PARTE 1, aqui.
Longe da raposa, o príncipe tentou viver sua vida. Um dia, inclusive, num baile no castelo, na corte, conheceu um belo vilão. Apesar dele não ter esquecido o Foxx que fugira, ele estava decidido a tentar e aceitou a corte que o vilão lhe propunha, porém a tentativa fora inútil, o príncipe Arthur estava encantado por ele. Foxx, a raposa.
Sendo assim, por meses, pela floresta branca, o jovem procurou seu objeto de devoção tomado de paixão. De estima. De admiração. O carinho e a generosidade daquela raposa que, não obstante seu medo de humanos, o ajudou, haviam feito com que ele desejasse, sinceramente, sua companhia.
Incansável em sua busca, Arthur vasculhou cada centímetro da floresta e, um dia, ao lado de uma fonte a reencontrou. "Sabias que te procuro por entre espinhos há tempos?", e sorriu. A raposa, no entanto, rosnou: "Que fazes a perseguir-me?". Surpreendido pela reação violenta da raposa Foxx, o príncipe olhou tristemente para o chão. Esta, comovida, falou: "Desculpe-me se sou rude. É que temo por minha vida. Um príncipe de terras mais distantes desta floresta, de cabelos negros como a noite e olhos de carvão, me feriu um dia gravemente". O príncipe Arthur então fixou aqueles enormes olhos de esmeralda, cercados por cílios de seda, em Foxx e disse-lhe: "Eu sou diferente dele", e abriu os braços, ajoelhando-se no chão, pedindo um abraço que, tímido, a raposa deu, "Por favor, Foxx, acredite". A raposa sentiu, então, o calor daquele abraço e a verdade de suas palavras, aconchegou-se então e relaxou.
Todavia, no segundo posteiror, de um salto ela se afastou. "É impossível!", dizia Foxx, "sou uma raposa, tu és um príncipe". O príncipe sorriu e falou que sabia que as raposas podiam se tornar humanas na lua cheia. Foxx tremeu e, baixinho, repetiu vários e vários "não". Preocupado, Arthur abraçou o Foxx e perguntou-lhe o que se passava, sem deixar de acariciar-lhe embaixo das orelhas, a raposa então respirou fundo e deitou aconchegada em seu colo quando uma lágrima rolou pelo seu pêlo macio. "Minha forma humana é terrível, meu príncipe, se tu a ver, com certeza deixará de me amar". Arthur levantou-se indignado. "Por que monstro me tomas?", gritava ele. A raposa apenas se encolheu, temerosa.
Foi quando Arthur percebeu. "É isto que temes, não é minha raposa? Que quando eu conhecer tua verdadeira forma, faça como todos e te abandone?". Entre lágrimas, Foxx confirmou com um aceno, o príncipe, então, novamente ajoelhou-se diante da raposa e a abraçou. "Eu sou diferente! Eu sou!".
A raposa sorriu e acreditou, aconchegada no colo do príncipe, os dois esperaram, juntos, a lua cheia. E foi numa noite clara e quente que esta chegou. Arthur estava ansioso, e quando um clarão ofuscou-lhe a visão, ele sorriu com suas pedras de marfim, porém, quando a luz se desfez e seus olhos se depararam com uma forma fantasmagórica e bruxuleante, o sorriso deu lugar a repulsa. Foxx, a raposa, agora um homem, tentou tocá-lo, abraçá-lo, porém o toque que antes ele tanto ansiava, agora feria-lhe as carnes. Vertigens subiram-lhe a cabeça. E no momento que a raposa tantou beijar-lhe, ele fugiu, balbuciando um desculpe. "Eu realmente achei que não ia me sentir assim". E correu. O mais rápido e o mais distante que conseguira. De volta a proteção do seu castelo. Deixando a raposa Foxx lá, na floresta branca, presa naquela forma repugnante, incapaz de retornar. A raposa, então, coube apenas chorar. "Eu sei que você não pretendia, meu príncipe, mas você foi só mais um. Igual a todos os uns".
MORAL DA ESTÓRIA: Não existem finais felizes para contos de fadas com raposas.