Google+ Estórias Do Mundo: junho 2007

Páginas

quinta-feira, 28 de junho de 2007

EXTRA, EXTRA, EXTRA: Parte 2

Para entender leia a segunda parte do post anterior:


HuDsOn diz:
vc pra ser um professor um educador deveria ter mais jeito de falar com as pessoas, nois nunca fizemos nada pra magoar vc, sempre pra te agradar

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
jeito? e eu maltratei quem?

HuDsOn diz:
e vc nem pra agradecer... vc sabe

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
eu naum, naum maltratei ninguem pra vc vir dizer isso comigo agora

HuDsOn diz:
e o que vc falou pra tia hj, vc acha que nao magoou ela nao?

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
e vc acha q eu naum magoaria mto mais sua tia se eu resolvesse dar esperanças pra ela? vc acha mesmo q daria certo, q ninguem sofreria, se eu continuasse com essa brincadeira?

HuDsOn diz:
nao foxx, vc chegasse pra ela e tivesse dito: olhe tia, vamos parar por aqui, eu nao curto, isso nao é minha praia, mais nao... vc foi logo com palavras que a machucaram... dizendo

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
mas eu estaria metindo...

HuDsOn diz:
que nao era obg a atende-la, que nao quer mais a amizade dela, entao prontu

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
eu naum disse isso, eu disse q ela naum sabia a diferença entre amizade e um beijo, entaum uma das coisas tinha que acabar... eu me referia a gente terminar essa brincadeira, agora ela naum entende q a gente pode continuar amigo

HuDsOn diz:
ha tah, entao liga pra ela e explica, ela tah muito malz com isso, e eu tou muito magoado com vc

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
é! eu sou um monstro né? terrivel! destruidor de lares!

HuDsOn diz:
nao tou dizendo isso! olha foxx, vou te falar uma coisa: eu ja estava mesmo ficando xateado com vc e peter, mais sempre fiquei na minha. minha mae e minha tia estavam preferindo a companhia de vcs dois do que a minha. naquele dia que agente foi pro cafofo que elas deixaram de ir pra praia comigo pra ir pra vg com vcs... pra mim foi horrivel. sei que vcs nao tem culpa por isso nao disse nada, mais vc e peter nunca me fizeram uma ligacao ou pra elas tb, xamando pra algum lugar. sempre agente que liga pra vcs e temos que ficar adulando vcs pra sairem

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
bem... naum sei o q dizer depois dessa

HuDsOn diz:
naquele dia da matrix, vc se revoltou contra mim e eu nao disse nada com vc, mais paciencia tem limite foxx, vc nao acha?

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
aham, vc está certissimo

HuDsOn diz:
ok, foxx, vc sempre teve a nossa amizade, vc sempre foi bem recebido em minha casa ou na casa dela, eramos amigos, mais vc nao soube cativar a amizade da gente, agora vc sabe o que deve fazer pra concertar isso ?

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
acho q sim

HuDsOn diz:
entao tah, se cuida, fica com deus tah? bjao

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
vc tb, vai com ele!

HuDsOn diz:
espero que nao fique xateado comigo, só achei que vc foi grosso com ela, só isso

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
aham, ok! entendo vc perfeitamente!

HuDsOn diz:
entao tah, bjao

..|| Foxx ||.. ..|| o poeta é um historiador que mente ||.. diz:
bjo, xau

quarta-feira, 27 de junho de 2007

EXTRA, EXTRA, EXTRA

Meu Primeiro BloGAYro


Estava na net. Sem fazer nada. Enrolando o tempo que eu deveria estar gastando com minha dissertação de mestrado. Afinal tinha acabado de acordar e já eram meio-dia. Meio dia perdido entre os belos filhos de Hipnos. Iria encontrar um amigo às 3h no Midway, Jud, por isso acordei "cedo", preocupado em me atrasar. No MSN, o Garoto Anacrônico me chama.

- Ei, 'tô no Mid.
- Tu 'tá em Natal? Chegou quando?
- Ontem!
- Menino, 'tow indo pr'aí daqui a um hora, mais ou menos, me espera?
- Claro! Claro! Estou ansioso p'ra te conhecer.
- Eu também.
- Já soube que tô namorando? Com o menino do meu ultimo post? (leia a mensagem como: a gente não vai ficar, entendeu?!).
- Não sabia não.
- 'Tô lovando!
- Lovando?
- 'Xonado! Americanismos!
- Hehehe

Em uma hora eu me encaminhava. De vermelho. Leonino. Uillow me deseja sorte. Explico que não é nada do que ele está pensando. Apenas encontrar um amigo. Já que não fui ao Rio, para o I Encontro Nacional de Blogayros, organizamos o I Encontro Estadual. Aqui no estado temos cinco blogayros: o Andarilho, o David, o Anacrônico e a Néfele, além de mim. Neste dia só não encontrei o David, afinal ele recusa-se a manter contato. Mas o Anacrônico é o primeiro que eu conheço primeiramente pelo blog.
Encontro-o no pumper. No Game Station. Ele pulava, dava show no brinquedo. Dançava animado, algumas meninas passavam observando. Eu também observava. E não tenho porque poupar elogios. Por trás de meu raiban espelhado, eu via um menino magrinho, loirinho e de olhos apertados e negros, profundamentes negros. Que sorria um sorriso franco enquanto aquelas palavras japonesas voavam. A maquina terminou. Ele pulou, abaixou-se e apanhou a mochila que estava jogada distraidamente no chão, notei uma bela bunda, e sorri.

- Vamos sair?
- Vamos dar uma volta!

Saímos, demos uma volta no shopping. Olhei no relógio. Quase horário de encontrar meu amigo. Fomos então para o lugar marcado para encontra-lo. Ficamos sentados e conversamos. Música. Lutas contra o mp4 (2x1, viu Anacrônico?). E rimos muito. Por fim, levei um bolo. Tinha que estar lá sem falta, as 3 da tarde, e quem nem aparece é você, Jud? Terminamos, então, eu e o Anacrônico com uma pizza ecológica (meia de frango com catupiri e a outra metade com pitadas de atum para lembrar da extinção da espécie). No fim, encontramos o Peter Pan e ele encontrou com o primo, que mora em Natal.

- É que não dá p'ra ele me ver com vocês dois sabe?
- ?
- Vai desconfiar!
- Ah tá, entendo. Não se preocupe, pode ir.

E ele foi. E o Peter diz:

- Que estória mais sem noção? Não pode ser visto com a gente por quê?
- Se o Andarilho já fez isso, amigo, porque ele não pode fazer.





A Tia




"Do your thing honey? I could feel it from the start, couldn't stand to be apart". E eu acordo. Meu celular rasga Christina Aguilera e eu olho no visor. Ela. Atendo. Mamãe mandou ser educado.

- 'Tava dormindo?
- 'Tava.
- Te ligo depois então...
- 'Tá bom!

Sei o que me espera. Mas porque evitar? Temos que resolver aquilo que está errado. Mas vocês não sabem ainda não é? Sexta-feira foi o aniversário da mãe de Hudson. E é claro que fui. Na casa dele, onde o namorado dele dorme todo dia, eu me sinto muito a vontade. É bom conviver com pessoas que por mais que não desejem que seus filhos sejam gays, não tem vergonha de tê-los ao seu lado. Pelo contrário, orgulham-se, preferem. Pois bem, fui a festa. Vodca rodada. Do jeito que gosto. Refrigerante. Conversas. Forró. E um problema. Estava colocando vodca. Ela bêbada. Puxa-me e me beija. Idiotamente, concedo. Todos gritam. Todos pedem bis. Piadas cheias de maldade. Cujo fel escorre entre dentes. Depois deste beijo a festa se transforma. Não posso conversar com as meninas, não posso dançar com outras. E ela diz: "Não sei porquê, você não gosta mesmo!". O sangue subiu e expulsou o alcool. Se não gosto, porque você me quer? Era o pensamento que me queimava o cerébro e foi a frase que me rasgou os lábios. Sai. Sai de perto dela sem querer saber. Fiz cena, admito! Ela me seguiu, e aí o escandalo foi armado. Ela queria desculpas. Queria que eu perdoasse. Não admitia que tinha dito. E mesmo que não tivesse: não importava... eu tinha achado uma desculpa perfeita para cortar este mal pela raiz.
Então, nesta terça feira, haviamos marcado com antecedencia de ir a outra cidade do estado, São José do Mipibu, para um show da banda que Hudson dança. Então decidi que não iria, que os evitaria por um tempo, por mais que eu goste da companhia deles. Na terça feira a noite então Peter Pan me chamou, a mãe de Hudson, o namorado de Hudson, um amigo de Hudson, todos me ligando dizendo que me pegariam em casa se eu quisesse ir. Declinei, educadamente, todos os convites, sabendo que era ela quem pedia para que eu fosse por trás daquelas palavras tão prestimosas.
"Do your thing honey? I could feel it from the start, couldn't stand to be apart, yeah, yeah, something 'bout you caught my eye, something moved me deep inside". O celular vibra. Estou no MSN com Uillow e Cristiano, peço licença e vou atender.

- Alô?
- Oi... por que você não foi ontem p'ra São José?
- Porque não tava afim de ir. (por que não falo que é porquê não queria sair com ela, ora?)
- Hummm... foi muito bom lá.
- Imagino.
- Mas você 'tá com raiva de mim por causa de sexta?
- Raiva não...
- Mas não foi por causa disso né?
- Foi sim...
- Você vai deixar que nossa amizade acabe assim?
- Você não sabe separar as coisas de nossa amizade... se soubesse nada disso estaria acontecendo.
- Você é uma amigo tão importante pra mim. Sem você não tem igual.
- E qual a diferença entre eu e o Peter? Ele não é seu amigo?
- Mas vocês são duas pessoas completamente diferentes. Não é a mesma coisa. Sinto falta de você.
- Mas o problema é que você não sabe separar um beijo, de vez em quando, de uma amizade sincera. Se você quisesse manter a amizade, eu teria todo prazer...
- Acho que o problema é minha idade.
- Como assim?
- Se eu fosse uma menininha de 17 anos, bonitinha, novinha, você iria querer ficar comigo.
- Não. O problema é que você é casada. Que tem filhos. Gente demais no meio.
- Eu não sou casada. Não tenho mais nada com ele há anos.
- Mas ainda moram na mesma casa. Ele que paga suas contas.
- Mas...
- Mas nada.
- ...
- ...
- Me desculpe pelo que aconteceu. Sério. Não queria que nada disso tivesse acontecido. Não quero perder sua amizade.
- ...
- Olhe prometo que quando você sair com a gente não vou mais beber, 'tá? Porque quando estou bêbada tenho vontade de te beijar.
- Só quando 'tá bêbada?
- É quando tenho coragem...
- ...
- Você poderia não ter sido, pelo menos, tão grosso com as pessoas que ligaram p'ra você. Elas ligaram porque quiseram, não fui eu que mandei não.
- Eu fui grosso? Mal educado?
- Sim, todos eles reclamaram.
- Todos?! (revirei minhas memórias tentando procurar algum momento que eu tivesse sido grosso com algum deles, mas só lembrava de ter-lhes dito "não").
- Sim, todos!
- Acho que o problema é que vocês são muito sensíveis. Se escutam um não, acham que foram maltratados. Não fui grosso com ninguém.
- Eles disseram...
- ...
- Olha Foxx, eu não sou obrigada ficar me humilhando p'ra ter a amizade de ninguém.
- Não... não precisa... nem eu sou obrigado a atender seu telefone. Faço porque quero.
- ...
- ...
- Então tchau.
- Tchau

sexta-feira, 22 de junho de 2007

PRESENTE: Reflexões no Jardim



Todo mundo deve conhecer esse texto não é? Ele tem circulado na net já faz alguns dias e é atribuído a Mario Quintana. Bem não sei se é verdade, afinal existem milhares de textos atribuídos a Arnaldo Jabour, Luís Fernando Verissimo e mesmo Shakespeare na net que nunca saíram da labuta destes honrosos nomes. Ao texto:

"Com o tempo você vai percebendo que para ser feliz com outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela. Percebe também que aquela pessoa que você ama ou acha que ama, e que não quer nada com você, definitivamente, não é a pessoa da sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você e, principalmente, a gostar de quem também gosta de você. O segredo é não correr atrás das borboletas... é cuidar do jardim para que elas venham até você. No final das contas, você vai achar, não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você..!"

Eu discordo absolutamente deste texto. Não vejo maior despropósito. Por quê? Vejamos meus argumentos. Primeiro, como as pessoas vão se encontrar se ninguém deve estar procurando? Todas estarão em casa cuidando de seus jardins, ocupadas consigo, como terão tempo para ver o outro? Se interessar pelas flores daquele outro jardim? Flores dão trabalho, exigem água e carinho, até redomas de vidro, já explicou Saint-Exupéry, então, como alguém vai achar alguém? Lembrem: o pequeno principe teve que pegar o rabo de um cometa e fugir de seu próprio jardim para conhecer pessoas novas, e caçar borboletas novas para levar para o seu jardim, só que na sua viagem ele descobriu jardins novos que o fizeram entender que o seu jardim não era tão incrivel quanto ele mesmo pensava, que sua rosa não era única, e que borboletas não gostam de rosas.
É! Surpresos? Vamos por partes. Inicialmente temos que saber que nem todos os jardins atraíriam borboletas, e não adianta cuidar. Cactus, pinheiros, cajus nunca atraíriam borboletas. Atraem formigas e abelhas, mas nunca borboletas. Rosas, também não. Borboletas não gostam de rosas, nem de orquideas. Rosas e orquideas são polinizadas por pequenas abelhas e besouros, as borboletas gostam daquelas florezinhas do campo, pequenas, simples e sem graça. Borboletas são atraídas pela cor, abelhas pelo cheiro. Você nunca foi picado por uma abelha porque estava usando um perfume muito floral? Pois é. Então cuidar do jardim significa não deixá-lo bonito, mas ter as plantas certas para atrair aquilo que você quer: Borboletas? Abelhas? Formigas?
Isso seria uma metáfora linda se fosse verdade não é? Que as rosas ficam com os pequenos besouros? E as borboletas com as flores simples? Mas não sei se no resto do mundo é assim, mas aqui em Natal o contrário parece acontecer sempre: as borboletas sempre preferem as rosas, mesmo no final percebendo que não se alimentam adequadamente, elas insistem. Entre heteros, sinceramente, eu vejo rosas com besouros e borboletas com flores do campo, às vezes a gente até se surpreende, mas entre o mundo gay, aqui, pelo menos, não. Aqui, a fina força as borboletas se enlaçam com suas rosas, mesmo que depois morram de inanição.


segunda-feira, 18 de junho de 2007

PASSADO: "Doze Anos"

Era noite. O véu negro acabara de cair sobre o dia. Em Natal o clima ficava mais ameno. Os meninos naquela rua suburbana já haviam jantado. Saíam limpos. Perfumados. Cabelos penteados e molhados. Encontravam-se todos. No centro da rua. Seus pais estavam em casa. Ligados na tv. Novelas e jornais. A tranquilidade daquela capital com cara de cidade do interior permitia que eles não se preocupassem. Aquele bairro era assim: apenas meninos correndo naquela rua.
Os jogos então começavam. Bola. Não! Esta era um brincadeira para o dia. Tica. É tica-tica, tica-trepa, tica-ajuda, bandeirinha, doninha-da-calçada, dono-da-rua, garrafão, polícia-e-ladrão, sete-pecados. Jogos de meninos. Não se via nenhuma menina nas ruas. As meninas brincavam dentro de casa. Trancadas, observando a rua como mouras ariscas. Mas quando Marcelo chegou aos doze anos, ele começou a brincar de outra coisa. Uma coisa que aproveitava melhor as trevas da noite. E mostrava que eles eram menos meninos do que antes. Os meninos daquela rua suburbana aprenderam junto a Marcelo a brincar de esconde-esconde.
Um contava. Todos se escondiam. Marcelo corria e se escondia. A rua tinha muitos lugares para se esconder. Carros e caminhões estacionados perto da oficina que ficava no fim da rua. Algumas carcaças de carros que esperavam o momento de serem concertadas. Árvores. Quantas árvores. Jamboeiros onde os meninos subiam animados. Jardins cujas luzes mantinham-se tão baixas quanto os muros que podiam ser pulados. Becos. Becos escuros onde os meninos entravam apressados e em silêncio se abaixavam. Nestes becos Marcelo se abaixava, ficava perto da porta. Quieto. Silencioso. Logo, uma mão surgia e tocava a coxa branca e rija daquele menino. Marcelo sorria e consentia. A mão subia e tocava-lhe a barriga puxando-o para si. Outra mão contudo puxava-lhe o elástico do calçãozinho e Marcelo respirava fundo esperando ser preenchido. Ele recebia um carinho que já estava acostumado.
Conhecera aquele amor observando o irmão, Fábio, que com meninos mais velhos brincava e descobria estes carinhos. Marcelo ficou curioso. Desejou o mesmo carinho. Sem saber, desejou o irmão. Mas encontrou o irmão em outros. Marcelo os encontrou com seus olhos negros. E eles encontraram aquela pele tenra e clara, sem pêlos e macia, que desejava um toque mais do que tudo. Agora Marcelo procurava aqueles carinhos nas noites frescas com cheiro de jambo.
Um menino gritou: "Salve todos!". Marcelo e seu amante deveriam sair do esconderijo. Riam, e brincavam como se nada tivesse acontecido. Nova contagem começava. Marcelo novamente corria. Desta vez pulou o muro de um dos jardins, seu companheiro o seguiu, ele jogou-se logo ao chão, e baixou o parco tecido que o cobria, e olhou solícito sobre o ombro. Seu companheiro logo deitou-se sobre aquele corpo magro e pueril e Marcelo gemeu, feliz.
Tudo começou com Marcelo por causa de dois irmãos. Hildemberg e Lindemberg. Estes filhos de uma viúva, criados solitários por ela, trocavam seus carinhos mútuos. Mas Hild também dividia estes carinhos com outros amigos. E como era comum, em um dia que Marcelo dormira em sua casa, no banho, Hild apresentou-lhe o carinho desejado. Marcelo gostou. Aprendeu rápido e logo correu procurando novos amantes. Os seus próprios. Os amores de Hild eram bem conhecidos. Nomes sussurrados entre os meninos. Todos sabiam. Marcelo os procurou. Um por um. Depois Marcelo procurou os amantes do irmão. Também óbvios. Sussuradamente óbvios. Aprendeu rápido as regras daquele jogo dos meninos de quatorze anos, aprendeu logo como o mais novo daquele jogo deveria agir. Aprendeu logo como os meninos da idade dele deveriam agir.
Mas os doze anos de Marcelo passaram, e ele deve ter cansado de sua condição de menino de doze anos. Mas os meninos mais velhos o tratavam sempre como menino de doze anos. As meninas não. Então o menino de doze anos foi o primeiro. O primeiro a largar a brincadeira de esconde-esconde. O primeiro a deixar para trás o mundo de menino suburbano. Marcelo tornou-se homem cedo demais. E a prova era uma menina já mulher cedo demais. Seios inchados. Ventre ainda mais. Um bebê. Marcelo foi o primeiro. E logo outros seguiram seu caminho. E todos aqueles meninos, amantes de outros meninos, tiveram filhos como Marcelo. Outros meninos começaram a correr naquela rua a noite. Os filhos e sobrinhos de Marcelo. Os filhos e sobrinhos de Hild. Novas crianças que, por acaso, ainda não fizeram doze anos.



caso fiquem em duvida: sim, isso tudo é real sim.


ps: lucas p deixe contado para que eu possa responder sua pergunta.

segunda-feira, 11 de junho de 2007

EXTRA, EXTRA, EXTRA: Bem vindo a agitada vida do FOXX


Eu estava tentando escrever menos aqui para tentar garantir que meus textos fossem lidos pelo maior número de pessoas possivel (adoro comentários) e mesmo assim ater-me a concepção original do blog de contar algo sobre o meu passado e algo sobre o meu presente alternadamente. Isso funcionou inicialmente, mas nestas ultimas semanas, o presente tem me atropelado. São tantas coisas acontecendo, uma por cima da outra, que quando faço a seleção para a sessão PRESENTE fico com aquilo que deixou a marca mais duradoura: aí acabo escrevendo sobre coisas tristes, o no menos dramáticas e abandono a suavidade do dia-a-dia, com suas pequenas alegrias, para o nebuloso esquecimento. Para resolver isso, tenho duas opções: ou abandono PASSADO apenas para os dias monótonos ou escrevo mais. Qual a opinião de vocês?
Para vocês entenderem pelo que estou passando vejam o exemplo deste fim de semana. Fui obrigado a engavetar um conto sobre meus vizinhos que faziam o famoso "troca-troca" e hoje são estimados pais de família, algo inspirado em Nelson Rodrigues (uma bela pesquisa foi feita), porque levei um incrível fora, uma surpreendente cantada com um suave descanso e um impressionante retorno. Curiosos?

O Incrível Fora

Quinta feira. Sem ter o que fazer no feriado de Corpus Christi fiquei na net. E no Orkut um menino pede meu MSN, eu envio e me surpreendo com a melhor conversa que tenho em tempos com um natalense. Papo de horas e horas sobre música, sexo, política e sonos que me encantou. Eu me vi desarmado por aquele militar de vinte e poucos anos. Seduzido sim. E ele parecia corresponder no mesmo nível. Não poupava-me elogios, até a noite. 23:25. Eu telefono para ele. Conversamos pouco, mas pareceu tudo bem. Relaxei e sonhei com o futuro, contudo no outro dia nada. Celular desligado. Off-line no MSN. Mas, no sábado, ele aparece e me dá uma explicação. Achou minha voz muito efeminada. "Não rola. Desculpe". E eu só pensava que minhas outras três mil características, tão elogiadas por ele antes, não importava mais. Só importa agora que mesmo sem ter me visto, ele me considera uma bichinha afetada. Não é o primeiro que me diz isso. Mas só sei que este "efeminado" tem sido a explicação de muitos anos quando me dão o fora. Após muitos acho que vou adotá-lo na minha descrição. Não sei se sou, mas se tantaos dizem, devo ser, não é Imperfeito? Então hoje nasce o FOXX efeminado. Cansei de sofrer.
Bem, como não há nada como uma cerveja após a outra. Afoguei minhas mágoas no copo de um bar. Kafofu. Garçons lindos limpavam minha vista quando toca o celular. No visor: SD. O cara que acabara de me dar um fora. "Desculpa, mas eu precisava ouvir sua voz de novo". Só se for para confirmar, pensei eu. "Se você me perdoar pelo que eu disse, eu queria te conhecer". Minha cabeça foi a mil, mas topei. O Peter Pan e o Râzi concordaram com minha atitude, e vocês? Contudo, até este exato momento, ele, novamente, sumiu!


Uma Surpreendente Cantada Vem Com Um Suave Descanso


Fui ao Kafofu com a família de Hudson. Amigos. E lá fiquei bêbado. Bêbado e hetero. São duas coisas que andam juntas comigo. Fiquei bêbado e meu lado homem-pegador-tarado-cafajeste aparece e não posso ver um rabo de saia. E nada de homens, não suporto testosterona e barba, quero as suaves formas femininas. A tia de Hudson estava lá. E ela já tentou levar-me para a cama num momento de carência meu ao qual recuperei-me a tempo de evitar o pior. Por que pior? Porque nós ficamos e ela já demonstra ciúme e suspira como uma apaixonada, imagine se tivéssemos feito sexo. E por que isso é ruim? Porque ela é casada. E tem um filho da minha idade. E porque o genro dela já deu em cima de mim. E o sobrinho e a sobrinha. Gente demais no meio não acham?
Mas a cantada foi no domingo. Dormi na casa de Hudson. E pela manhã, diante do sol dourado que havia aparecido no céu de Natal após a noite chuvosa, nos dirigimos a Tabatinga, mas precisamente para a lagoa de Arituba. E a beira daquela água cristalina, com o vento batendo em minhas costas refrescante, ela perguntou se eu não queria que ela fosse ativa comigo. "Tenho o cinto". Posso com isso? (podem rir, eu deixo).


O Impressionante Retorno


Domingo. Em casa. "Por que você não retorna minhas ligações?". Pensei em responder que era porque não estava afim de falar com ele (ele é o Juh. Lembram dele? O que pediu que eu comprasse as entradas para um show?). Mas menti. "Seu celular que sempre dá desligado quando tento retornar". Ele voltou. Há semanas que ronda meu Orkut e disse ter encontrado meu número perdido nas coisas dele. Falou da vida. Perguntei do nick do Orkut dele: "Às vezes a gente se arrepende do que faz". E ele joga a bomba em cima de mim: "Você ainda sente o que sentia por mim?". O que eu sentia por ele? Encantamento. Ele é charmoso e sedutor. Sabe as coisas certas a dizer para te conquistar sem ser meloso, muito pelo contrário, ele é irônico e desafiador. Lembrei então quando "terminamos". Ele dizendo que estava confuso. Será então que era entre eu e outra pessoa? Será que entendi tudo errado? Será que agora ele se arrependeu e quer tentar de novo? Ou será que aquele show era um teste e eu não passei? "Sinto sim, Juh". Para quê eu fui dizer isso? Eu quero algo com ele? Bem, eu estou sozinho mesmo. Mas ele merece outra chance? "Tu toparia recomeçar de onde paramos?" Como é?! Será que ele realmente está afim de mim? Bem, na verdade não perco nada em tentar. "Topo sim, porque não". Ele já me ligou hoje.

segunda-feira, 4 de junho de 2007

PRESENTE: The Matrix

Os planos para o fim de semana foram grandiosos. Para a sexta-feira, os planos começaram a ser bolados na quinta mesmo. BSB e KK perguntaram-me o que eu iria fazer no fim de semana, e avesso como estou a baladas gls, sugeri para a sexta-feira uma cachaçada no Gringo's e depois badalar na Matrix. Informando vocês, o Gringo's é um pub que um californiano abriu numa das praias mais badaladas aqui da cidade, Ponta Negra. Tem um clima punk moderno, com bandeiras dos Estados Unidos e Califórnia forrando o teto, além de adesivos com frases inteligentes (em inglês, claro) e caixas de som sempre pulsando Guns N'Roses, Metallica, Queens of Stone Age e Bowie, mas que minha amiga Lorena sempre conseguia incluir Beyoncé na playlist, após prometer aos frequentadores uma dança sobre o balcão. Os garçons também são interessantes. Você não sai do Gringo's sem conhecer o nome de todos eles. Simpáticos, antenados e liberados para sentar na mesa e bater papo com você. Foi assim que conheci o garoto enxaqueca do Breno, cuja namorada me odiava (nunca entendi o porquê). Já a Matrix é a mais nova boate da cidade. Fica no quarteirão mais badalado da noite natalense, cercada por outras boates e bares movimentados onde os filhos das boas famílias de Natal vem para cheirar seu "branquinho" e vomitar nos próprios pés. O psy impera nas pick up e a decoração naquele "verde matrix" cria um clima divertido de capa de caderno colegial.
Contudo, na sexta, pela manhã, ao agregarmos nos meus planos o Andarilho e o Peter Pan, uma nova parada foi incluida nesta aventura noturna, que passou a começar mais cedo. "Lual no Paraíso, as 20h, ok?". Eu sabia deste lual, havia recebido de Hanna um convite via Orkut. Porém meus planos eram fugir de reuniões gays lembra? Mas concordei. Peter Pan queria ir, combinamos de nos encontrar lá. O Paraíso é um jardim a beira-mar, também em Ponta Negra, com um gramado todo em curvas de nível, salpicado por coqueiros-anões que quebram a monotonia daquele campo verde cercado por pinheiros japoneses cuidadosamente podados para parecer uma pequena cerca-viva. A vista do jardim é o mar, o Morro do Careca, iluminado pela nova iluminação instalada pela prefeitura, e a lua que estava gigantesca, banhando o mar de prata. Cheguei trinta minutos atrasado, como de praxe, e lá encontramos FD, E-Nel, Deh e Guh. BSB e KK furaram. Mas os outros agregaram-se a nossa aventura.
Porém, FD após o lual (em que meninas se beijavam ao som de violões e com gosto de vermouth) se despediu, e E-Nel após o Gringo's. Lá, por causa do calor, sentamos na parte de fora do bar, longe da movimentação. Ocupamos duas mesas e cercados por creme, fumaça, cereja, cerveja e rum, passamos duas horas divertidas conversando, rindo do mundo, e observando o fim de um relacionamento (Deh e Guh), o surgimento de uma atração (E-Nel e Guh) e o começo de um triângulo amoroso que ainda daria muito o que falar neste fim-de-semana. Guh estava carente, ele levou o fora, e pedia carinho ao Andarilho, e pedia para mim, contudo nós sabíamos que envolver-se com ele era um problema grave "no dia seguinte", mas E-Nel é outro grande carente (virgem ainda aos 20 anos) e foi só Guh mostrar-lhe aqueles grandes olhos negros e profundos que ele se afogou como Narciso.
Além disso, conversamos muito com a garçonete do Gringo's, a ruiva Carla. Inclusive, ao pagar a conta, ela perguntou onde continuaríamos a noite e eu, após trocar meu tênis pelas havaianas brancas do Andarilho (ele não queria ir de camiseta, capri e sandália para a boate, com eu estava de calça cumprida, achamos que eu ficaria melhor indo de sandália), disparei animado que iríamos a Matrix. Ela se animou, falou que a noite lá seria ótima. Haveria um aniversário e Moby Dick iria tocar. "Ah! Vai ter banda?!", pensei, "Que droga! Queria muito psy hoje!", e pediu-nos para esperar. Esperamos e ela voltou, saltitante, trazendo flyers que nos dariam descontos no bar e na entrada. Ela avisou: "Diga-lhes que eu os mandei".
Corremos para chegar cedo. Uma chuva insistente caía sobre a noite, e logo entramos naqueles quarteirões que cheiravam a nova boemia (uma mais decadente), também a novos sambas (mais estrangeiros que os antigos), a novos malandros (mais bobos) e a novas putas (bem mais ricas). Na frente da Matrix formava-se uma fila, usamos os flyers para entrar. Por causa do aniversário, muitas pessoas entravam através da lista de convidados, prendendo no pulso uma pulseira verde-neon. Nós entramos sem pulseirinha. E deixando o ar frio daquele ambiente esverdeado invadir-me as narinas e o rock clássico do Moby Dick entrar-me pela pele. Dancei. Muito. Arrependi-me de ter pensado mal da banda, inclusive. E aos poucos percebemos que tipo de aniversário era aquele. "Andarilho, isso aqui tem mais viado que a VG". Risos e mais risos. "Se eu não vou a uma boate gls, a boate gls vem até mim é?". E o band leader então convida o aniversariante a subir ao palco, e, logo, entendemos tudo, "ajustavam-se ambas, como se aquela luva tivesse sido feita para aquela mão", que bee era aquela?!? Aí, cantando Satisfaction, o band leader solta a pérola: "Agora só as bichas!". E o Peter Pan grita: "Satisfaction!!". Chocados, nos olhamos assustados. "Que modernidade é essa?!". Logo que a banda terminou, o dj rasga as pick ups com Kelly Clarkson e com a versão mais gay possível de Because of you, e com isso a máscara de noitada hetero que aquela noite tinha, até ali, caiu, definitivamente. Beijos começaram a surgir tímidos, camisetas ao ar também, outras figuras dançavam mais rebolativamente, mas ao fim da noite, na porta do banheiro homens beijavam-se despudoradamente enquanto outros disputavam lugares nos reservados em que podia-se ver dois, três, quatro, cinco, seis pares de pernas, e passinhos a-la Shakira Kiloshana se manifestaram entre os presentes.
E eu cometi algumas pequenas besteira naquele local. Todos sabem a reação física causada por muita cerveja não é? Estava indo ao banheiro, quando um carinha, na faixa dos 30 anos, segurou-me pela mão. Agoniado pela necessidade de ir ao banheiro, rapidamente desvencilhei-me da mão dele e corri ao banheiro, achei que talvez ele me seguisse, ou me esperasse, mas quando voltei, que o procurei, ele já beijava outro. Não lembro se ele era bonito. Não lembro se eu gostaria mesmo de ficar com ele. Só lembro que perdi a oportunidade de conhecê-lo. Enfim, destino. Todavia, só sei que terminei a noite com um telefone novo na minha agenda: o de Karla, a garçonete. Divertimo-nos muito. Ela pagou cerveja para a galera e tudo. Foi um susto quando ela chegou com simplesmente sete cervejas. O susto só não foi maior de ver o Andarilho beijando a amiga dela. Para mim, ela ainda pagou-me wisky. Que bebi, "de graça, até injeção na testa". E saímos, já manhã, e a última coisa que ouvi naquela noite foi, uma menina comentando com o porteiro: "Nunca vi tanto viado junto na minha vida".