Estou namorando há 3 meses. Isso deveria ser motivo de festa né? E poderia ser. Se um problema não inisistisse em rondar minha cabeça: meu BB é virgem. Deixa eu contar nossa estória. Nós nos conhecemos através do Orkut, começamos a conversar e nos apaixonamos. Tem sido lindo. É a primeira vez que me apaixono de verdade e estou curtindo cada momento. Desde o carinho dele, ao ciúme. E olha que ele é ciumento (já odeia, por exemplo, o Marcelo Sunshine e qualquer um que demonstre intimidade comigo) e é um lutador.
É mesmo, apesar dos 19 anos que ele tem. Meu BB já sofreu muito. Há mais ou menos 1 ano, a família do namorado dele descobriu tudo e o perseguiu. Ele foi ameaçado de morte. Teve que mudar de cidade e com isso perdeu seus amigos. Tudo, inclusive o namorado, Jonathan. Com isso, ele entrou em depressão profunda, curada apenas com a intervenção psicanalítica.
Por isso nosso namoro começou com uma tentativa. Ele tinha (e ainda tem) muito medo de amar alguém como ele amou Jonathan, e perder esse amor de forma tão ou mais trágica. Mas não tenho medo do medo dele. Não obstante nossas brigas serem todas oriundas desta fobia que ele tem de ser feliz. É! Toda vez que eu faço algo que o deixa feliz, como uma declaração de amor ou uma demonstração do carinho que sinto por ele. É certo, no outro dia ele tem uma crise. Fica atacado. Briga. Chora. Mas eu entendo. É só medo de perder a felicidade que ele está sentindo. Um pavor inominável de sofrer. E bem, não é isso que me incomoda mesmo. O que me incomoda, sendo sincero com vocês, é a virgindade dele.
Necessidade de explicação? Bem, vejamos. Comecei o namoro e resolvi ser fiel a ele (o que todos devem concordar que é uma decisão acertada não é?). Só que aí começou a chover na minha horta (já notaram como isso sempre acontece?). Muita gente mesmo apareceu. Quer uma lista? André, que é um amigo de trinta e poucos anos que me avisou que a qualquer hora ele está disponível, que eu o visse como uma assistência técnica; Felipe, um menino de 15 anos que só quer perder a virgindade dele se for comigo; João Carlos, um aluno meu de 16 anos que me perturba todos os dias; Berg, que com 20 anos me achou pela net e pouco se importa com meu compromisso; Alison, que com 21 anos é simplesmente perfeito; Ricardo, do qual tive que me afastar porque ele arranjou um jeito de conhecer meu namorado e se fez de amigo para poder invenená-lo contra mim; fora os desconhecidos na rua, no orkut, no shopping (esta semana dois caras vieram falar comigo, quase tive que fugir). Socorro! Socorro mesmo!!
Berg e Felipe sabem que meu namorado é virgem, então eles fizeram a seguinte proposta: "Eu posso ser seu amante?". Chocados?! Também fiquei!!! Cogitei a possibilidade, não nego. Mas se meu BB descobrir? Ele com certeza não me perdoaria e acabaria com o namoro. E isso não quero. Por Deus. Não. Estou apaixonado. Não consigo me imaginar sem ele. E na minha idade já é bom começar a pensar no futuro. Mas, aí o medo dele se torna um problema. Ele não quer fazer sexo comigo até ter certeza. Certeza que o amo. Certeza que esse namoro tem algum futuro. Certeza.
Bem, certamente a esta altura estarei com calos nas mãos. Amigos, meus amigos, ele me excita. Ai, ai. No telefone, falando sobre a fome na Somália e eu excitado. Na net, discutindo se o Santo Sudário é real e eu excitado. Nem vou comentar nada quando a gente se beija né? Mas ele quer esperar. E eu tenho que esperar. Devo né? Ou não? Conselhos, por favor.
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terça-feira, 28 de novembro de 2006
segunda-feira, 27 de novembro de 2006
Exercitando o exibicionismo III: Empatando com o Trintinha
Estou empatando com o Trintinha. Três fotos. Hehehe. Gente, nem o Trintinha, nem eu tínhamos a menos noção que essa brincadeira faria tanto sucesso. Meu blog recebeu tantas visitas que eu fiquei impressionado. Mas claro, com os padrinhos que tenho: Marcelo Sunshine e agora o Trintinha era mesmo de esperar que isso acontecesse.
Obrigado por todos os comentários. Obrigado por todas as visitas. Estou emocionado. E agora sempre qndo falo isso, lembro de Miss Simpatia e ela agradecendo no final. Lembram? as mãozinhas balançando? Agradecimento de miss? Ah, também tenho que agradecer meu parceiro nesta "prezepada". Hehehe. Trintinha está sendo um prazer inenarrável fazer esta brincadeira convosco. Por falar nele, soube por ele que vários de vocês blogueiros ficaram com vontade de entrar na nossa brincadeira, mas não tiveram coragem. Amigos, é uma brincadeira inocente! Podem entrar a vontade!!
PASSADO: Estou na verdade entre o poético e o filosófico hoje
Enxerto de Carta para Larissa, escrita numa quinta-feira, 12 de fevereiro de 2004. Hoje estou vivendo exatamente o que falo nessa carta. Um amor. Uma estória.
Estou na verdade entre o poético e o filosófico hoje. Estou pensando em como quero uma história de amor pra mim… não, não virei romântico de uma hora para outra, não passei a me preocupar com estas sentimentalidades e não é porque terça eu estive, novamente, segurando vela… não… não é isso, só quero viver uma história. Não quero o amor para sempre, não quero aquele que acaba, que deixa marcas e feridas, quero sofrer e chorar por amor. Pois é isto, ou não, que prova que amamos? Se eu não sofrer quando acabar é porque nunca começou, e eu quero começar, pouco me importa que acabe, pouco me importa quanto dure… só quero que comece. Porque mesmo que seja uma história de dois dias, uma semana, é uma história. Quero viver! Quero viver! E a vida é também sofrer, então… que eu sofra! Vou sofrer sorrindo! Vou chorar cada lágrima no fim sorrindo, dizendo: minhas primeiras lágrimas de amor. Quero receber a primeira carta de amor, receber o calor que flui delas, que tornem minha experiência superiormente interessante. Eu quero ser um ridículo como em todas as cartas, só por ser… ser algo, viver! Não, não procuro o amor desesperadamente como talvez possa parecer, não. Eu procuro a vida com uma sede enlouquecedora, quero me agarrar a ela de todas as formas, usando garras e dentes, amarrando minhas tranças (???) nas tranças dela. Quero a vida, a vida! Quero amá-la, apenas ela, mas para amá-la preciso dividir meu amor com outros, irônico não… a vida é uma amante que adora ser traída… quem diria? E quem diria que sou um poeta, mas lembre-se o poeta é sempre, sempre um fingidor… talvez por isso digam, por aí, que sou falso, na verdade sou só poeta… mas se finjo algo, então o que será verdade? Como eu disse também tenho o péssimo hábito de ser filosofo (pelo menos com a minha vida… meus antigos diários que o digam).
Estou na verdade entre o poético e o filosófico hoje. Estou pensando em como quero uma história de amor pra mim… não, não virei romântico de uma hora para outra, não passei a me preocupar com estas sentimentalidades e não é porque terça eu estive, novamente, segurando vela… não… não é isso, só quero viver uma história. Não quero o amor para sempre, não quero aquele que acaba, que deixa marcas e feridas, quero sofrer e chorar por amor. Pois é isto, ou não, que prova que amamos? Se eu não sofrer quando acabar é porque nunca começou, e eu quero começar, pouco me importa que acabe, pouco me importa quanto dure… só quero que comece. Porque mesmo que seja uma história de dois dias, uma semana, é uma história. Quero viver! Quero viver! E a vida é também sofrer, então… que eu sofra! Vou sofrer sorrindo! Vou chorar cada lágrima no fim sorrindo, dizendo: minhas primeiras lágrimas de amor. Quero receber a primeira carta de amor, receber o calor que flui delas, que tornem minha experiência superiormente interessante. Eu quero ser um ridículo como em todas as cartas, só por ser… ser algo, viver! Não, não procuro o amor desesperadamente como talvez possa parecer, não. Eu procuro a vida com uma sede enlouquecedora, quero me agarrar a ela de todas as formas, usando garras e dentes, amarrando minhas tranças (???) nas tranças dela. Quero a vida, a vida! Quero amá-la, apenas ela, mas para amá-la preciso dividir meu amor com outros, irônico não… a vida é uma amante que adora ser traída… quem diria? E quem diria que sou um poeta, mas lembre-se o poeta é sempre, sempre um fingidor… talvez por isso digam, por aí, que sou falso, na verdade sou só poeta… mas se finjo algo, então o que será verdade? Como eu disse também tenho o péssimo hábito de ser filosofo (pelo menos com a minha vida… meus antigos diários que o digam).
quinta-feira, 23 de novembro de 2006
PRESENTE: Ser ou não ser
Não é fácil ser homem, hoje em dia, ontem e em qualquer tempo desde que o mundo é mundo, e é por isso que, acredito eu, que tantas outras possibilidades de ser têm surgido atualmente. Não. Não estou falando em homossexualidade ou bissexualidade. Estou falando de coisas bem mais modernas. E pra mim, bem irritantes. Ultimamente se têm falado em metrossexuais, em emoboys, em bi-curious, diversos nomes pra escapar do título mais pesado: homem. Mas porque ninguém mais quer ser homem?
Ou melhor, talvez a questão principal seja o que significa ser homem? E por que isso assuta tanto? É tão óbvia essa resposta, porém ninguém consegue respondê-la tão facilmente. Por quê? Porque ninguém é preparado para respondê-la. Nós acreditamos que se nasce homem. E só! Em instante algum você pensa sobre isso, e muito menos você imagina que você é ensinado a ser isso, e então o óbvio, de repente, não mais que de repente, se torna escorregadio.
Bem, definamos homem. Homem é alguem que nasce com um cromossomo Y, um pênis, uma inabilidade exatam em perceber maiores nuances numa palheta de cor (Vermelho, Rosa e Salmão é um peixe, não uma cor), uma dificuldade real com tarefas que exijam atenção, delicadeza e paciência. Neste instante alguém pode virar pra mim e perguntar se é nisso que homem foi educado. Não. Isto não é educação. É disposição genética.
Como bichos que somos, os homens foram selecionados pela Mãe Natureza para serem rápidos e fortes, enxergar bem a distância e correr, tornou-o um caçador. As habilidades acima são habilidades necessárias para aqueles que fossem ser responsabilizados pela coleta, tarefa, que normalmente era reservada a mulheres, e por isso, o corpo da mulher foi sendo selecionado, por milhares de anos, para cumprir melhor esta tarefa. Agora, quando falamos da dificuldade masculina com sentimentos, ai sim... falamos de como os homens são educados... por suas mães.
Primeiro, se os homens são criados para serem pedras de gelo sem coração, eles são criados assim por suas mães, as únicas criaturas a quem eles ainda podem demonstrar carinho e afeição sem parecerem fracos aos olhos de uma sociedade machista.
E este com certeza é o motivo pelo qual se criam esses monstros metrossexuais/emoboys por ai. São homens heterossexuais que querem fugir do estereótipo, que não se sentem confortáveis sendo homens heterossexuais. Mas a pergunta que fazemos é: por que é necessário o novo estigma? Por que tem que haver ou homens ou bichas? Por que um homem não pode ser sensível e chorar sem perder a sua masculinidade?
O metrossexual e o emoboy é o triunfo do machismo. É a certeza de que a frase de João Wainer está correta. "Uma coisa é homem. Outra coisa é sensível". Ridículo! Mães, a responsabilidade é de vocês! Mudem esta educação. Criem homens que saibam chorar e que continuem homens após isso. E sejam rápidas, antes que eu não queira mais ser homem.
POST SCRIPTUM: As minhas fotos do desafio ainda estão sendo providenciadas. Confiem em mim. Vai valer a pena esperar. Agradecido.
Ou melhor, talvez a questão principal seja o que significa ser homem? E por que isso assuta tanto? É tão óbvia essa resposta, porém ninguém consegue respondê-la tão facilmente. Por quê? Porque ninguém é preparado para respondê-la. Nós acreditamos que se nasce homem. E só! Em instante algum você pensa sobre isso, e muito menos você imagina que você é ensinado a ser isso, e então o óbvio, de repente, não mais que de repente, se torna escorregadio.
Bem, definamos homem. Homem é alguem que nasce com um cromossomo Y, um pênis, uma inabilidade exatam em perceber maiores nuances numa palheta de cor (Vermelho, Rosa e Salmão é um peixe, não uma cor), uma dificuldade real com tarefas que exijam atenção, delicadeza e paciência. Neste instante alguém pode virar pra mim e perguntar se é nisso que homem foi educado. Não. Isto não é educação. É disposição genética.
Como bichos que somos, os homens foram selecionados pela Mãe Natureza para serem rápidos e fortes, enxergar bem a distância e correr, tornou-o um caçador. As habilidades acima são habilidades necessárias para aqueles que fossem ser responsabilizados pela coleta, tarefa, que normalmente era reservada a mulheres, e por isso, o corpo da mulher foi sendo selecionado, por milhares de anos, para cumprir melhor esta tarefa. Agora, quando falamos da dificuldade masculina com sentimentos, ai sim... falamos de como os homens são educados... por suas mães.
Primeiro, se os homens são criados para serem pedras de gelo sem coração, eles são criados assim por suas mães, as únicas criaturas a quem eles ainda podem demonstrar carinho e afeição sem parecerem fracos aos olhos de uma sociedade machista.
E este com certeza é o motivo pelo qual se criam esses monstros metrossexuais/emoboys por ai. São homens heterossexuais que querem fugir do estereótipo, que não se sentem confortáveis sendo homens heterossexuais. Mas a pergunta que fazemos é: por que é necessário o novo estigma? Por que tem que haver ou homens ou bichas? Por que um homem não pode ser sensível e chorar sem perder a sua masculinidade?
O metrossexual e o emoboy é o triunfo do machismo. É a certeza de que a frase de João Wainer está correta. "Uma coisa é homem. Outra coisa é sensível". Ridículo! Mães, a responsabilidade é de vocês! Mudem esta educação. Criem homens que saibam chorar e que continuem homens após isso. E sejam rápidas, antes que eu não queira mais ser homem.
POST SCRIPTUM: As minhas fotos do desafio ainda estão sendo providenciadas. Confiem em mim. Vai valer a pena esperar. Agradecido.
terça-feira, 21 de novembro de 2006
Exercitando o exibicionismo II: Respondendo ao desafio
Que atrevimento! O Trintinha me deixou um comentário mal educado dizendo que eu fugi do desafio. Como é que pode! Claro que não, afinal fui eu quem lancei o desafio. Hehehe. Apenas, deixe-me explicar, quando eu tentei postar a fotinha, ela simplesmente não carregou. Senhor Trintinha, agora a bola está com o senhor.
segunda-feira, 20 de novembro de 2006
Brincando com T.S. Eliot: Dicas para se ler melhor
Lolita Pille escreve sem pudor sobre o mundo ao seu redor. Retrato sincero e devastador da juventude rica e consumista de Paris, que preenche suas vidas com sexo, álcool, drogas e roupas de grife, 'Hell' poderia se passar em qualquer grande cidade do mundo, pois espelha os valores e o comportamento de uma classe para quem o mundo se divide em duas categorias - 'nós' e 'vocês'. Uma classe que, sem encontrar limites para o prazer, vive o angustiante vazio do excesso. Hell, pseudônimo da narradora, é uma garota rica, fútil e arrogante, detestável sob todos os aspectos. Assumidamente frívola e preconceituosa, ela gasta diariamente em butiques de luxo mais do que o salário mensal da maioria dos leitores do livro. Em sua narrativa nervosa quase não há trama, porque HelI e suas amigas vivem um presente perpétuo, uma sucessão de prazeres cujo sentido está nas aparências e na superfície das coisas. De todos os dândis que encantavam a sofisticada sociedade londrina do final do século passado, o mais brilhante e luminoso era sem dúvida Oscar Wilde (Dublin 1854 - Paris 1900). Célebre, respeitado, Wilde vivia o ano de 1895 como o grande autor de Retrato de Dorian Gray (1891) e de três peças que faziam sucesso no momento; O leque de Lady Windermere, Um marido ideal e A importância de ser prudente. Neste mesmo ano, acusado de Homossexualismo, foi processado pela família de Lord Alfred Douglas, um jovem aristocrata por quem se apaixonara e com quem compartilhava um excêntrico estilo de vida. Condenado, sua vida mudou radicalmente e o talentoso escritor viu-se encarcerado por dois anos que consumiram sua saúde e fulminaram sua reputação. Preso, escreve esta carta a seu amante no qual desabafa todas as dores e alegrias que este o proporcionou. Emocionante, De Profundis fala sobre as últimas conseqüências que um verdadeiro amor pode ter.
Baseado em Alice no País das Maravilhas, do escritor inglês Lerris Carrol, Alex in Wonderland é uma sátira engenhosa e bem traçada que sabe utilizar bem os personagens do livro (não tão) infantil de Carrol. Este Fanzine - para quem não sabe o que é, veja a definição da Wikipedia no fim deste post - tem ganho prêmios por onde passa, e é produzido pelo grupo Gatos Pingados, e no site (http://alex.in.wonderland.tripod.com) pode ser lido gratuitamente. O traço é baseado no mangá japonês, adaptado ao modelo americano de leitura de quadrinhos. O traço é comovente. A estória é contada de uma forma que a metalinguagem é seu padrão mais comum. E a afiada ironia dá muito prazer a leitura. Um defeito: escrito em capítulos, temos que esperar até o próximo episódio estar pronto.
*Fanzine é uma abreviação de fanatic magazine. Fanzine é, portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor (faneditor). Na sua maioria é livre de preconceitos engloba todo o tipo de temas em padrões experimentais.
Baseado em Alice no País das Maravilhas, do escritor inglês Lerris Carrol, Alex in Wonderland é uma sátira engenhosa e bem traçada que sabe utilizar bem os personagens do livro (não tão) infantil de Carrol. Este Fanzine - para quem não sabe o que é, veja a definição da Wikipedia no fim deste post - tem ganho prêmios por onde passa, e é produzido pelo grupo Gatos Pingados, e no site (http://alex.in.wonderland.tripod.com) pode ser lido gratuitamente. O traço é baseado no mangá japonês, adaptado ao modelo americano de leitura de quadrinhos. O traço é comovente. A estória é contada de uma forma que a metalinguagem é seu padrão mais comum. E a afiada ironia dá muito prazer a leitura. Um defeito: escrito em capítulos, temos que esperar até o próximo episódio estar pronto.
APROVEITEM
*Fanzine é uma abreviação de fanatic magazine. Fanzine é, portanto, uma revista editada por um fan (fã, em português). Trata-se de uma publicação despretensiosa, eventualmente sofisticada no aspecto gráfico, dependendo do poder econômico do respectivo editor (faneditor). Na sua maioria é livre de preconceitos engloba todo o tipo de temas em padrões experimentais.
quinta-feira, 16 de novembro de 2006
PASSADO: O puto de olhos verdes
Era um sábado, a luz do sol entrava pelo meu quarto e aquecia a manhã. Eu estava deitado, me libertando lentamente dos braços de Morfeu, quando minha mãe pediu que eu fosse ao centro da cidade para comprar-lhe a tintura que ela usa no cabelo. Deu-me o dinheiro. Recomendou-me a cor. 4.35. Loreal. Castanho dourado. E eu, como filho obediente e prestativo que sou, fui. Saí de casa, e o sol aqueceu minha pele recém resfriada por uma ducha. Coloquei meus óculos escuros e enfrentei a luz fulgurante do sol de Natal. Peguei um ônibus para o centro e desci junto da Catedral nova. Que é uma parada mais distante da que eu costumo descer quando vou ao centro. Por acaso. O destino? Gosto de pensar que o destino decide essas coisas por nós. Que às vezes ele nos protege ou arruma brincadeiras para tornar nossas vidas um pouco mais interessante fazendo a gente perder este ônibus ou aquele. Fazendo chegar cedo ou atrasado em certos lugares. Etc. Etc.
Eu pretendia ir as Lojas Americanas. Compraria a tintura de minha mãe e voltaria para casa. Seria rápido. E se possível não seria nem visto. Eu estava num daqueles dias que me enfio atrás de meus óculos escuros e dos meus fones de ouvido. Que fico observando o mundo de fora, e quero ser percebido o menos possível. Mas, o destino tinha seus próprios planos. Enquanto eu caminhava para loja, percebi um lindo homem atrás de mim. Era moreno com pele de bronze, lembrava, com quase 1,80 de altura e com um corpo atlético, uma estátua de Rodin. Forte. Bonito. E rude. Mas quebrando esta rudeza, reinando do alto, os olhos verdes mais lindos que já vi. Olhos profundos. Que me seguiam. Que me sugavam. Que me queriam pra ele.
Continuei meu caminho, claro, olhando de vem em quando para ele, mas sem nenhuma outra intenção. Era muita areia pro meu caminhãozinho. Eu imaginava: "Quem sou eu para sonhar alguma coisa com ele". Reparei na roupa que ele usava: um abadá de micareta e uma bermuda surf wear. Reparei que a roupa não combinava com a beleza que ele tinha. E acabei me assustando quando percebi que ele estava se aproximando, e parecia que pretendia falar comigo.
Todavia, quando ele chegou quase do meu lado, eu cruzei com um primo meu e sua esposa. Educadamente, eu parei pra falar com eles. Trocamos notícias. E enquanto falávamos, o rapaz passou por mim. Não olhou para mim (o que não me surpreendeu) e começou a se afastar. É óbvio que desisti de algo que nem tinha acontecido assim que parei pra falar com meu primo. Mas como meu primo logo me dispensou, dizendo estar atrasado, eu pensei que poderia alcançar o cara, seria uma bela paisagem para curtir até chegar a loja. Aí comecei a fantasiar. Sou bobo. Admito. Mas não durou muito. Achei que poderíamos nos conhecer, quem sabe até uma história romântica.
Continuei andando. Como ele tinha passado por mim e eu não fiquei muito tempo falando com meu primo, logo eu fui agraciado com a visão magnífica: a da bunda do cara. Linda. Redondinha! Gostosa!! Uma escultura feita pela mão de Deus, sem sombra de dúvida. Na verdade, aquela visão me fez esquecer tudo o que estava em volta. Sinceramente não lembro de nada além da imagem daquela escultura. Nada. Absolutamente nada.
Mas, amigos, imaginem o meu susto quando percebi que esse deus estava retardando o passo ao me ver se aproximar. E quando chegou perto o suficiente. Meu coração explodindo na garganta. Ele se virou e se apresentou: William. Ele era lindo. Uma voz macia. Um olhar carente e profundo. Fui tragado por aqueles olhos verdes. Eu me perdia naqueles espelhos.
E aí seguimos até as lojas Americanas. Com ele conversando comigo. Percebi pelo seu sotaque que não era de Natal. Ele contou sobre ele. Que vinha de Campina Grande e ía tentar a sorte em Natal. Tinha um irmão militar na cidade, mais velho. Contou sua idade, 22 anos. E sorria para mim. Sorria aquele sorriso verde dos olhos dele.
Continuamos até as Americanas. E eu achei que ele ía continuar o caminho dele. Mas ele parou. Acompanhou-me até a loja. Esperou-me procurar o que eu tinha pra comprar. Conversávamos bobagens dentro da loja. Parecíamos amigos. Ele falou que estava indo encontrar com seu irmão no porto. Eu falei que ele ía acabar se atrasando, mas ele disse que eu era um bom motivo para o atraso. Eu ri com o galanteio. Enquanto eu ficava com ele, descobri que ele era um grande sedutor. Todos os gestos dele me envolviam. Todas as atenções dele eram pra mim. Que homem!
Depois saímos da loja. Sem a tintura que eu ía comprar. Não achei a nuance que minha mãe queria. Sentamos na frente do Banco do Brasil, e ficamos conversando. Na verdade um clima começou a se instalar e a excitação a tomar conta de nossos corpos. As pessoas na rua não eram mais que vultos sem forma. Apenas eu e ele existíamos. Foi quando William tomou a ofensiva e perguntou se eu sabia onde tinha uma pousada ou um motel onde poderíamos ficar mais a vontade. E eu falei que não conhecia nenhuma. Ele falou que próximo ao porto deveríam ter algumas. Imaginei que o nível não deveria ser dos melhores e acabei dando a desculpa de que não tinha dinheiro ali comigo. E ele falou uma frase que nunca esqueci. "Como você pretende sair com um cara sem dinheiro no bolso?!?". Meus brios se morderam. Meu orgulho foi ofendido. Eu parecia Apolo ofendido pela música de Mársias. E eu disse que poderia passar no banco. Ele então falou que conhecia algumas pousadas, mas não sabia quanto era a diária, ele então propôs que poderia ir a pousada saber o preço da diária, enquanto eu iria no banco.
Fizemos isso. Retirei o dinheiro. Ele foi a pousada. Encontramo-nos na porta do banco. E ele ainda me envolvendo com aquela magia verde lembrou que tinha que comprar camisinha, e foi na farmácia.
De lá, seguimos para a pousada. Passamos pelas ruelas da Ribeira. E eu senti todos os olhares sobre mim como se soubessem o que estava por acontecer. Chegamos na pousada, e ele reservou um quarto. Um outro casal deixava a mesma pousada. E dois rapazes perguntavam quanto era a diária, tentando disfarçar suas reais intenções que o sorriso quase maligno da recepcionista deixava óbvio. William não se importou. Pelou a chave, e me chamou carinhosamente. Ainda disse aos rapazes os preços, que ele havia perguntado anteriormente. O sorriso maléfico da recepcionista continuava lá. E eu me enterrei o máximo que pude atrás dos meus óculos escuros.
Entramos no quarto e nada foi diferente do que eu esperava. Uma cama coberta por um colchão velho e lençóis baratos. Duas toalhas velhas, duras e ásperas. Uma tv presa na parede, um lavabo e um banheiro. Sem porta. William começou a se despir e deitou-se na cama. Eu o acompanhei. Ele me beijou com fervor e vontade, e me convidou pra ir tomar um banho. Aceitei. Água estava gelada. Os sabonetes não tinham cheiro algum. Nem espuma faziam. O banho acabou. E só quando o vi usando as toalhas, que percebi no que me metera. Tive de usa-las, e senti sua aspereza contra minha pele. Mas logo, William tomou a toalha de minha mão, e com uma delicadeza que era só dele, enxugou meu corpo.
Naquele fim de manhã eu tive o melhor sexo da minha vida. Sem a menor sombra de dúvida. Mas no fim tive que pagá-lo, o que admito, não foi nada agradável. Nem um pouco. Foi degradante. Não para ele. Para ele, depois percebi, este tipo de relacionamento só poderia acontecer mediante a presença do metal. Mas eu me senti mal. Por causa da pobreza daquele quarto. Por causa da pobreza de alma que eu sentia em William. Porque joguei o dinheiro na cama, como se eu saísse de um bordel, e ele lançou-se sobre ele como um cão sobre o osso. Acho que me senti mal porque eu desejei do fundo do coração que aquele homem tão perfeito tivesse se interessado em mim, mas, no fim, ele só viu a minha carteira.
Eu pretendia ir as Lojas Americanas. Compraria a tintura de minha mãe e voltaria para casa. Seria rápido. E se possível não seria nem visto. Eu estava num daqueles dias que me enfio atrás de meus óculos escuros e dos meus fones de ouvido. Que fico observando o mundo de fora, e quero ser percebido o menos possível. Mas, o destino tinha seus próprios planos. Enquanto eu caminhava para loja, percebi um lindo homem atrás de mim. Era moreno com pele de bronze, lembrava, com quase 1,80 de altura e com um corpo atlético, uma estátua de Rodin. Forte. Bonito. E rude. Mas quebrando esta rudeza, reinando do alto, os olhos verdes mais lindos que já vi. Olhos profundos. Que me seguiam. Que me sugavam. Que me queriam pra ele.
Continuei meu caminho, claro, olhando de vem em quando para ele, mas sem nenhuma outra intenção. Era muita areia pro meu caminhãozinho. Eu imaginava: "Quem sou eu para sonhar alguma coisa com ele". Reparei na roupa que ele usava: um abadá de micareta e uma bermuda surf wear. Reparei que a roupa não combinava com a beleza que ele tinha. E acabei me assustando quando percebi que ele estava se aproximando, e parecia que pretendia falar comigo.
Todavia, quando ele chegou quase do meu lado, eu cruzei com um primo meu e sua esposa. Educadamente, eu parei pra falar com eles. Trocamos notícias. E enquanto falávamos, o rapaz passou por mim. Não olhou para mim (o que não me surpreendeu) e começou a se afastar. É óbvio que desisti de algo que nem tinha acontecido assim que parei pra falar com meu primo. Mas como meu primo logo me dispensou, dizendo estar atrasado, eu pensei que poderia alcançar o cara, seria uma bela paisagem para curtir até chegar a loja. Aí comecei a fantasiar. Sou bobo. Admito. Mas não durou muito. Achei que poderíamos nos conhecer, quem sabe até uma história romântica.
Continuei andando. Como ele tinha passado por mim e eu não fiquei muito tempo falando com meu primo, logo eu fui agraciado com a visão magnífica: a da bunda do cara. Linda. Redondinha! Gostosa!! Uma escultura feita pela mão de Deus, sem sombra de dúvida. Na verdade, aquela visão me fez esquecer tudo o que estava em volta. Sinceramente não lembro de nada além da imagem daquela escultura. Nada. Absolutamente nada.
Mas, amigos, imaginem o meu susto quando percebi que esse deus estava retardando o passo ao me ver se aproximar. E quando chegou perto o suficiente. Meu coração explodindo na garganta. Ele se virou e se apresentou: William. Ele era lindo. Uma voz macia. Um olhar carente e profundo. Fui tragado por aqueles olhos verdes. Eu me perdia naqueles espelhos.
E aí seguimos até as lojas Americanas. Com ele conversando comigo. Percebi pelo seu sotaque que não era de Natal. Ele contou sobre ele. Que vinha de Campina Grande e ía tentar a sorte em Natal. Tinha um irmão militar na cidade, mais velho. Contou sua idade, 22 anos. E sorria para mim. Sorria aquele sorriso verde dos olhos dele.
Continuamos até as Americanas. E eu achei que ele ía continuar o caminho dele. Mas ele parou. Acompanhou-me até a loja. Esperou-me procurar o que eu tinha pra comprar. Conversávamos bobagens dentro da loja. Parecíamos amigos. Ele falou que estava indo encontrar com seu irmão no porto. Eu falei que ele ía acabar se atrasando, mas ele disse que eu era um bom motivo para o atraso. Eu ri com o galanteio. Enquanto eu ficava com ele, descobri que ele era um grande sedutor. Todos os gestos dele me envolviam. Todas as atenções dele eram pra mim. Que homem!
Depois saímos da loja. Sem a tintura que eu ía comprar. Não achei a nuance que minha mãe queria. Sentamos na frente do Banco do Brasil, e ficamos conversando. Na verdade um clima começou a se instalar e a excitação a tomar conta de nossos corpos. As pessoas na rua não eram mais que vultos sem forma. Apenas eu e ele existíamos. Foi quando William tomou a ofensiva e perguntou se eu sabia onde tinha uma pousada ou um motel onde poderíamos ficar mais a vontade. E eu falei que não conhecia nenhuma. Ele falou que próximo ao porto deveríam ter algumas. Imaginei que o nível não deveria ser dos melhores e acabei dando a desculpa de que não tinha dinheiro ali comigo. E ele falou uma frase que nunca esqueci. "Como você pretende sair com um cara sem dinheiro no bolso?!?". Meus brios se morderam. Meu orgulho foi ofendido. Eu parecia Apolo ofendido pela música de Mársias. E eu disse que poderia passar no banco. Ele então falou que conhecia algumas pousadas, mas não sabia quanto era a diária, ele então propôs que poderia ir a pousada saber o preço da diária, enquanto eu iria no banco.
Fizemos isso. Retirei o dinheiro. Ele foi a pousada. Encontramo-nos na porta do banco. E ele ainda me envolvendo com aquela magia verde lembrou que tinha que comprar camisinha, e foi na farmácia.
De lá, seguimos para a pousada. Passamos pelas ruelas da Ribeira. E eu senti todos os olhares sobre mim como se soubessem o que estava por acontecer. Chegamos na pousada, e ele reservou um quarto. Um outro casal deixava a mesma pousada. E dois rapazes perguntavam quanto era a diária, tentando disfarçar suas reais intenções que o sorriso quase maligno da recepcionista deixava óbvio. William não se importou. Pelou a chave, e me chamou carinhosamente. Ainda disse aos rapazes os preços, que ele havia perguntado anteriormente. O sorriso maléfico da recepcionista continuava lá. E eu me enterrei o máximo que pude atrás dos meus óculos escuros.
Entramos no quarto e nada foi diferente do que eu esperava. Uma cama coberta por um colchão velho e lençóis baratos. Duas toalhas velhas, duras e ásperas. Uma tv presa na parede, um lavabo e um banheiro. Sem porta. William começou a se despir e deitou-se na cama. Eu o acompanhei. Ele me beijou com fervor e vontade, e me convidou pra ir tomar um banho. Aceitei. Água estava gelada. Os sabonetes não tinham cheiro algum. Nem espuma faziam. O banho acabou. E só quando o vi usando as toalhas, que percebi no que me metera. Tive de usa-las, e senti sua aspereza contra minha pele. Mas logo, William tomou a toalha de minha mão, e com uma delicadeza que era só dele, enxugou meu corpo.
Naquele fim de manhã eu tive o melhor sexo da minha vida. Sem a menor sombra de dúvida. Mas no fim tive que pagá-lo, o que admito, não foi nada agradável. Nem um pouco. Foi degradante. Não para ele. Para ele, depois percebi, este tipo de relacionamento só poderia acontecer mediante a presença do metal. Mas eu me senti mal. Por causa da pobreza daquele quarto. Por causa da pobreza de alma que eu sentia em William. Porque joguei o dinheiro na cama, como se eu saísse de um bordel, e ele lançou-se sobre ele como um cão sobre o osso. Acho que me senti mal porque eu desejei do fundo do coração que aquele homem tão perfeito tivesse se interessado em mim, mas, no fim, ele só viu a minha carteira.
terça-feira, 14 de novembro de 2006
Exercitando o exibicionismo
Depois de uma honrosa citação e de fotos tão... como poderei dizer... a palavra me escapa entre os lábios, ela pretende sibilar... acho que é essa mesmo... fotos tão deliciosas que o Trintinha postou (olhem a link ai do lado, Casa dos Trinta). Ainda dizendo que foi pra mim. Me senti obrigado a mostrar mais. Coisa que ele já havia me pedido antes. Mostrei o mesmo que ele. Caso queiram mais, o Trintinha vai ter que mostrar mais. Hehehehe.
Claro que se meu namorado ver isso... ele me esfola vivo. Ele já tinha visto essa foto, e não gostou nada da idéia de vê-la na net. Mas vocês prometem não contar né? Pra dizer a verdade, eu só estou postando essa foto porque ele não sabe da existência desse blog, afinal eu revelo coisas aqui que ele algumas vezes não deve saber... mas foi ele que me batizou de FOXX. Ele, no fundo, está envolvido com tudo isso.
Claro que se meu namorado ver isso... ele me esfola vivo. Ele já tinha visto essa foto, e não gostou nada da idéia de vê-la na net. Mas vocês prometem não contar né? Pra dizer a verdade, eu só estou postando essa foto porque ele não sabe da existência desse blog, afinal eu revelo coisas aqui que ele algumas vezes não deve saber... mas foi ele que me batizou de FOXX. Ele, no fundo, está envolvido com tudo isso.
quinta-feira, 9 de novembro de 2006
PRESENTE: Aventuras aventurescas
Após uma tediosa aula de Historiografia da Produção dos Espaços, ergui-me da sala e peguei minha mala que já havia preparado com três dias de atecedência. Ergui-me. Espreguicei-me. E Leilane me perguntou se eu estava chegando ou de partida. Gentilmente respondi que viajaria hoje ainda. "Estou indo agora pra rodoviária, Lê". Encaminhei-me até o ponto de ônibus, percebendo que teria muito tempo pra chegar na rodoviária, tinha comprado as passagens mais cedo para as 19h, tinha reservado as cadeiras 47 e 48. Lembrei então que ainda teria que encontrar Henrique no shopping. "Bom, assim eu aproveito e compro umas revistas e uma escova de dente". A gente sempre esquece algo quando arruma a mala. Peguei o circular do Campus, e sentei-me numa cadeira no meio do ônibus, liguei meu mp3 que tocava Chemical Brothers, e esperei o circular chegar ao ponto final ao lado do shopping que eu havia marcado, algumas horas antes com Henrique.
No shopping, dirigi-me primeiro a banca de revistas. Vasculhei a parte de quadrinhos procurando algo de interessante. Nenhuma das que costumo colecionar, X-Men, mas algumas relacionadas a mega saga que está sendo publicada agora, Dinastia M, mas pensei bem. Eu ía gastar tanto dinheiro nesta viagem, pra que uma revista que no fundo não me serviria de nada, que eu leria em 15 minutos ou 30 no máximo. Afinal dentro da minha bolsa estava Hell, e eu queria terminar aquele livro ainda aquela semana. Resolvi esperar Henrique apenas ouvindo música, o mp3 passeava agora entre músicas de Miss Eliot e Sean Paul. Sentei a uma distância que podia observar a parada que Henrique iria descer e fiquei observando o movimento, as pessoas indo e vindo, algumas belezas estranhas, outras pessoas nada belas, todas seguindo sua vida, conforme a luz do sol se despedia.
Atrazado meia hora, Henrique chegou. Ansioso, precisando de um cigarro, como ele sempre chega quando desce de um ônibus. "Não temos tempo amigo, quem mandou chegar tarde". Logo o outro ônibus que nos levaria a rodoviária chega. Eu percebo que estou com fome. Comento isso. Cronomêtramos o tempo para tentar comer algo antes de embarcar. E já estamos dentro do ônibus. Sentamos um de frente para o outro. Mas logo uma cadeira fica vaga e sentamos um de lado para o outro. A duas cadeiras do cobrador. Ainda na frente do ônibus. Vamos rindo e conversando. Alguns telefonemas são atendidos. Confirmamos que estamos indo. Recebemos a notícia que teremos que pagar mais caro pela pousada porque todas as outras estão lotadas. Ao mesmo tempo que nos entristecemos porque teremos que pagar mais caro, ficamos felizes porque agora sabemos que a cidade está lotada de gente de fora.
Chegamos na rodoviária. Localizamos nossa plataforma de embarque e olhamos para o relógio. Ainda dá tempo de um lanche e de tirar dinheiro para a viagem. Mas antes quero dar uma passada no banheiro. Banheiro. Espelho. Nota mental: meu cabelo continua caindo. Elogio mental: nem tô tão gordo assim. Vamos tirar dinheiro. R$ 150, 00. Acho que dá pra nós dois durante o fim de semana. Qualquer coisa levo meus cartões. Vamos comer. Eu peço um enroladinho (adoro salcicha) e um nescau prontinho, Henrique pede um pastel de forno e um refrigerante. Ele que paga. Adoro que paguem pra mim. Mas fui eu que comprei as passagens. Ele nem tem coragem de recusar. Comendo ainda, percebemos que as pessoas já estão entrando no ônibus. Terminamos nosso lache e subimos para encontrar nossos lugares.
Entramos. Rindo. Conversando. Encontramos nossos lugares e quando olho pra baixo encontro uma menina sentada em um deles. Henrique não sabe o que fazer. Eu muito menos. Ela olha pra nós como se não soubesse o que está acontecendo. A senhora ao nosso lado olha pra mim e em seu olhar está a explicação de tudo. A empresa vendeu assentos em pé, esta menina não tem um lugar marcado. Ela deveria viajar em pé, ou sentar-se caso alguém desistisse. Mas eu não queria me estressar. Henrique sentou-se do lado da menina. Eu sentei atrás. Cadeira 51. O rapaz que estava sentado do meu lado, então, vendo a situação ofereceu-se pra trocar de lugar com Henrique. Eu declinei num primeiro instante, eu tinha esperança que a menina se tocasse, mas ela não pretendia, então eu pedi ao rapaz que trocasse de lugar, se ele não se incomodasse. "Claro que não".
Lugares trocados já a caminho de nosso destino. Primeira parada ainda dentro de Natal. Sobem algumas pessoas que ocupam os ultimos lugares vazios. A maioria fica de pé. Todas se deslocam pro fundo do ônibus. Segunda parada ainda em Natal, aí mais algumas pessoas sobem, desta vez ficando em pé na parte dianteira do ônibus. O cobrador ainda não passara recolhendo e checando as passagens. E eu já havia me tranquilizado porque os donos das cadeiras que ocupávamos indevidamente com certeza não apareceriam. Eu já estava com o texto ensaiado pra expulsar aquela menina do lugar dela. "Sua rashinha..." era como começava. Ia baixar a bicha com certeza! Uma bicha barraqueira!!
Só que de repente, ouvimos um estampido. Eu olho pra fora. Achava que era um pneu. Uma pedra. Um traque e quando olho pra dentro do ônibus vejo as pessoas se jogando no chão. Meu primeiro pensamento foi como as pessoas são bobas, provavelmente eram crianças brincando na rua, mas em seguida eu vejo um cara, magro, de estatura mediana, negro, com cavanhaque, armado com um revolver. Logo por trás dele se formam mais outros vultos, tão magros quanto, mas de pele mais clara, um com outra arma de fogo, e outro armado com o que eu viria a perceber depois que era uma faca.
Não consigo raciocinar muito bem. Mas vejo Henrique escondendo o celular e a carteira dele dentro da cueca. Repito o gesto inconscientemente. Ouço pela primeira vez a voz do ladrão ordenando que passemos tudo. Carteiras, bolsas, celulares. Ele gritam. Agitam as armas. Dizem que alguém vai morrer ali se ninguém cooperar. As pessoas passam os celulares. Carteiras. Eu fico quieto. Não consigo me mexer. Só imagino que se ele chegar perto da gente, vai desconfiar de nem eu, nem Henrique termos celulares nem carteiras. Fico com medo dessa possiblidade e começo a inventar desculpas que nenhuma parece ser convincente. Imagino que Henrique pode dar a carteira dele. Sei que ele não tem muito dinheiro na carteira. Ao contrário de mim. Nosso dinheiro estava comigo. Meus cartões, caso perdessemos o dinheiro, estava comigo. Mas ele se recusa. Mas também logo percebo que por causa das pessoas em pé, os ladrões não podem chegar muito próximo da gente, eles apenas mandam que passemos tudo, e eu finjo que sou invisível.
As carteiras, bolsas e celulares acabam. Mas os ladrões não querem descer. Dizem pro motorista continuar andando. Agora eles pedem relogios e joias. Olho pro meu pulso e só tenho algumas pulseiras de contas. Nem lembro da existência de meu piercing nesta hora. Mas pensando bem eu não consigo tirar quando estou calmo, imagino nervoso como o ar estava ali. Pai nosso que estás no céu. O ônibus cheirava a tensão. Santificado seja o vosso nome. E ar ficava mais pesado conforme se ouvia baixinho, múrmurios de choros, gritos de crianças apavoradas e orações. Venha nós ao vosso reino. E os ladrões andam por cima das costas das pessoas que se abaixam amedrontadas nas cadeiras. Seja feita a vossa vontade. Agora que o único ladrão que estava sem arma de fogo fala pela primeira vez. Assim na terra como no céu. Grita pra que um rapaz passe-lhe a aliança. O rapaz apanha. O primeiro ladrão. O negro. Grita que eles têm que descer. Eles correm para frente do ônibus. Levam sacolas cheias. As pessoas ainda se mantêm tensas. Eles descem. O ônibus parte.
E do ônibus, contra os ladrões, são disparados três tiros. Pelo rapaz que trocou de lugar com Henrique. Do lado da minha janela. Eu vi a arma. E fiquei encantado pelo fogo do disparo. Parece que o tempo parou naquele instante.
No shopping, dirigi-me primeiro a banca de revistas. Vasculhei a parte de quadrinhos procurando algo de interessante. Nenhuma das que costumo colecionar, X-Men, mas algumas relacionadas a mega saga que está sendo publicada agora, Dinastia M, mas pensei bem. Eu ía gastar tanto dinheiro nesta viagem, pra que uma revista que no fundo não me serviria de nada, que eu leria em 15 minutos ou 30 no máximo. Afinal dentro da minha bolsa estava Hell, e eu queria terminar aquele livro ainda aquela semana. Resolvi esperar Henrique apenas ouvindo música, o mp3 passeava agora entre músicas de Miss Eliot e Sean Paul. Sentei a uma distância que podia observar a parada que Henrique iria descer e fiquei observando o movimento, as pessoas indo e vindo, algumas belezas estranhas, outras pessoas nada belas, todas seguindo sua vida, conforme a luz do sol se despedia.
Atrazado meia hora, Henrique chegou. Ansioso, precisando de um cigarro, como ele sempre chega quando desce de um ônibus. "Não temos tempo amigo, quem mandou chegar tarde". Logo o outro ônibus que nos levaria a rodoviária chega. Eu percebo que estou com fome. Comento isso. Cronomêtramos o tempo para tentar comer algo antes de embarcar. E já estamos dentro do ônibus. Sentamos um de frente para o outro. Mas logo uma cadeira fica vaga e sentamos um de lado para o outro. A duas cadeiras do cobrador. Ainda na frente do ônibus. Vamos rindo e conversando. Alguns telefonemas são atendidos. Confirmamos que estamos indo. Recebemos a notícia que teremos que pagar mais caro pela pousada porque todas as outras estão lotadas. Ao mesmo tempo que nos entristecemos porque teremos que pagar mais caro, ficamos felizes porque agora sabemos que a cidade está lotada de gente de fora.
Chegamos na rodoviária. Localizamos nossa plataforma de embarque e olhamos para o relógio. Ainda dá tempo de um lanche e de tirar dinheiro para a viagem. Mas antes quero dar uma passada no banheiro. Banheiro. Espelho. Nota mental: meu cabelo continua caindo. Elogio mental: nem tô tão gordo assim. Vamos tirar dinheiro. R$ 150, 00. Acho que dá pra nós dois durante o fim de semana. Qualquer coisa levo meus cartões. Vamos comer. Eu peço um enroladinho (adoro salcicha) e um nescau prontinho, Henrique pede um pastel de forno e um refrigerante. Ele que paga. Adoro que paguem pra mim. Mas fui eu que comprei as passagens. Ele nem tem coragem de recusar. Comendo ainda, percebemos que as pessoas já estão entrando no ônibus. Terminamos nosso lache e subimos para encontrar nossos lugares.
Entramos. Rindo. Conversando. Encontramos nossos lugares e quando olho pra baixo encontro uma menina sentada em um deles. Henrique não sabe o que fazer. Eu muito menos. Ela olha pra nós como se não soubesse o que está acontecendo. A senhora ao nosso lado olha pra mim e em seu olhar está a explicação de tudo. A empresa vendeu assentos em pé, esta menina não tem um lugar marcado. Ela deveria viajar em pé, ou sentar-se caso alguém desistisse. Mas eu não queria me estressar. Henrique sentou-se do lado da menina. Eu sentei atrás. Cadeira 51. O rapaz que estava sentado do meu lado, então, vendo a situação ofereceu-se pra trocar de lugar com Henrique. Eu declinei num primeiro instante, eu tinha esperança que a menina se tocasse, mas ela não pretendia, então eu pedi ao rapaz que trocasse de lugar, se ele não se incomodasse. "Claro que não".
Lugares trocados já a caminho de nosso destino. Primeira parada ainda dentro de Natal. Sobem algumas pessoas que ocupam os ultimos lugares vazios. A maioria fica de pé. Todas se deslocam pro fundo do ônibus. Segunda parada ainda em Natal, aí mais algumas pessoas sobem, desta vez ficando em pé na parte dianteira do ônibus. O cobrador ainda não passara recolhendo e checando as passagens. E eu já havia me tranquilizado porque os donos das cadeiras que ocupávamos indevidamente com certeza não apareceriam. Eu já estava com o texto ensaiado pra expulsar aquela menina do lugar dela. "Sua rashinha..." era como começava. Ia baixar a bicha com certeza! Uma bicha barraqueira!!
Só que de repente, ouvimos um estampido. Eu olho pra fora. Achava que era um pneu. Uma pedra. Um traque e quando olho pra dentro do ônibus vejo as pessoas se jogando no chão. Meu primeiro pensamento foi como as pessoas são bobas, provavelmente eram crianças brincando na rua, mas em seguida eu vejo um cara, magro, de estatura mediana, negro, com cavanhaque, armado com um revolver. Logo por trás dele se formam mais outros vultos, tão magros quanto, mas de pele mais clara, um com outra arma de fogo, e outro armado com o que eu viria a perceber depois que era uma faca.
Não consigo raciocinar muito bem. Mas vejo Henrique escondendo o celular e a carteira dele dentro da cueca. Repito o gesto inconscientemente. Ouço pela primeira vez a voz do ladrão ordenando que passemos tudo. Carteiras, bolsas, celulares. Ele gritam. Agitam as armas. Dizem que alguém vai morrer ali se ninguém cooperar. As pessoas passam os celulares. Carteiras. Eu fico quieto. Não consigo me mexer. Só imagino que se ele chegar perto da gente, vai desconfiar de nem eu, nem Henrique termos celulares nem carteiras. Fico com medo dessa possiblidade e começo a inventar desculpas que nenhuma parece ser convincente. Imagino que Henrique pode dar a carteira dele. Sei que ele não tem muito dinheiro na carteira. Ao contrário de mim. Nosso dinheiro estava comigo. Meus cartões, caso perdessemos o dinheiro, estava comigo. Mas ele se recusa. Mas também logo percebo que por causa das pessoas em pé, os ladrões não podem chegar muito próximo da gente, eles apenas mandam que passemos tudo, e eu finjo que sou invisível.
As carteiras, bolsas e celulares acabam. Mas os ladrões não querem descer. Dizem pro motorista continuar andando. Agora eles pedem relogios e joias. Olho pro meu pulso e só tenho algumas pulseiras de contas. Nem lembro da existência de meu piercing nesta hora. Mas pensando bem eu não consigo tirar quando estou calmo, imagino nervoso como o ar estava ali. Pai nosso que estás no céu. O ônibus cheirava a tensão. Santificado seja o vosso nome. E ar ficava mais pesado conforme se ouvia baixinho, múrmurios de choros, gritos de crianças apavoradas e orações. Venha nós ao vosso reino. E os ladrões andam por cima das costas das pessoas que se abaixam amedrontadas nas cadeiras. Seja feita a vossa vontade. Agora que o único ladrão que estava sem arma de fogo fala pela primeira vez. Assim na terra como no céu. Grita pra que um rapaz passe-lhe a aliança. O rapaz apanha. O primeiro ladrão. O negro. Grita que eles têm que descer. Eles correm para frente do ônibus. Levam sacolas cheias. As pessoas ainda se mantêm tensas. Eles descem. O ônibus parte.
E do ônibus, contra os ladrões, são disparados três tiros. Pelo rapaz que trocou de lugar com Henrique. Do lado da minha janela. Eu vi a arma. E fiquei encantado pelo fogo do disparo. Parece que o tempo parou naquele instante.
segunda-feira, 6 de novembro de 2006
PASSADO: Entre amores reais e virtuais: separando o joio do trigo
Li o post do Ouriço e me inspirei. Quero contar como me apaixonei por duas pessoas através da net. E como estas duas estórias tiveram fins bem diferentes.
O mineiro: Conheci Pedro em um dia de domingo. Estava na net, e meu melhor amigo me apresentou ele. Felipe estava apaixonado por Pedro. Completamente. Ele realmente era apaixonante. Inteligente. Viajado. Falava inglês e francês. Era jornalista e trabalhava como relações públicas no Rio de Janeiro. E era lindo. Fisicamente muito bonito. Musculoso, olhos castanhos, cabelo curto, e uma tatuagem de Nossa Senhora de Guadalupe no braço direito. Comecei a conversar com Pedro. Falávamos em inglês na maior parte do tempo. Descobrimos coisas em comum. Até que um dia, que ele virou pra mim e disse que estava interessado em mim. Ao mesmo tempo, Felipe marcava com ele de encontra-lo. Felipe me dizia que ele viria a Natal para vê-lo. E naquela hora, Pedro me disse que não estava mais interessado em Felipe e sim em mim. Fiquei chocado. Perguntava porquê. Mas ele falou que a coisa ficou desinteressante. "E eu sou mais interessante por acaso?", eu perguntei. Ele disse que sim. "Muito mais. Mais bonito e mais interessante".
Aí, ele passou a tentar me seduzir. E eu passei a dormir cada vez mais tarde esperando por Pedro. Ele dizia que só entrava na net pra falar comigo. E eu comecei a escrever no meu flog poesias pra ele. Todas em inglês. Ele entao começou a dizer que viria morar em Natal. Ele tinha mesmo um espirito aventureiro deste gabarito. Nasceu em Minas, mas logo mudou-se para Floripa, assim que terminou a faculdade. Depois conheceu um homem com que se casou, e por causa deste casamento mudou-se para o Rio. O marido dele passou num programa de pós-graduação e ele foi junto. Contudo, segundo ele, o Rio de Janeiro fez mal ao casamento deles. E eles se separaram. Ele então começou a dizer que viria a Natal. Morar e trabalhar aqui. Namoraríamos. Eu ajudaria ele a decorar o apartamento dele. Eu teria uma chave do apartamento dele. Ficaríamos juntos. Ele marcou o dia que viria a Natal. E eu sonhei. Sonhei com esse dia. Sonhei com toda essa vida que ele me propunha.
Ele marcou então o dia que ele viria a Natal. Disse a hora. O hotel. O apartamento. Mas no dia, nada! Ai, pouco tempo depois, eu soube que a foto não era dele. Pouco tempo depois, eu soube que ele nunca pretendeu largar toda a vida dele. Que ele morava com os pais em Juiz de Fora. E era desempregado. Como eu soube? A verdade sempre vem a tona. Cedo ou tarde.
O caicoense: Conheci meu BB através do Orkut. Ele me adicionou. Demorou a travar um diálogo que eu que comecei. Passamos ao MSN. Começamos a conversar e eu soube toda a história dele. Toda a vida de sofrimento que aquele menino tinha passado. O namoro dele que foi descoberto pelos pais do namorado. E fizeram com que toda a cidade dele se voltasse contra ele. Que o causou uma depressão que foi tratada com remédios. Que fez com que os pais do namorado o ameaçassem de morte. E fez com que ele fosse morar com a irmã em outra cidade e estado, Souza, na Paraíba. Apiedei-me tanto. Queria protegê-lo de tanto mal. Me apaixonei. Passei a falar com ele todos os dias pela internet. E no fim de semana no telefone (usando os serviços Oi 31 anos). Um mês e duas semanas depois. Conheci-o em Caicó. Me abalei da minha cidade para conhecê-lo e não me arrependi. Agora estamos namorando. E estou completamente apaixonado.
Moral da estória: Relacionamentos virtuais têm seus problemas. Eles têm uma grande probabilidade de serem baseados em mentiras. Muitas pessoas interessantissimas que você conhecerá na net são apenas personagens inventados por alguém que não tinha muito o que fazer numa tarde de domingo. Porém, em alguns casos, você pode conhecer pessoas maravilhosas. No entanto, para separar o joio do trigo, é necessário que o virtual se torne real. Vozes precisam ser ouvidas. Mãos precisam ser tocadas. Olhos precisam ser sentidos. Depois disso, podemos avaliar essas pessoas que conhecemos que nos parecem ser tão maravilhosas. Mas que... desculpem a sinceridade... precisam de um pouco de desconfiança, inclusive eu mesmo (com excessão de Marcelo Ribeiro, porque ele pode falar a verdade ou mentir pra mim, que eu deixo).
O mineiro: Conheci Pedro em um dia de domingo. Estava na net, e meu melhor amigo me apresentou ele. Felipe estava apaixonado por Pedro. Completamente. Ele realmente era apaixonante. Inteligente. Viajado. Falava inglês e francês. Era jornalista e trabalhava como relações públicas no Rio de Janeiro. E era lindo. Fisicamente muito bonito. Musculoso, olhos castanhos, cabelo curto, e uma tatuagem de Nossa Senhora de Guadalupe no braço direito. Comecei a conversar com Pedro. Falávamos em inglês na maior parte do tempo. Descobrimos coisas em comum. Até que um dia, que ele virou pra mim e disse que estava interessado em mim. Ao mesmo tempo, Felipe marcava com ele de encontra-lo. Felipe me dizia que ele viria a Natal para vê-lo. E naquela hora, Pedro me disse que não estava mais interessado em Felipe e sim em mim. Fiquei chocado. Perguntava porquê. Mas ele falou que a coisa ficou desinteressante. "E eu sou mais interessante por acaso?", eu perguntei. Ele disse que sim. "Muito mais. Mais bonito e mais interessante".
Aí, ele passou a tentar me seduzir. E eu passei a dormir cada vez mais tarde esperando por Pedro. Ele dizia que só entrava na net pra falar comigo. E eu comecei a escrever no meu flog poesias pra ele. Todas em inglês. Ele entao começou a dizer que viria morar em Natal. Ele tinha mesmo um espirito aventureiro deste gabarito. Nasceu em Minas, mas logo mudou-se para Floripa, assim que terminou a faculdade. Depois conheceu um homem com que se casou, e por causa deste casamento mudou-se para o Rio. O marido dele passou num programa de pós-graduação e ele foi junto. Contudo, segundo ele, o Rio de Janeiro fez mal ao casamento deles. E eles se separaram. Ele então começou a dizer que viria a Natal. Morar e trabalhar aqui. Namoraríamos. Eu ajudaria ele a decorar o apartamento dele. Eu teria uma chave do apartamento dele. Ficaríamos juntos. Ele marcou o dia que viria a Natal. E eu sonhei. Sonhei com esse dia. Sonhei com toda essa vida que ele me propunha.
Ele marcou então o dia que ele viria a Natal. Disse a hora. O hotel. O apartamento. Mas no dia, nada! Ai, pouco tempo depois, eu soube que a foto não era dele. Pouco tempo depois, eu soube que ele nunca pretendeu largar toda a vida dele. Que ele morava com os pais em Juiz de Fora. E era desempregado. Como eu soube? A verdade sempre vem a tona. Cedo ou tarde.
O caicoense: Conheci meu BB através do Orkut. Ele me adicionou. Demorou a travar um diálogo que eu que comecei. Passamos ao MSN. Começamos a conversar e eu soube toda a história dele. Toda a vida de sofrimento que aquele menino tinha passado. O namoro dele que foi descoberto pelos pais do namorado. E fizeram com que toda a cidade dele se voltasse contra ele. Que o causou uma depressão que foi tratada com remédios. Que fez com que os pais do namorado o ameaçassem de morte. E fez com que ele fosse morar com a irmã em outra cidade e estado, Souza, na Paraíba. Apiedei-me tanto. Queria protegê-lo de tanto mal. Me apaixonei. Passei a falar com ele todos os dias pela internet. E no fim de semana no telefone (usando os serviços Oi 31 anos). Um mês e duas semanas depois. Conheci-o em Caicó. Me abalei da minha cidade para conhecê-lo e não me arrependi. Agora estamos namorando. E estou completamente apaixonado.
Moral da estória: Relacionamentos virtuais têm seus problemas. Eles têm uma grande probabilidade de serem baseados em mentiras. Muitas pessoas interessantissimas que você conhecerá na net são apenas personagens inventados por alguém que não tinha muito o que fazer numa tarde de domingo. Porém, em alguns casos, você pode conhecer pessoas maravilhosas. No entanto, para separar o joio do trigo, é necessário que o virtual se torne real. Vozes precisam ser ouvidas. Mãos precisam ser tocadas. Olhos precisam ser sentidos. Depois disso, podemos avaliar essas pessoas que conhecemos que nos parecem ser tão maravilhosas. Mas que... desculpem a sinceridade... precisam de um pouco de desconfiança, inclusive eu mesmo (com excessão de Marcelo Ribeiro, porque ele pode falar a verdade ou mentir pra mim, que eu deixo).