Google+ Estórias Do Mundo: setembro 2007

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

PASSADO: Aí tudo ficou confuso...

Ao contrário do que a maioria das pessoas que passam por esta blogosfera com o qual nos envolvemos, eu não tive um dia em que me descobri gay. Nunca isso aconteceu. E nasci assim. Sempre. Eu era um menino muito delicado, digamos assim, então desde pequeno, muito antes de eu entender o que era ser gay, eu achava que eu era, porque meus pais, irmãos e vizinhos, nunca cansaram de me definir assim. Por quê? Porque eu tinha problemas de formação óssea que me faziam (e fazem ainda) andar de uma forma nada máscula, é um problema físico, chamem de deficiência, mas meus pais - em uma ignorância típica de quem foi criado entre cavalos e casas de farinha - acharam que tratariam isso com psicólogos e não com um bom ortopedista. Hoje, aos 26, é tarde demais. Então, eu era (e sou) chamado de bichinha.
E bem, meus pais tinham certeza. Meus irmãos também. Meus dois irmãos mais velhos tinham vergonha de mim. Não queriam ser vistos comigo e exigiam que meu pai me castigasse porque os vizinhos riam quando eu passava, vindo do colégio (único lugar para onde ía, pois tinha tanta vergonha de sair de casa, afinal eu seria apontado, ririam de mim), e eles ficavam com vergonha. Lembro com todos os detalhes, quando um deles me disse que se eu queria ser gay depois que meu pai morresse, eu estava muito enganado, porque ele não permitiria. Lembro que eu estava no meu quarto, que dividia com meu irmão mais novo, deitado na cama dele, um beliche, lia revistas da Turma da Mônica, ele chegou, apontou-me o dedo e cuspiu aquelas palavras de ácido que ainda corroem minha alma. Naquele dia eu pensei, aos 13 anos, pela primeira vez em suicídio, porque eu achava que era gay, então se meu irmão me proibira como eu poderia viver? Achei, aos 13 anos, o caminho mais fácil, morrer!
Lembro também que meu irmão mais novo disse-me que não queria ser visto comigo na escola, em um dia que eu pacientemente esperei para voltarmos juntos para casa. O mesmo irmão que costumava buscá-lo na escola quando ele fazia apenas a 3ª Série. Lembro que fiquei paralisado no corredor enquanto todos saíam do colégio, as lágrimas saíram aos borbotões e eu voltei a pé para casa, chorando o caminho todo, sob o sol de Natal.
Então eu decidi me esconder. Fugia. Tinha vergonha. E não me vi crescer. Até que um dia meus pais não tiveram mais dinheiro para manter dois filhos numa escola particular. Segundo minha mãe, porque meu irmão mais novo tinha mais dificuldades de aprendizagem, eu fui o escolhido. Escola pública. Distante dois quilomêtros de casa, e voltava todos os dias a pé. Tinha calos nas minhas coxas, porque eram juntas demais (já falei do meu defeito 'tá?), mas todos os dias retornava. Sozinho. Abandonei aquela primeira escola, sem saudades, pois não haviam amigos lá. Haviam meninos de quem arranquei cabelos e dentes porque me chamavam de viadinho, e isso eu já ouvia de minha mãe ("tudo do Foxx é de florzinha"), e na escola nova eu tinha esperança de que seria diferente. Mas não foi. Arranquei sangue de meninas e meninos, e consegui me impor, naquela trágica 6ª série, eu só queria passar despercebido, mas não consegui, até que no outro ano, outros tomaram meu lugar.
Neste ano, no entanto, eu conheci Cíntia, e pela primeira vez me interessei por uma menina. E isso me preocupou. "Mas todos não diziam que eu era gay?", Quantos me atacavam por isso? Quantos me gozavam justamente por isso? Quantos me beijavam por causa disso? Mas de repente eu me excitava perto dela. E ela apenas sorria. Éramos amigos, estudávamos juntos, uma menina, e logo eu comecei a olhar para todas elas. Bundas e seios me atraíam o olhar e eu me envergonhava, tentava não olhar, fugia-lhes as pérolas dos sorrisos e a seda de seus seios, porque para mim parecia errado. Eu não podia gostar daquilo, todo mundo, sempre, era o que meus pais, meus irmãos, todo mundo, todos, diziam: eu era gay, devia ser. Eu era assumido, até a 7ª série, até que eu conheci Cíntia e aí tudo ficou confuso.

domingo, 23 de setembro de 2007

TV FOXX




Neste fim de semana, 22 de setembro, em Natal, Rio Grande do Norte, aconteceu a Paradise, a maior rave já realizada no estado. Sua principal atração foi o dj australiano, erradicado na Inglaterra há 40 anos, Raja Ram, "o vovô do trance", que com seus 65 anos, comandou as pick ups na Arena do Imirá, sobre as falésias vermelhas da Via Costeira, mirando o mar. Raja Ram é uma lenda da cena eletrônica mundial. Desde a década de 1970 tem trabalhado com música, incialmente voltando-se ao jazz e ao rock, mas a partir de 1990, ao aventurar-se no mundo das gravadoras com seu selo TIP WORLD, lançou a música eletrônica transformando-a no furor que invadiu as rádios e lojas de discos em todo mundo, saindo das boates. Dedicado ao trance e ao psytrance, as 6 horas da manhã, o "vovô" fez a vibe diante do sol nascendo.



Além do Raja Ram, completavam o set, Djs brasileiros que tocam em boates fora do país, como o DJ Lucas que toca na Inglaterra e João Loop, de Portugal, e outros djs de estados nordestinos, como Paraíba, Alagoas, Pernambuco e Bahia, além de Espirito Santo e Brasília. Estes outros tocavam além do trance, muito house, mas a grande maioria, se voltava ao Psy. O house é um estilo de música desenvolvido nos Estados Unidos na década de 1970, que envolve samplers, alguns instrumentos e um pouco de voz, com bastante influência do funk e rap americano e da cultura hip-hop, e hoje em dia se encontra bastante difundida dentro da música pop, com seus remixes.




Em Natal, as raves acontecem desde meados da década de 1990, normalmente no seu estilo private - versões para um público menor de 800 a 1000 presentes -, estas festas que duram de 12 a 24 horas são normalmente regadas a muito psy. O Psy é um estilo de musica que surgiu em Israel, em 1980, caracterizada por músicas com uma batida rápida e que evita o grave. Normalmente associado a natureza, e ao estilo mais zen-hiduísta (é comum ver os frequentadores e djs que se associam a esse estilo usando camisetas com deuses hindus - brahma, shiva e vishnu, mas comumente - ou o simbolo sânscrito para o "om" que significa "deus"), as festas psy costumam ocorrer ao ar livre, em chacaras e sítios, ou como em Natal a beira-mar.





Outro estilo que tem sido incluído nas maiores raves aqui no Estado é o Chill Out. O termo quer dizer relaxar, e são espaços onde uma música mais suave e mais hipnótica toca, e os frequentadores largados em almofadas, esteiras e tapetes, conversam e descansam da música mais agitada de outro ponto da festa. O dj, neste caso, toca num lounge normalmente decorado de uma forma futurista, com neon e luz negra, mas sem jogo de luz comum a pistas de dança, acrescente-se isso, as referências ao misticismo hindu também muito presente.


sábado, 15 de setembro de 2007

ESPECIAL: Um ano de Estórias do Mundo


É. O Estórias do Mundo fez um ano. Quem diria. Quem diria. Comecei este blog por causa do meu querido Sunshine, por causa dele, com ciúme dos amigos que ele fez aqui - ele me largava no MSN para conversar com os bloGAYros - eu comecei, claro que ele estava lá do meu lado apoiando, elogiando meus textos, que já conhecia ESPARTANOS, então graças ao meu amado Marcelo, eu comecei a dividir minhas aventuras, anseios, medos, felicidades e reflexões, nestas linhas virtuais, e o que me aconteceu graças a esse gesto?
Penso hoje em quem eu era há um ano. Quando eu comecei esse blog. No menino apaixonado que eu era. Eu estava namorando, completamente apaixonado, naqueles tempos. Ah, aqueles tempos!! Magro - apesar de que se você me perguntasse eu diria que estava gordo -, e até poderiamos dizer saradinho, até certa medida. Estudava como um louco, apesar de passar mais tempo pensando em Beto do que qualquer outra coisa. Eu era só professor bacharel, e trabalhava como um desesperado para pagar contas que só cresciam, acabara de mudar de colégio, tudo novo a me incomodar. Quem eu era há um ano? Tinha cabelos castanhos, e tinha mais esperança, apesar dos 25 anos de sangue e de chão, sorria pra vida esperando muito mais. Não estava tão acostumado aos socos que a vida me dá. Bebia e fumava menos, muito menos, fazia sexo mais, muito mais. Saia o mesmo, e me divertia o mesmo, com amigos diferentes, mas destes gosto mais. Ai, ai, quem eu era a um ano atrás? Há um ano atrás eu frequentava bate-papos e tinha MSN de caça, um ano atrás eu corria a net procurando pessoas, conversando, conhecendo gente, hoje não faço isso mais. Eu recolhia foras por onde ia, e não tinha vergonha, era mais atrevido, mais espevitado, e beijava bem mais do que hoje. Há um ano atrás eu ficava triste se não beijasse ninguém numa noite, hoje eu saio e nem me preocupo mais com isso. Estava mal acostumado, hoje sou outro.
E que outro sou? Sou mais cheio de amigos, e cheio de planos, e cheio de gente que quer me ajudar a fazer com que esses planos se tornem realidade, me apoiam, sonham comigo, vibram com minhas felicidades. Amigos, é eu sou cheio de amigos. O blog me trouxe grandes amigos. Citá-los? Não posso, afinal são 42 contatos no meus MSN. Mas alguns são grandes amigos, pessoas encantadoras que eu quero do meu lado pra sempre. (ih, se fudeu, agora tem que me aguentar!!!). Amores? Bem, amores não. O blog não me trouxe, nenhum. Trouxe pessoas interessantes, trouxe, mas alguns tinham namorados, outros estavam longes, "o problema é só a distância" e outros não me acharam tão interessante quanto eu os achei. Mas o que eu mais ganhei aqui foi conhecimento. Descobri que amores existem de verdade no Better Alone, no O que me define?, no Vamu querer? e no Senhor Marido e Senhor Esposo do Vilser. Descobri que quando a gente espera os amores aparecem com o Jovem Aventureiro e o Minduinzin, com o Bi du Surf e o "finado" Divorciado (como era mesmo o titulo do blog?). Aprendi que minhas dúvidas nem se comparam as que correm por cabeças por ai no A metamorfose de Oz, no Cara Imperfeito, no Chave Errada, no Crônicas do Mr. Hyde, entre os nossos Ouriços (os dois). E também percebi que eu estou longe de ser bem resolvido como o Se Joga do Sunshine, na Casa dos Trinta, o Perfeita (In)perfeição, o Homem, Manual de operações, o Sátiros e Faunos e o Oceanmar. Mas principalmente eu aprendi que ainda tenho muito o que aprender - afinal eu leio Uillow, Eu leio, tu lês e o Just a Boy - porque por causa deste blog eu descobri que essas pessoas são incriveis, e tenho que correr muito para poder bater no peito e estar a altura de dizer que sou amigo de todos eles.
Obrigado meus amigos. Este um ano de blog é todo para vocês.

quarta-feira, 12 de setembro de 2007

EXTRA, EXTRA, EXTRA: (sem título)

Estou amargo hoje. Quase azedo. Caindo no ácido. Músicas doces me causam ânsia. Beijos apaixonados deixam-me doente. Não quero tons de rosa, nem azul-bebê, muito menos comédias românticas e baladinhas tortas, quer preto, púrpura, filmes art-noir e solos de guitarra rasgando a paz e o silêncio de Roma. Acordei hoje para guerra e as críticas irônicas, abri meus livros com tragédias e escondi os contos de fada longe do meu olhar. Levantei com o pé esquerdo sentindo o meu hálito amargo entre os dentes, abri a janela e o dia não combinava comigo, luminoso, dourado, azul-celeste, anil. Mas meus olhos hoje são cinza, chumbo e prata. E quero que os passarinhos explodam. É, os passarinhos, quero-os longe da minha janela. Já disse: hoje só guitarras e baixos, nada de flautas. Não quero nem minha roupa lavada, perfumada com lavanda, macia. Quero linho! Tragam-me linho, fino, educado, chique, mas que fere minha carne como lâminas na pele. É bom, os outros não irão ver minha tragédia. Imaginarão que um exterior tão limpo reflete um interior no mesmo estado. Tolos! Mas também não chamar-me-ão dramático quando eu cortar os pulsos sem motivos aparentes, a não ser, claro, a morte de algumas quimeras, mesmo que meu sangue e lágrima só sirvam para que novas, como a fênix, se ergam às úmidas cinzas. Meu dia começou com cores de sangue, mas amanha é outro dia.

sexta-feira, 7 de setembro de 2007

PRESENTE: Reflexões preconceituosas

Uma música de Madonna diz que não tem problema para um mulher ser parecida com um homem, porque ser homem é bom, mas como ser mulher é degradante, um homem se parecer com uma mulher é uma situação degradante. E acho que aí está a origem de toda homofobia neste lado do mundo. Outro dia, eu estava num bar com o Peter e o Andarilho, e ouvi em outra mesa um rapaz sacar a pérola: "Eu entendo duas mulheres, porque mulher é muito bom, mas dois homens?". A frase dele na verdade diz exatamente o contrário. Ele entende que duas mulheres queiram ocupar o lugar de um homem, mas nunca, ele conseguirá entender o que faz um homem querer se colocar na posição de uma mulher. Uma posição inferior. Sem palavra. De objeto falante, mas não pensante. Quem gostaria, em sã consciência, de abandonar o próprio trono e se tornar um pobre e desgraçado plebeu?
Então, o preconceito contra os gays, não passa de um preconceito disfarçado contra a mulher? Eu acho que sim. Historicamente, o apoio ao homoerotismo, e depois sua recriminação sob a alcunha de homossexualismo, se ligam sempre a situação social da mulher. Quando a mulher estava excluída das relações sociais, elas eram uma exclusividade masculina, neste caso, o homoerotismo era aceito, como na Grécia Antiga, no teatro medieval, renascentista e japonês com seus meninos castratti, a corte francesa nos séculos XVII e XVIII. Conforme as mulheres tomaram atitudes masculinas dentro da sociedade, elas ocuparam o lugar que antes era do homossexual. As mulheres se tornaram homens efeminados, e o homossexual foi jogado num gueto. Um gueto que por mais q ele tente, ele não pode sair, porque não há mais um lugar social para o gay. Agora, cabe os gays tornarem-se novamente homens, e assim tomarem o papel de homens numa sociedade em que você apenas pode ser homem ou mulher. Nada de meio termo. Enxergam onde nasce um novo preconceito?
O preconceito contra os efeminados é o preconceito contra um ser social sem lugar. Sem espaço. Sem área de atuação. Ele é aceito quando se encaixa. Quando é o cabelereiro da sua mãe. A manicure de sua irmã. Mas não quando é o amigo de seu primo, o professor do seu sobrinho, o colega de trabalho do seu cunhado, o seu filho. Porque estes lugares são exclusivos para homens. E isso se reflete no mundo gay. Por isso, os efeminados são excluídos. Por isso ninguém quer na novela um casal de "bixinhas". Querem ver gays que são "homens de verdade". Por isso eu não comemoro Carlos Casagrande e Sérgio Abreu. Eles reforçam um preconceito dentro de um grupo que sofre preconceito por todos os lados. E isso eu não suporto. Sinceramente não suporto. Negros com preconceito? Mulheres com preconceito? Gays com preconceito? Gente, se toca né?

terça-feira, 4 de setembro de 2007

Estórias de Uma Vida Não Vivida 2

Para avisar a todos: isso aqui é ficção, viu?



De Profundis


Que dia! Que dia!
Eu estava no computador, fazendo Deus sabe o quê, quando o interfone tocou. Era Bruno pedindo pra subir, nem perguntei o que era, ele logo subiu. Abri a porta olhando no rosto de Bruno tentando adivinhar o que ele queria me dizer. Ele estava sério e tenso. Eu sorri para relaxá-lo, mas ele continuou na mesma.
Pedi que ele sentasse e ele sentou no sofá, e continuou em silêncio. Perguntei o que tinha acontecido, e ele após uma pausa excessivamente dramática disse que era um assunto muito sério... e ele tava tomando coragem. Eu sorri e levantei, rindo e dizendo que quando ele tomasse coragem eu estaria na “biblioteca”.
Fui preocupado. Bruno estava preocupado mesmo com algo. E algo que me envolvia para ele ter que escolher tanto as palavras. Sentei no computador, vasculhei a net um pouquinho, mas nada me fez esquecer Bruno lá na sala ensaiando o que ia falar pra mim.
E algum tempo depois ele chegou. Ele começou cheio de dedos, me perguntando sobre o Douglas. Como era nosso relacionamento, se eu estava realmente gostando dele, me perguntou como nos conhecemos. Tudo coisas que ele já sabia. Eu imaginei que ele sabia de algo e queria me contar. E ele só começou o assunto quando eu fiz essa pergunta: “O que você quer me falar, Bruno?”
Doeu ouvir aquilo de Bruno. Subiu uma angústia a cada palavra que saia da boca dele. Ele começou dizendo que sempre que saíamos era sempre eu que pagava as coisas pro Douglas. Que conversando com a Camilla ele tinha descoberto que ele tinha comprado roupas no meu cartão e não pagou. Que, nas palavras de Bruno, “trocando em miúdos, eu estava sustentando àquele michê”. Como doeu ouvir isso.
E o pior é que eu neguei de forma tão veemente que qualquer um teria acredito em mim. Menos o Bruno. É terrível quando alguém conhece tua alma tão profundamente não? Mas eu só dizia não, não, não. Como foi difícil ouvir essa verdade, como eu me forcei para não vê-la. E por que tinha que ser justo Bruno que tinha que vir falar comigo?!
Mas eu continuei negando. E cada não meu irritava ainda mais o Bruno. Ele ficou possesso. E eu sentado no computador, olhando pra ele, e ele de costas pra estante de livros. Só sei que o final foi digno de uma novela. Inacreditável!
Eu continuava negando. Bruno, puto. Virou-se para a estante de livros e ficou olhando os livros. Dali a pouco, após um não, ele retirou um livro da estante e jogou em mim. Bateu no meu peito. Não doeu. E o susto não foi maior do quê a dor que eu senti na alma quando vi que livro era. “De Profundis”, Oscar Wilde. Quando levantei a cabeça, Bruno não estava mais lá. Quando apanhei o livro do chão, li a dedicatória. “Com todo meu ‘afeto’, Bruno”. E ouvi a porta bater.
Como chorei com aquele livro em minhas mãos. Eu chorava descontroladamente. Mas aos poucos me recuperei, e após enxugar as lágrimas vim extirpar minha dor, dividindo-a aqui.

sábado, 1 de setembro de 2007

PASSADO: Bibliofilia

Meu grande amor por livros começou assim. Por algum motivo que ninguém sabe explicar aqui em casa, quando eu era bebê, eu aprendi a andar por causa de livros. Eu andava sempre agarrado a um livro, entre meus braços, ao meu lado, e quando tiravam o livro de mim, eu caía. Não lembro disso, meus irmãos e meus país que contam e riem. Não sei porque fazia isso, talvez eu usasse o livro como contra-peso pra me ajudar no equilíbrio, afinal eu tinha pernas tão tortas, talvez eu imaginasse que fosse algum tipo de amuleto que me protegeria. Bem... esta segunda opção é meio impossivel para um menino de um ano e oito meses, mas foi a explicação que me serviu dessas duas formas em vários momentos depois.
Minha adolescência foi muito triste. Eu não tinha amigos. Nenhum. Ninguém. Então meus amigos saíram diretamente dos livros. Samuel, Aurélia, Eugênio, Seixas, Peri, e outros, sempre foram meus grandes amigos. Foi com eles que eu aprendi o significado de palavras novas como amor, amizade, carinho, mister, não obstante e outrora... Foi por causa deles que eu sobrevivi a parte mais dolorosa de minha vida.
Sim. Meus livros são minha vida. Sim. Quero viver ao lado deles a maior parte do meu tempo. Sim. Adoro ganhar livros. Adoro compra-los. Adoro tê-los. Bem, eu me viciei neles e por causa deste vício, criei um sonho que este blog ajuda a realizar. Um dia serei escritor. Um dia criarei amigos para algum adolescente solitário. E tudo começou esta semana. Agora sou mestre. Um mestrado que como diz Michel Foucault me autoriza a escrever. Minha palavra agora ganha a autoridade de um título. Agora eu posso. E farei. Aguardem!