verde mesmo com o cheiro de mofo", reclamo. O Fê reclama é do quanto eu reclamei do filme quando saímos. "Você tava insuportável!".


Episodio Cuatro


Já é noite quando saímos do shopping, as pessoas dirigem-se apressadas as suas casas. "Vamos pegar o 18?". Esperamos o único ônibus que podemos pegar juntos, apesar dele poder pegar qualquer um daqueles que se dirigem a zona norte da cidade e eu, àqueles que dirigem-se a zona oeste. É quando vejo o Alejandro se aproximar e, do lado dele, Juan. Por um segundo eu sorri, no outro eu raciocinei. "O que vocês dois estavam fazendo na praça cívica do campus?". Alejandro ficou vermelho e mais rápido do que consegui imaginar ele havia sumido. Juan me olhava sem saber o que dizer. Fê do meu lado segurava um riso nervoso. "Você e o Alejandro ficaram?". Juan corajosamente admitiu. Contou que Alejandro, meu amigo, ligou para ele e eles marcaram de se encontrar e ficaram. Sentados numa mureta na parada de ônibus lotada, eu perguntei: "Você quer ficar comigo ou com ele, Juan?". Ele não exitou. Falou que queria ficar comigo. E, no meio das pessoas, naquela parada de ônibus me beijou. Apaixonado. Quando ele parou de me beijar, envergonhado, eu nem olhei em volta, apenas disse-lhe que nós então conversávamos depois, e puxando o Fê pela mão entrei no primeiro ônibus que apareceu.


Episodio Cinco


Ficamos em silêncio durante uns bons momentos. Fê me olhava esperando eu dizer algo. "Ele me traiu!". Fê finalmente começou a rir. "Nós começamos a namorar ontem e ele já me traiu!". Fê gargalhou alto fazendo com que outras pessoas que estavam no ônibus olhassem para nós. "Ele me beijou na parada de ônibus do Natal Shopping! Do Natal Shopping!! Você sabe o que é isso?". Rindo, o Fê contou que ouviu nossa conversa e que não acreditava que eu ia deixar assim barato. "Filho da puta do Alejandro!". Fê novamente gargalhou. "Puta que pariu! Ele é meu amigo e faz uma coisa dessas?". E eu realmente não podia deixar aquilo barato foi quando Gustavo surgiu na minha mente. "Aquele ali só tem cara de santinho! É uma puta!", rosnou Fê. Saquei o celular e procurei na agenda. "Ah, eu também sei ser puta! Alô? Oi Gustavo, você vai fazer alguma coisa amanhã?".


Continua...